No folclore político, sempre se diz que todos sabem como as CPIs começam, mas ninguém tem controle sobre seu desfecho. Há controvérsias, pois algumas delas são peças anunciadas desde o seu início. Quando o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi investigado, já era possível conhecer a conclusão dos trabalhos da comissão. Ninguém foi condenado, salvo o próprio, mesmo assim, pela instância judicial, que fez a sua parte.
Agora, quando o país assiste estupefato às constantes denúncias de ilícitos levantadas pela operação “Lava jato”, o relatório do deputado Luiz Henrique (PT-RJ) sobre o mesmo tema é uma peça com visão míope, própria de quem não quer enxergar o que lhe ocorre em volta. Ele conseguiu deixar os políticos à margem das denúncias, apontando apenas pessoas jurídicas como responsáveis pelas mazelas que ora ocupam o debate pelo país afora. Ao contrário, se depender do parlamentar, os políticos são vítimas da sanha das empreiteiras.
O dano colateral desse tipo de investigação é a sua insistência em ignorar o que as ruas já sabem: não há corruptor sem o corrupto, e vice-versa. Os crimes apontados pela ação da Polícia Federal e do Ministério Público são resultado do jogo de interesses que perpassa as relações entre público e privado. As acusações que ora pesam sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, são suficientes para mostrar a distorção da CPI que cumpriu o papel único de colocar a Câmara num patamar abaixo, por adotar o corporativismo barato, não contribuindo em nada para o aperfeiçoamento das instituições.