Zema critica governo Lula após acidente com ônibus de torcedores do Corinthians
Em declaração, governador de MG afirmou que tragédia acende alerta para a necessidade de melhorar condições das rodovias federais
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi parar nos assuntos mais comentados na rede social X (antigo Twitter) nesta terça-feira (22), após criticar o Governo federal ao falar sobre o acidente na BR-381 que matou sete torcedores do Corinthians na região metropolitana de Belo Horizonte. Zema afirmou que o episódio “acende o alerta da necessidade de melhorias nas rodovias federais” e cobrou providências do governo Lula. O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) acusou o governador de “politizar” a tragédia.
Na madrugada do último domingo (20), um ônibus com 43 torcedores do Corinthians capotou em uma curva na BR-381, no trecho entre Brumadinho e Igarapé. Eles voltavam de uma partida da equipe contra o Cruzeiro, que aconteceu na noite de sábado, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Sete pessoas morreram e 27 precisaram de atendimento médico. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) disse que o veículo não tinha autorização para transportar os torcedores.
Zema foi duramente criticado nas redes por causa da declaração. Silveira classificou-a como uma “tentativa de politizar” a tragédia e chamou o governador de despreparado. “Isso apenas mostra a insensibilidade e o despreparo do governador para liderar mineiras e mineiros”, disse o chefe da pasta de Minas e Energia.
Silveira também defendeu a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. “O senhor sabe muito bem, que o Governo Federal não faz distinção de cores partidárias e quer trabalhar em união.”
Rivalidade
Não é o primeiro embate entre os dois. Silveira é filiado ao PSD e foi senador por Minas Gerais até o fim da última legislatura, em fevereiro deste ano. Ele rivaliza com Zema a preferência do eleitorado do Estado em uma possível disputa em 2026. O ministro é um dos cotados na disputa pelo governo ou mesmo pelo Senado. Neste último caso, poderia enfrentar Zema, que estará encerrando seu segundo mandato no Estado e tem o Senado ou a Presidência da República como opções.
Em junho, o ministro foi ao seu Estado de origem participar de uma entrega de viaturas na Academia de Polícia Militar, compromisso que ficou de fora da sua agenda oficial. Durante a cerimônia, que aconteceu em Belo Horizonte, ele disse que queria fazer “um pedido ao governador (para) que evite a polarização com o governo federal”. Zema rebateu falando que o Estado está sem recursos.
O governador mineiro concedeu uma entrevista ao Estadão no começo de agosto defendendo o protagonismo dos Estados do Sul e do Sudeste e a prevalência da direita. Na ocasião, Silveira disse que Zema “já subiu no palanque de pré-candidato para 2026” e o chamou de derrotado, por Jair Bolsonaro (PL), que teve o apoio do governador, ter perdido as eleições presidenciais.
Também no mês de junho, Zema autorizou uma reforma de R$ 41,2 milhões em rodovias estaduais, o que inclui as vias que levam até o “Rancho Zema” de propriedade de sua família. O trecho de 107 quilômetros da MG-428 começa no BR-262, em Araxá (MG), cidade natal do governador, e vai até a divisa com São Paulo.