Falta o setor privado
Inauguração do Ginásio Poliesportivo e adequação do Estádio Municipal criam para os clubes plenas condições para ingressarem nas competições nacionais. Terão, no entanto, que fazer a sua parte
Foram 18 anos de espera, mas o Ginásio Poliesportivo de Juiz de Fora, que recebeu o nome do jornalista Antônio Marcos – um entusiasta das atividades esportivas da cidade – finalmente tornou-se realidade na última sexta-feira. O espaço irá receber competições esportivas e eventos culturais, como destacou a prefeita Margarida Salomão no discurso de inauguração. Ela ressaltou, ainda, que a Cesama será uma das patrocinadoras do JF Vôlei, equipe que disputou na elite do voleibol e tenta voltar à competição nacional no ano que vem.
A inauguração do Ginásio complementa o complexo esportivo Moacyr Toledo (Toledinho), que comporta também o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio (outro ferrenho defensor das atividades esportivas, especialmente as de viés amador). A cidade, agora, conta com um estádio apto a receber grandes competições, desde que sejam feitas atualizações, e um ginásio poliesportivo capaz de abrir competições nacionais e internacionais.
Dito isso, abre-se margem para uma nova questão. Com dois espaços de tamanha relevância, as equipes da cidade também precisam fazer a sua parte, a fim de justificar o empenho público na construção de tais praças esportivas. Quando inaugurou o Estádio, no final de seu primeiro mandato, no dia 30 de outubro de 1988, o então prefeito Tarcísio Delgado estava convencido de que Juiz de Fora teria meios de entrar no circuito nacional de futebol, uma vez que as equipes locais tinham, agora, um estádio à altura de tais competições. Isso, no entanto, não aconteceu. Os tradicionais Tupi, Sport e Tupynambás não fizeram o seu papel.
Por sua vez, ao anunciar o apoio da Cesama ao JF Vôlei, a prefeita Margarida Salomão sinalizou para a necessidade de outros setores também adotarem a mesma medida, pois, só assim, será possível as equipes da cidade, nas mais diversas modalidades, ingressarem no mundo dos esportes de alto rendimento.
A questão fica em aberto em torno da administração dos clubes. Muitos empresários até topariam participar de tais projetos desde que obtivessem plena garantia de boa gestão. Tupi e Tupinambás, especialmente, estiveram envolvidos em discussões internas e externas sobre como as duas equipes eram dirigidas, já que, a despeito de investimento financeiro, não houve confirmação real na implementação do futebol. O Tupi chegou a ter um presidente preso em decorrência de dúvidas na gestão.
A situação do vôlei é diferente. Esta, sim, por falta de recursos e investimentos, teve sua atuação comprometida no cenário nacional ante a dificuldade de grandes contratações.
O desafio é recuperar a confiança dos investidores, único meio possível para o projeto avançar. Uma das questões passa pela dissociação dos quadros sociais do esporte, mas trata-se de uma discussão a ser conduzida pelos próprios dirigentes, por conhecerem os bastidores de suas agremiações.
O apoio da Cesama foi o primeiro passo, restando, agora, os clubes também se organizarem para fazer jus aos necessários patrocínios privados. Um estádio do porte do Mário Helênio e um ginásio das dimensões e qualidades do Antônio Marcos exigem que as outras partes cumpram o seu papel, já que a surrada e velha desculpa de não haver local adequado está amplamente superada.