Em Juiz de Fora nesta sexta-feira (28), após cumprir agenda também em Belo Horizonte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inaugurou, ao lado da prefeita Margarida Salomão (PT), o viaduto Roza Cabinda, elevado sobre a linha férrea na Rua Benjamin Constant. Antes da cerimônia que marcou o ato, Lula se encontrou com trabalhadores do Departamento de Limpeza Urbana (Demlurb) e também com aqueles que trabalharam nas obras.
Também participaram do evento na cidade os ministros dos Transportes, Renan Filho, da Educação, Camilo Santana, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Secretaria de Comunicação Social, Laércio Portela, além de deputados e deputadas federais e estaduais e o diretor-executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Carlos Barros.
Na ocasião, Lula declarou sentir alegria, emoção e respeito, toda vez que vem à cidade, e lembrou a primeira vez que esteve em Juiz de Fora, em 1975, recém-eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. “Depois disso, eu vim outras vezes a Juiz de Fora, para apoiar deputados e prefeitos aqui nessa cidade”, relembrou.
Desta vez não foi diferente. A 100 dias da eleições municipais, o presidente aproveitou a visita à cidade para inauguração do viaduto para também tecer elogios à prefeita, que será candidata à reeleição. Ele não pediu votos, uma vez que ainda não está permitido pela legislação, mas fez questão de sinalizar o apoio à Margarida, lembrando que após 5 de julho não poderá participar de inaugurações, e subir em “palanques”. “Como eu quero vir muitas vezes aqui, e vou ter que fazer ato, sem a presença dela, eu vim aproveitar essa viagem para ver a minha companheira”.
Inauguração
Ainda durante seu discurso na cerimônia, Lula inaugurou oficialmente a obra mostrando aos presentes as placas que serão afixadas no elevado. O momento foi um do que mais receberam atenção de todos os presentes, com os celulares disputando espaço para os registros.
Margarida destacou a importância do viaduto ser o primeiro com nome de mulher na cidade, que foi escravizada. “A professora Elione Guimarães levantou a história da Roza, que é muito linda. Ela tinha direito à liberdade pela Lei do Ventre Livre, mas seu proprietário não quis lhe conceder. Então, ela entrou na justiça e ganhou (a liberdade), ela lutou por dentro do sistema e ganhou.“ Segundo a prefeita, o viaduto “repara as injustiças da nossa história com a população trabalhadora negra”.
Encerrando a fala com o grito de “viva Roza Cabinda”, a população levantou diversas bandeiras do Movimento Negro Unificado e da União de Negras e Negos pela Igualdade (Unegro), além de cartazes celebrando Roza.
A inauguração da obra foi a concretização de um investimento de R$ 20 milhões, de acordo com a presidência. Deste valor, 80% teria sido oriundo do Governo federal.
Obra do HU será licitada em setembro
Além da inauguração do Roza Cabinda, o presidente ainda assinou duas ordens de serviço para obras em estradas da região. Um contrato é para manutenção e conservação da BR-267 (começando no km 7, em Bicas, até o km 115, quando encontra a BR-040). O outro, contempla também a BR-267 (mas do km 118 até o 213, em Bom Jardim de Minas), além da BR-499, de apenas 5 quilômetros, na cidade de Santos Dumont. Os investimentos totalizam R$ 88,8 milhões e têm um prazo de 24 meses para conclusão.
Já o ministro da Educação anunciou a assinatura da autorização de uma escola de tempo integral em Juiz de Fora. “Esse ano, Juiz de Fora terá quase mil novas matrículas de tempo integral na educação básica”, prometeu. Ele também antecipou que a licitação da obra do Hospital Universitário da UFJF deverá ser iniciada em setembro.
População se manifesta em cartazes, gritos e adereços
Vereadores e vereadoras da cidade e secretários municipais ficaram em uma seção cercada do público, junto de personalidades, como empresários e representantes de classes – da indústria da construção civil e dos catadores de material reciclável, por exemplo.
Já a população em geral, começou a ocupar o espaço por volta das 13h, em um estreito cercado, ao lado do reservado. Antes das 15h – horário em que estava marcado o evento – o número de pessoas começou a aumentar, ocupando de forma espaçada o espaço reservado à população em geral.
De meia em meia hora, o coro cantava a pergunta “Lula, cadê você?”, mas o presidente subiu ao palco montado na Avenida Francisco Bernardino, às 16h30. Desde às 14h45, o músico juiz-forano Estêvão Teixeira tocava, na flauta, clássicos brasileiros e jingles políticos, acompanhado por vezes pela população – em que figuravam dezenas de bonés do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e poucos adesivos de apoio à Palestina.
Da seção cercada para personalidades, inclusive, no pré-evento, foram ouvidos gritos de “Palestina”, respondidos com “livre”, da parte geral, com baixa adesão.
Faixas com pedidos e protestos também estavam presentes, pela revogação da reforma trabalhista, pelo rompimento de relações com Israel, e, na pauta municipal, “Lula, ajude a Escola Estadual Francisco Bernardino”.
Outros gritos foram de “Fora, Lira”, antes da chegada do presidente, e “Fora, Zema”, durante o discurso de Lula.
O evento foi encerrado por volta das 17h40, 50 minutos após a previsão da agenda presidencial,. De lá, Lula seguiria para o Aeroporto Regional da Zona da Mata, onde pegaria um voo para o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Camisa do Sport e canjiquinha cremosa
O chefe do Executivo nacional chegou a Juiz de Fora de helicóptero, vindo do Aeroporto Regional da Zona da Mata, em Goianá. Ele pousou no Estádio Doutor José Procópio Teixeira Filho – o campo do Sport Club Juiz de Fora. No Sport, o presidente ganhou uma camisa do Verdão da Avenida das mãos do presidente do clube, João Pereira de Almeida, o Dudinha.
Segundo informações de bastidores, o almoço do presidente foi na Prefeitura: paella mineira e canjiquinha cremosa. Nas redes sociais da Prefeitura, também foi registrado o momento em que a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, brinca com a cadela Valentina, mascote do prédio.
Enquanto isso, helicópteros do Governo já sobrevoavam a Benjamin Constant desde às 14h40. A comitiva presidencial chegou por volta de 16h, diretamente no elevado que seria inaugurado, estacionando na alça da Francisco Bernardino. Lula conversou rapidamente com políticos e com 60 trabalhadores – da construção e da limpeza urbana – por cerca de cinco minutos.
Viaduto em funcionamento, mas com interdições
De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), o viaduto foi liberado para o tráfego às 19h30.
Apesar disso, até que toda a estrutura do evento seja desmontada, permanece a interdição na Avenida Francisco Bernardino, com desvio pela Rua São Sebastião.
Depois que o trecho for liberado, o desvio pela Benjamin Constant continuará até que os trabalhos de urbanização do viaduto sejam concluídos nos próximos dias.
Agora, as linhas de ônibus 400, 408, 413, 415, 420, 423, 425, 426, 427, 428, 429, 435, 436 e 448, que antes passavam pela rua, passarão pelo elevado.