ÁGUAS PROFUNDAS


Por Tribuna

05/05/2016 às 07h00- Atualizada 05/05/2016 às 08h28

Ao oferecer denúncia contra o ex-presidente Lula (PT) e mandar abrir inquérito para apurar denúncias contra o senador Aécio Neves (PSDB), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, começa a pescar em águas profundas, pois coloca no mesmo foco figuras expoentes da política nacional. A questão à frente é saber até onde irão as investigações e quais as suas consequências, ainda mais se inserir também a presidente Dilma Rousseff.

O Ministério Público é o fiscal da lei e representante da sociedade no combate a atos ilícitos, o que dá margem a outras indagações, tipo se haverá fôlego ou poder político suficiente para enquadrar tais “cardeais”. A despeito dos grandes peixes que já estão respondendo processo, e alguns deles, atrás das grades, o leque se amplia acentuadamente com Lula, Aécio e Dilma. Como de praxe, dizem que nada têm a temer, reforçando – como disse o senador – o apoio incondicional à operação Lava Jato.

Nesse cenário em que o país se passa a limpo, a discussão entra também pela via da dúvida sobre quem vai sobrar nesse imbróglio. Quando era líder sindical, Luiz Inácio Lula da Silva disse, e os Paralamas do Sucesso perpetuaram em música, que o Congresso tinha pelo menos 300 picaretas. Os números, se envolverem os outros poderes, são modestos.

Feitos os inquéritos, abertos os processos e efetuados os julgamentos, a questão seguinte é criar condições para que esse uso desmesurado do dinheiro público seja contido. Caso contrário, mudarão apenas os atores, mas o saque ao bolso da viúva continuará sem prazo para acabar.

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