Uma cratera de aproximadamente quatro metros de profundidade se abriu na altura do km 66 da rodovia MG-353, que liga Juiz de Fora a Coronel Pacheco, nesta quarta-feira (5), e causou a interdição total da pista. O trecho se encontra impedido e sinalizado até as proximidades do trevo da MG-353 com a AMG-3085. Segundo o comandante do 1º Pelotão da Polícia Militar Rodoviária, tenente Júlio César de Almeida, o posto policial foi informado do buraco no início da tarde, desta quarta, e o deslocamento foi imediato. “Recebemos uma ligação de um usuário da rodovia por volta de meio-dia, informando de um buraco na altura do km 66. De imediato, deslocamos para o local e constatamos que realmente havia uma cratera. O trânsito está totalmente interditado. Nós não vamos liberar, haja visto o perigo de uma ocorrência como a de Tabuleiro.”
Cratera na MG-353: Comandante da Polícia Militar Rodoviária, tenente Júlio César de Almeida, relata o ocorrido e explica trajeto alternativo pic.twitter.com/IICDRN07AN
— Tribuna de Minas (@tribunademinas) February 5, 2020
O buraco está sobre uma área de aterro que encobre uma galeria por onde passa um curso d’água. Conforme o comandante, o cenário dá indícios de que as chuvas da última terça tenham ocasionado o incidente. “As fortes chuvas que tivemos ontem possivelmente vieram a arrastar a terra por debaixo da pista, deixando o asfalto totalmente vulnerável e oco.” Conforme o militar, com a interdição do tráfego no local, os condutores que se dirigirem para as cidades de Coronel Pacheco, Goianá, Rio Novo, Guarani e Piraúba e microrregiões de Ubá, Viçosa e Ponte Nova devem acessar a BR-040 e, em seguida, a rodovia nova, a AMG-3085, para chegar à MG-353.
Partindo do centro da cidade e tendo como destino final o município de Coronel Pacheco, por exemplo, o trajeto pela AMG é 17 quilômetros maior do que o interditado. Além do aumento do percurso, outro fator que pode tornar a viagem mais demorada é o aumento do fluxo de veículos, tendo em vista que, anteriormente, o trajeto poderia ser feito por dois caminhos e agora apenas um deles pode ser utilizado. Segundo o DER-MG, a interdição foi necessária devido ao abatimento que compromete as duas pistas de rolamento. O Departamento informou que seus técnicos vão estudar a solução mais adequada para o local.
Interdição na MG-133
Esta é mais uma cratera que se abre naquela região. Na última semana, um buraco de grande extensão foi aberto na MG-133, em razão das fortes chuvas, na altura do km 21, entre Tabuleiro e Coronel Pacheco. Nesta segunda (3), o DER-MG informou que foram iniciadas as obras para a criação de um acesso alternativo no trecho. A proposta é abrir uma passagem por meio de uma propriedade particular para a travessia de carros. O trabalho estaria sendo realizado pela equipe do Departamento em parceria com as prefeituras das cidades do entorno. A expectativa é de que as obras sejam concluídas esta semana.
Na ocasião em que a abertura surgiu no meio da estrada, uma mulher morreu e seis pessoas ficaram feridas na queda de dois caminhões e dois carros de passeio na cratera. Os veículos transportavam sete pessoas, sendo que uma delas, Suziane Oliveira Neves, 37 anos, foi arrastada pela correnteza e não resistiu. O corpo foi encontrado por volta das 11h15, cerca de 11 horas depois do acidente, pelo Corpo de Bombeiros, com o auxílio do helicóptero da Polícia Militar.
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Ações intensificadas para atender ocorrências causadas pelas chuvas
O Governo de Minas, por meio do DER-MG, anunciou, nesta quarta, que intensificou as ações de manutenção para restabelecer o tráfego nas rodovias estaduais danificadas pelas chuvas. Ao todo, foram contabilizados 111 pontos com restrições no estado, principalmente, na Região Metropolitana de Belo Horizonte e próximos aos municípios de Ubá, Ponte Nova, Manhumirim e Coronel Fabriciano.
De acordo com o DER-MG, suas equipes estão distribuídas nas diversas localidades do estado, trabalhando para manter a sinalização nos trechos e garantir as condições de tráfego. São operados mais de cem equipamentos para retirar barreiras, limpar pistas, remover árvores, desobstruir passagens e bueiros e construir variantes. Alguns serviços dependem, ainda, da estabilização das condições climáticas, assim como da normalização do nível de rios. Os custos para recuperação dos trechos atingidos foram estimados em cerca de R$ 75 milhões (valores atuais), conforme levantamento encaminhado à Coordenadoria de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec).
Por meio da assessoria, o diretor de manutenção do DER-MG, Marcos Frade, ressaltou que o órgão está atendendo às demandas emergenciais e trabalha em conjunto com um grupo multidisciplinar – composto por instituições e órgãos estaduais e municipais, como a Defesa Civil e as prefeituras – na avaliação dos danos e das prioridades de intervenções nas estradas estaduais. “Neste primeiro momento, intensificamos a atuação para garantir a trafegabilidade das vias e a recuperação emergencial de pontos em rodovias, pontes avariadas e acessos que foram fechados. É importante ressaltar que obras mais estruturais só podem ser feitas após o período chuvoso”, explicou.
Um exemplo de intervenção feita pelo DER-MG é o trecho não pavimentado da rodovia MG-458, no km 31, entre Conselheiro Pena e o distrito de Cuieté Velho, no Vale do Rio Doce, que teve interrupção total devido ao rompimento de pista. O local foi recuperado, com a implantação de novo bueiro e recomposição de aterro, o que permitiu o restabelecimento do tráfego de carros leves e pesados. A obra foi concluída nesta terça. No segmento entre Ervália e Muriaé, nos km 201, 202, e 204, na Zona da Mata, interrompidos em função de rompimento de bueiro e abatimento de aterro, o departamento informa ter elaborado projeto, fazendo levantamento dos custos para execução das obras. Ao todo, são nove trechos com tráfego interrompidos.
ALMG discutirá aplicação dos recursos
Nesta quinta, será realizada, às 10h, na Assembleia Legislativa (ALMG), debate cujo tema será a situação de emergência na qual ficaram mais de cem cidades mineiras depois das fortes chuvas que atingiram o estado, ao longo de janeiro. A audiência pública será realizada pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, no Auditório SE da Casa Legislativa. Uma das preocupações da comissão na audiência pública será debater como fazer com que os recursos, principalmente os do Governo federal, cheguem também às cidades menores.
Balanço
Segundo a Defesa Civil estadual, desde 24 de janeiro, 58 pessoas já morreram em decorrência das chuvas, em Minas – 13 delas só na capital mineira e as demais em outros 22 municípios afetados. Desabamentos e soterramentos foram as principais causas. Além desses casos, outras dezenas de pessoas estão feridas e mais de 40 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Dessas, mais de oito mil estão desabrigadas, ou seja, perderam suas casas e precisam de auxílio público para sobreviver.