A preservação de rios e mananciais tornou-se um desafio para governos e comunidades ante a necessidade de conciliar demandas ambientais com o desenvolvimento econômico. É possível fazer as duas coisas desde que haja consensos envolvendo os atores envolvidos no processo. Na edição de domingo, a Tribuna publicou matéria especial sobre o Rio Preto, que divide os estados de Minas e Rio de Janeiro em boa parte de seu percurso e é considerado um dos rios despoluídos a despeito de cortar algumas comunidades.
As repórteres Elisabetta Mazocoli e Nayara Zanetti, in loco, viram a situação do rio, ouviram as preocupações da comunidade e empresários com a disposição de construir uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) em uma das etapas do afluente do Rio Paraibuna.
Por ser o único rio da bacia do Paraíba do Sul que não é poluído, ele desperta a preocupação comunitária considerando que o empreendimento altere essa realidade, causando impacto negativo no curso d’água, na biodiversidade e na própria vida dos moradores.
PCHs têm um impacto menor do que as grandes usinas hidrelétricas, pois requerem áreas menores para a construção de reservatórios e barragens. Geram energia a partir de uma fonte renovável, o que reduz a dependência de combustíveis fósseis e a emissão de gases, mas podem, sim, alterar o fluxo de água e, dependendo do grau de inundação, comprometer o habitat para a fauna e flora terrestres.
No entanto, existem ações que podem ser implementadas para conciliar a preservação de rios e construção de PCHs. Entre elas estão estudos de impacto ambiental antes de iniciar a construção para avaliar os possíveis consequências e desenvolver medidas de mitigação. Adotar práticas sustentáveis, com o uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental.
De acordo com especialistas, o monitoramento permanente também é uma estratégia, a fim de avaliar a qualidade da água e do solo durante e após a construção, para garantir que não haja impactos negativos no meio ambiente. Finalmente, é fundamental promover a conscientização e a educação ambiental nas comunidades locais para incentivar a preservação dos rios e a utilização responsável de seus recursos.
De acordo com a empresa, já foram obtidas licenças do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e o projeto básico foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Segue o rito necessário, mas, ante o cenário de dúvidas, conversar diretamente com os locais é um passo importante, a fim de garantir que não haverá riscos e, se necessário, fazer as devidas correções. Afinal, trata-se de uma parceria de longo prazo que deve atender aos pleitos de ambos os lados.