Elevado em 37 centímetros, o nível de água da barragem da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Mello, em Rio Preto, a cerca de 85 quilômetros de Juiz de Fora, caiu 33 centímetros desde a evacuação de 29 rio-pretenses de propriedades rurais no último sábado (16). Deslocados em razão da localização de suas propriedades na Zona de Auto Salvamento (ZAS) da barragem, os moradores, entretanto, estão ainda realocados em residências próprias e de parentes na área urbana. Responsáveis pela elevação inicial do nível de água, os altos índices de precipitação podem ocorrer novamente. Conforme o 5º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma frente fria, localizada no litoral da Região Sudeste, trará chuvas à Zona da Mata nos próximos dias.
Embora a queda do nível de água tenha sido considerável, “não há previsão para a retirada do alerta emergencial”, conforme comunicado emitido, nesta terça (19), pela Prefeitura de Rio Preto. O limite de estabilidade da barragem é 63 centímetros; desde o acionamento preventivo do plano de emergência, medições técnicas do nível de água são realizadas de hora em hora. Técnicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também vistoriaram a usina nesta terça. Responsável pela PCH Mello, a Vale, em contato com a reportagem, afirmou que, em razão de obras, a estrutura está em estado de alerta desde novembro do ano passado. “A barragem passa por obras visando o incremento dos fatores de segurança”, informa, por nota. “A Vale, de forma prudente, estabeleceu um protocolo para o acionamento do nível de emergência para que houvesse tempo hábil de acionamento do plano de emergência para a ZAS.”
Dos 29 moradores evacuados, apenas um está alojado em hospedagem disponibilizada pela empresa; alimentação e transporte também foram oferecidos. “A Vale está monitorando a situação e reforça que o nível de água do reservatório não extrapolou o limite de estabilidade da barragem”, ressalta a mineradora. “O acionamento do plano de emergência foi preventivo. A barragem encontra-se estável.” Entretanto, precipitações previstas para esta quarta-feira (20), pelo 5º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), podem estender a execução do plano de emergência. “Há previsão de chuva nos próximos dias em virtude da atuação de uma frente fria que está passando pelo litoral da Região Sudeste”, informa o Inmet. Embora o instituto não quantifique precisamente, ” as chuvas podem ser localizadas e fortes, superando 50 milímetros diários.”
Estradas vicinais
Coordenado, até segunda-feira (18), de maneira cautelosa, o fluxo de veículos na MG-353, próximo ao Ribeirão Santanna, foi liberado. Entretanto, os pontos de passagem nas estradas vicinais Quitote, Campo do Lico e o entroncamento com Furtado seguem bloqueados. A Defesa Civil de Rio Preto mantém um canal de comunicação com a população por meio dos contatos telefônicos (32) 3283-3870 e (32) 98451-9262 para informação e orientação, além de impedir a disseminação de boatos e notícias falsas.
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Ministério Público instaura inquérito
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acompanha, desde sábado (16), as ações da Vale na condução do processo de evacuação dos rio-pretenses. A Promotoria de Justiça de Rio Preto instaurou um inquérito civil “a fim de apurar possível rompimento na barragem da Pequena Central Hidrelétrica Mello”. Responsável pelo procedimento, o promotor Daniel Angelo de Oliveira Rangel requeriu, na segunda-feira, diligências.
Por meio de nota, o MPMG informou, à reportagem, que duas recomendações serão encaminhadas à assessoria da Vale nesta quarta (20), cujo teor pede “a adoção de medidas para diminuir os riscos apresentados pela barragem”. Ainda segundo o órgão, a Vale prestou, nesta terça (19), as informações solicitadas. “O MPMG irá avaliar se houve de fato o cumprimento das recomendações.”