Caixa oferecerá medidas para municípios afetados pelas chuvas
Em Espera Feliz, cidade que decretou estado de calamidade pública, banco enviará agência itinerante
Com o intuito de auxiliar os moradores das áreas atingidas pelas chuvas nos últimos dias, a Caixa Econômica Federal anunciou, nesta terça-feira (28), uma série de medidas em apoio aos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Os benefícios serão disponibilizados para os municípios que decretaram situação de calamidade pública ou de emergência. Em Minas Gerais, 101 cidades se enquadram neste cenário, conforme boletim divulgado pela Defesa Civil do governo estadual na manhã desta terça.
Entre as providências, o banco irá estender o horário de atendimento das unidades, além de deslocar caminhões que funcionam como agências itinerantes para reforçar o atendimento nas cidades. A Caixa fará, ainda, remanejamento de empregados baseando-se na demanda por atendimento e negócios em cada localidade.
Os benefícios oferecidos também englobam operações de linhas de crédito, como pausa especial de até 60 dias em serviços como Crédito Direto Caixa (CDC) e Crédito Pessoal, além de até 60 dias de carência para a 1ª parcela em novos contratos. “Todas as localidades que tiveram decreto de emergência ou calamidade pública estão contempladas com os benefícios ofertados pela Caixa. Por exemplo, os correntistas das regiões estão automaticamente com isenção da tarifa de cesta de serviços da conta corrente por três meses, além de condições especiais nas operações de crédito”, explica o vice-presidente de distribuição da Caixa, Paulo Henrique Angelo.
Empresas também serão contempladas com as medidas, por meio de taxas de juros reduzidas e condições especiais para pagamentos de empréstimos. Em relação aos contratos habitacionais, as ações visam pausa estendida por até 90 dias no pagamento das parcelas de financiamentos habitacionais, bem como renegociação para incorporação das prestações no saldo devedor dos clientes inadimplentes e apoio para elaboração do trabalho social e engenharia. A Caixa irá oferecer suporte aos clientes para acionamento de seguro habitacional e procedimento de pagamento de indenizações de forma imediata.
Obras serão diagnosticadas
As medidas da Caixa para as cidades em situação de calamidade pública ou emergência também englobam vistorias nas obras de repasse do orçamento geral da União ou de financiamento. De acordo com a vice-presidente de Governo da Caixa, Tatiana Thomé, o objetivo é verificar os danos e precificar os custos para retomada das intervenções. “São obras de drenagem, obras de contenção, obras de pavimentação que podem ter sido prejudicadas”, exemplifica.
Pelos próximos 30 dias, a Caixa fará um mutirão nas cidades dos três estados afetados para realizar o diagnóstico. “Nossas equipes já estão envolvidas com as prefeituras, em reunião com prefeitos e secretários, fazendo esse levantamento. A ideia é ter um relatório pronto o mais rápido possível para tomada de providências, para que a população logo volte ao normal, porque essas obras impactam bastante na mobilidade da população.”
Espera Feliz terá agência itinerante
Em Minas Gerais, uma das cidades que contará com apoio de caminhão-agência, a partir de 30 de janeiro, é Espera Feliz, de acordo com o vice-presidente de distribuição da Caixa, Paulo Henrique Angelo. “Esse é um município que nossa agência teve um alto comprometimento, por essa razão, estamos imediatamente provendo a cidade com atendimento bancário através da nossa agência-caminhão.”
Três dias após as chuvas brutais que arrasaram o município de Espera Feliz, os cidadãos e a Prefeitura da cidade ainda não têm perspectivas de retornar à vida normal. Em conversa com a rádio CBN Juiz de Fora, o prefeito Carlinhos Cabral (PPS) confirmou o decreto de calamidade pública junto ao Governo federal. “Já foi decretado estado de calamidade em Brasília. A gente acredita muito que o Governo vai olhar (pela cidade), porque a Defesa Civil de Belo Horizonte passou aqui e afirmou que Espera Feliz foi a cidade que mais impressionou”, conta Cabral.
A cidade, distante cerca de 250 quilômetros de Juiz de Fora, possui cerca de 1.700 pessoas desabrigadas e o número de desalojados chegou a 8 mil.
‘Não dá para acreditar’
A sensibilização da Defesa Civil vai ao encontro da surpresa dos próprios moradores do município, os quais já estão acostumados com as enchentes na região, mas nada parecido com o temporal que arrasou a cidade no último final de semana. “A nossa cidade foi destruída. Não dá para acreditar no que aconteceu aqui, foi a coisa mais impressionante que eu já vi”, lamenta o prefeito.
Desde segunda-feira (27), a população trabalha para reconstruir o município. No período mais intenso de chuvas, o volume de água chegou a quase dois metros de altura em estabelecimentos comerciais e a ocupar todo o primeiro andar da prefeitura. “Vamos levar semanas só para limpar a cidade, com muita ajuda de proprietários da Zona Rural, muitos tratores e maquinários de outras prefeituras que já estão aqui”, explica Cabral, estimando que 60% dos quase 25 mil habitantes da cidade foram impactadas pela enxurrada que, além de levar pontes e deixar algumas regiões praticamente ilhadas, carregou casas e pertences de moradores. “O povo mais simples perdeu tudo o que tinha.”
Volta às aulas
Mesmo após a água abaixar completamente, a prefeitura não consegue estimar a volta às aulas para o primeiro semestre de 2020, que deveriam iniciar ainda em fevereiro. “Não há estrada para os ônibus transitarem e as creches foram invadidas pela água. Temos que retornar a vida, mas a escola tem que aguardar”, afirma o prefeito, ainda sem calcular o custo que será necessário para recuperar o município. “Não tem como estimar o prejuízo da cidade. É monstruoso”.