Alinhados à agenda nacional de mobilização, milhares de juiz-foranos reuniram-se, neste domingo (30), entre 9h e 12h30, na Região Central, em ato em defesa do ministro de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, bem como da Operação Lava Jato, além de pautas do Governo Jair Bolsonaro (PSL). Em Juiz de Fora, a mobilização foi convocada pelos grupos Direita JF, Damas de Ferro JF – Força Feminina na Política, Se Liga JF, Família de Direita e Direita Vive. O ato pró-Governo federal é o primeiro após a série de reportagens do site The Intercept Brasil, cujo conteúdo revela bastidores da força-tarefa da Operação Lava Jato.
A Polícia Militar não calculou o número de presentes, posicionamento comum à corporação nas mobilizações juiz-foranas. Agendado para 10h, o ato aglomerava os primeiros militantes, em frente à Câmara Municipal, às 9h20; o carro de som da organização era preparado próximo às escadarias do Palácio Barbosa Lima. Ao passo que a militância chegava ao Parque Halfeld, jingles da época da campanha de Bolsonaro eram relembrados, além de paródias em referência ao presidente. A partir de 10h, a mobilização ganhou corpo. A maioria utilizava camisetas verdes e amarelas, algumas personalizadas, com dizeres como “Meu partido é o Brasil”, “In Moro we trust (Em Moro confiamos)” e “Bolsonaro presidente 2022”.
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Às 10h45, o ato iniciou-se oficialmente. Nas primeiras intervenções junto à aglomeração, os organizadores reforçaram as pautas do ato: “apoio incondicional à Lava Jato, apoio incondicional a Sérgio Moro e Deltan Dallagnol (procurador responsável pela coordenação da força-tarefa)”. Por outro lado, a organização destacou o apoio a pautas governistas, em tramitação no Congresso em meio ao desgaste político entre o Governo Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ). A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência – PEC 6/2019 -, do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o pacote Anticrime – projetos de lei 881/2019, 882/2019, e Projeto de Lei Complementar 38/2019 -, do ministro Moro também foram lembrados.
Alvos
As falas iniciais dos organizadores indicaram o próprio Maia, além de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e Glenn Greenwald, um dos fundadores do The Intercept Brasil, como principais alvos da mobilização. “Sérgio Moro sofre uma grande injustiça da mídia brasileira. Se houvesse jornalistas sérios, estariam questionando o porquê esse cara do The Intercept (Greenwald) não estar preso. Sérgio Moro fez pelo Brasil o que eu e você fazemos todos os dias: trabalhou sério todos os dias. Sérgio Moro contra Gilmar Mendes, quem vocês preferem?”, questionou uma das organizadoras quando falava de cima do carro de som. Cânticos como “Rodrigo Maia, preste atenção, nós queremos a reforma (da Previdência) de um trilhão” eram entoados.
Passeata com oração
Após as intervenções iniciais e a execução do “Hino Nacional Brasileiro”, os manifestantes saíram em passeata, às 11h15, rumo à Praça da Estação por meio da Rua Halfeld. Além de jingles e paródias reproduzidos pelo carro de som, militantes soavam apitos e vuvuzelas. A exemplo do ato realizado em 26 de maio, a mobilização pararia, entre o cruzamento das ruas Halfeld e Batista de Oliveira, para homenagear Bolsonaro com um minuto de silêncio, seguido de oração. Embora a manifestação centrasse na defesa à Operação Lava Jato e ao ministro Sérgio Moro, o conturbado momento do Governo federal não foi obstáculo a saudações ao presidente.
Em pesquisa divulgada na quinta-feira (27), o Ibope registrou aumento de cinco pontos percentuais na reprovação de Bolsonaro – avaliação de ruim/péssimo -, que chegou a 32%, mesma porcentagem de avaliações como bom/ótimo e regular. A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A militância entoava cânticos como “mito, mito, mito” e “um, dois, três, quatro, cinco, mil, Bolsonaro é o orgulho do Brasil”. Às 11h45, a aglomeração iniciou um minuto de silêncio, seguido de oração do “Pai Nosso”, no local onde Bolsonaro fora esfaqueado, em 6 de setembro último, ainda em campanha presidencial, por Adelio Bispo de Oliveira.
Acordo UE-Mercosul
Antes de seguir em caminhada à Praça da Estação, novos discursos foram feitos à militância. Uma das organizadoras ressaltou a importância da reforma da Previdência, uma vez que “é necessária para a economia melhorar. O privilégio hoje em dia é trabalhar”. Por outro lado, outro organizador lembrou o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, celebrado na quinta (28) depois de 20 anos de negociações. “Antes fechávamos acordos com Venezuela, Cuba e China. Agora, nós rompemos. É a maior conquista do presidente Bolsonaro.”
Encerramento
Enquanto a dianteira da manifestação chegava à Praça da Estação, a aglomeração se estendia pela Rua Halfeld até a Batista de Oliveira, sendo que grande parte acompanhava o carro de som. No caminho, bandeiras do Partido dos Trabalhadores (PT) e uma camiseta com os escritos “Lula livre”, expostas em um dos edifícios da Halfeld chamaram a atenção da militância. Reagiram com gritos de “A nossa bandeira jamais será vermelha” e “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”. Às 12h13, os primeiros manifestantes chegavam à Praça da Estação para o encerramento.
Após nova reprodução do “Hino Nacional Brasileiro” e poucas intervenções da organização, o ato foi oficialmente encerrado às 12h26, e, em poucos minutos, os manifestantes se dispersaram. Alguns cartazes, com as frases “Pela Lava-toga”, “Segundo a pesquisa do Ibope, eu não estou aqui”, “O poder emana do povo” e “Brasil: ame-o ou deixe-o”, foram lidos pelos organizadores. Conforme a Polícia Militar, incidentes não foram registrados durante a mobilização.