Além da retirada de 29 moradores, o alerta da Vale sobre risco de rompimento na barragem da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Mello, em Rio Preto, levou à interdição de três pontos de passagem nas estradas vicinais das áreas consideradas de risco: Quitote, Campo do Lico e o entroncamento com Furtado. Já na rodovia MG-353, próximo ao Ribeirão Santanna, o fluxo de veículos está sendo coordenado no esquema pare e siga. Nesta segunda-feira (18), a empresa ponderou ter acionado o nível 2 do plano de emergência no último sábado “preventivamente devido à elevação do nível de água no reservatório da hidrelétrica, antes que atingisse o limite estabelecido pelas normas de engenharia”. A situação foi causada pelas chuvas intensas na região.
As dez propriedades rurais que encontram-se na chamada Zona de Auto Salvamento (ZAS) ficam a cerca de 80 quilômetros de Juiz de Fora. A Prefeitura de Rio Preto informou que todas as pessoas removidas da área de evacuação foram realocadas em casas próprias na área urbana ou de parentes no mesmo município, embora a Vale tenha disponibilizado hospedagem, alimentação e transporte. Já no domingo, foi dado prosseguimento às ações emergenciais, colocando em prática o Plano de Ação de Resgate de Fauna, para preservação dos animais presentes nas áreas consideradas de risco.
A medida preventiva está sendo executada pela empresa em conjunto com os proprietários das terras, Defesa Civil municipal e estadual e Polícia Militar, com encaminhamento das espécies para áreas consideradas seguras. “A Vale também dará continuidade a tratamentos e alimentação. Por medida de segurança, a presença de pessoas na ZAS está restrita, e o acesso para o trato de animais tem ocorrido em regime de contingência, conforme procedimento definido por esse mesmo grupo”, afirmou a empresa em nota. Os acessos a esses locais estão fechados para pessoas que não fazem parte dos trabalhos.
Nível de água já baixou, afirma prefeito de Rio Preto
Em entrevista à Rádio CBN na manhã desta segunda-feira, o prefeito de Rio Preto, Inácio Ferreira, afirmou que o nível de água no reservatório da barragem da PCH Mello já baixou significativamente. “De sexta para sábado houve uma chuva atípica, concentrada nas cabeceiras da hidrelétrica, o que fez o nível de água elevar a uma velocidade muito rápida, levando os engenheiros a decretarem estado de emergência. Mas essa água já reduziu. Esteve 30cm acima do nível, e hoje está em 11cm. Todas as medidas necessárias de apoio aos moradores das áreas de risco foram executadas. O risco existe, mas hoje é considerado baixo.”
Segundo ele, o alerta de emergência nível 2 ainda não foi retirado porque entrou água em uma galeria, e isso não é normal. “Existe uma equipe de engenheiros fazendo uma inspeção, e aguardamos uma posição favorável.” Ainda segundo o prefeito, a hidrelétrica tem 4,5 milhões de metros cúbicos de água, e a estabilidade da barragem poderia ser afetada se o reservatório chegasse a 63cm acima do nível. “É um volume de água considerável, caso acontecesse uma fatalidade. Mas em um eventual rompimento vai atingir o rio que passa aqui perto da cidade, chamado também Rio Preto, que fica mais ou menos oito quilômetros abaixo da área urbana. Então para o município o risco é quase zero. Só as casas abaixo desse entroncamento onde a água chegaria é que estão na área de risco.” O chefe do Executivo esclareceu que Santa Bárbara do Monte Verde também está fora de perigo, por estar mais elevada, ao contrário do que foi informado pela PM inicialmente.
A mineradora responsável informou que a barragem passa por obras, desde novembro do ano passado, para o incremento dos fatores de segurança, estando a estrutura em estado de alerta até a intervenção ser concluída. “A Vale, de forma prudente, estabeleceu um protocolo para o acionamento do nível de emergência para que houvesse tempo hábil de acionamento do plano de emergência da ZAS.” A empresa reiterou que está em contato com os moradores e prestando toda a assistência.
Apesar de a barragem encontrar-se estável, e o nível de água do reservatório não ter extrapolado o limite, ainda não há previsão para retirada do alerta e do plano de emergência preventivo. A situação está sendo monitorada pela Vale e também acompanhada pela Prefeitura de Rio Preto.