Moção de repúdio contra a UFJF e o João XXIII passa na Câmara
Aprovação se deu com dez votos favoráveis, sete contrários e uma abstenção
Com dez votos favoráveis e sete contrários, além de uma abstenção, os vereadores aprovaram a moção de repúdio contra a UFJF e o Colégio de Aplicação João XXIII, durante a 7ª reunião ordinária, ocorrida nessa terça-feira (24), na Câmara. Durante a leitura dos destaques pela Mesa Diretora, foi apresentada a nota de repúdio pelos vereadores André Mariano (PSC), Sargento Mello (PTB), Júlio Obama (PHS) e Charlles Evangelista (PP). Contrário à moção de repúdio, o vereador Betão (PT) pediu votação avulsa, tentando adiar a decisão. No entanto, o pedido foi negado. O petista, então, pediu destaque para que a moção fosse votada em separado e imediatamente. A solicitação foi aceita, e os vereadores começaram a votação, terminando com a aprovação do repúdio.
A sessão foi acompanhada por um grupo de estudantes, que se manifestou aos gritos logo após a aprovação. No plenário, também estava um grupo de pastores, que havia ido até o Legislativo para encaminhar uma carta de repúdio ao vídeo da UFJF. Na gravação intitulada “Na hora do lanche”, o artista performático Nino de Barros, que incorpora a drag queen Femmenino, vai até o João XXIII saber dos alunos como estava a expectativa para o 12 de outubro e o que os estudantes estavam levando na merendeira. Em determinado trecho do vídeo, a personagem fala sobre não existir separação entre coisas e brinquedos de menino e de menina, fazendo um coro com os pequenos de que isso é preconceito. Apesar de ocupar menos de 15 segundos da produção de pouco mais de quatro minutos, o trecho da conversa foi suficiente para gerar discursos inflamados contra a iniciativa, que perduram até hoje.
E a polêmica em torno do tema deve continuar, pois o vereador Betão (PT) anunciou em plenário, na noite dessa terça-feira, que irá apresentar um pedido de cidadão honorífico à MC Xuxú.
A assessoria da UFJF informou, na noite dessa terça, que a instituição não iria se pronunciar sobre a moção de repúdio.
Movimentação anterior
Duas moções de repúdio já haviam sido apresentadas anteriormente pelos vereadores André Mariano (PSC) e José Fiorilo (PTC) no dia 16 de outubro, nas quais os legisladores questionavam a UFJF sobre o vídeo. No entanto, as ações não foram votadas por pedido de Betão (PT), que pediu que fossem debatidas novamente no dia seguinte. Na reunião do dia 17, em meio a manifestações contrárias às moções, André Mariano retirou, temporariamente, a medida, enquanto Fiorilo retirou a sua proposta em definitivo. Depois disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Mattos, chegou a procurar o reitor da UFJF, Marcus David, a fim de encontrar um entendimento entre as partes. Antes que isso ocorresse, porém, a moção foi aprovada.
Parlamentares se posicionam após aprovação de repúdio
Após a votação, alguns vereadores usaram a tribuna para se posicionar. Wanderson Castelar (PT) criticou a votação de José Márcio Garotinho (PV), líder do Governo da Câmara, favorável à moção. Para o petista, a votação estava colocando o Executivo em uma posição difícil frente à UFJF. José Márcio respondeu, dizendo que a Câmara abriu espaço para diálogo com a UFJF. “Queríamos uma ação menos dolorosa.” O representante do PV ainda disse que a sua votação pessoal não devia ser entendida de maneira equivocada, por conta de atuação junto ao
Executivo.
Rodrigo Mattos (PSDB), por sua vez, explicou que os vereadores procuraram o reitor da UFJF. A proposta que surgiu desse contato, inicialmente, foi o agendamento de uma reunião com parte do corpo acadêmico da Universidade. O presidente da Câmara ressaltou, porém, que, depois, o formato da iniciativa foi modificado para um seminário que aconteceria em novembro.
Betão ressaltou que a UFJF encaminhou um ofício para a Câmara, convidando os legisladores para participar do seminário. “Mas parece que isso não interessa aos colegas que propuseram a moção. Eles queriam que o magnífico reitor saísse da UFJF para se submeter à vontade deles. Eles se preocupam com essa questão, mas não se preocupam em se posicionar com uma reforma que elimina 90% do que é considerado trabalho escravo no país. Não há preocupação com as crianças que são escravizadas, por exemplo.”