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Zema é pressionado pelo Novo a vetar reajustes ao funcionalismo

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Em nota pública, a direção nacional do Partido Novo defendeu, na quarta-feira (19), o veto do governador Romeu Zema (Novo) à recomposição salarial de todas as carreiras do funcionalismo público de Minas Gerais em razão da situação fiscal do Estado. O posicionamento do partido ratifica o racha evidenciado pelos parlamentares correligionários de Zema ainda ao longo da tramitação do Projeto de Lei 1.451/2020 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Dos três deputados estaduais do Novo, Bartô e Guilherme da Cunha rejeitaram, em plenário, nos dois turnos, o reajuste salarial de 41,7% costurado entre o Governo e a segurança pública ao longo do último ano. Apenas Laura Serrano manteve-se fiel ao entendimento da base governista. Pressionado de um lado pelo funcionalismo e, de outro, pela própria legenda, Zema tem 15 dias para sancionar ou vetar a proposição, que beneficia a segurança pública, e a emenda que estende a recomposição a todas as demais categorias, ambas recebidas nesta quinta (20).

Mesmo após a manifestação do Novo, o governador Romeu Zema (Novo) reiterou que o Executivo tem compromisso com o reajuste salarial da segurança pública (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

A manifestação do Novo externou a discordância de sua direção nacional inclusive com o reajuste negociado diretamente entre o Executivo e a segurança pública. “(…) O partido entende o direito dos servidores de pleitearem reajustes, mas a situação fiscal atual de Minas, que herdou uma condição de calamidade financeira, não permite qualquer gasto adicional. Defendemos que o governador vete todos os reajustes aprovados na ALMG, inclusive aqueles destinados à área de segurança.” Ao passo que a recomposição para os trabalhadores em segurança pública é de 41,7%, a revisão salarial para a educação alcança 31%, escalonada como para a segurança. Para as demais categorias, o aumento previsto é de 28,82%, em parcela única.

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No entanto, em nota, a despeito do posicionamento do Novo, o Governo Romeu Zema reiterou o compromisso com o texto original do projeto, com recomposição restrita à segurança, cujo efeito econômico-financeiro é de R$ 9 bilhões no orçamento do Estado. “O impacto financeiro (do reajuste para a segurança pública) já havia sido avaliado e o encaminhamento do projeto está em conformidade com o atual entendimento do Tribunal de Contas do Estado sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal. As emendas incorporadas ao projeto pelo parlamento mineiro ainda não foram analisadas pelo Executivo. Elas serão analisadas levando em consideração a situação financeira do Estado e a constitucionalidade das mesmas. O Governo reitera que as forças de segurança pública estão sem recomposição salarial desde 2015, diferentemente de outras categorias, como por exemplo na saúde e na educação. Essa última, obteve aumento de 46,75% durante o Governo anterior.”

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Embora o Governo estadual pleiteie a adesão ao Regime de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar 159/2017 – para ganhar fôlego orçamentário, uma das vedações ao Estado durante a vigência do regime é a concessão de reajustes a servidores e empregados públicos e militares além da revisão anual constitucionalmente assegurada. Dentre os instrumentos de recuperação proporcionados aos estados, estão, por exemplo, a redução extraordinária integral das prestações relativas aos contratos de dívidas administrados pelo Tesouro Nacional por até três anos, a suspensão temporária dos requisitos legais exigidos para a contratação de operações de crédito, a suspensão da necessidade de comprovação, para as transferências voluntárias, de que o Estado está em dia com o pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos à União e a possibilidade de contratação de operações de crédito com garantia da União voltadas para financiamento de programa.

LEIA MAIS: ALMG aprova recomposição salarial de 41,7% para segurança pública

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Bancada dividida

A divisão da bancada do Novo na ALMG foi evidenciada durante a tramitação do Projeto de Lei 1.451/2020. Os deputados Bartô e Guilherme da Cunha rejeitaram a proposição original. Apenas a deputada Laura Serrano foi favorável à proposta. A bancada manifestou mesmo entendimento apenas quanto à emenda elaborada pela deputada Beatriz Cerqueira (PT). O descontentamento, inclusive, foi compartilhado pelo líder da base governista e do bloco “Sou Minas Gerais”, deputado Gustavo Valadares (PSDB), que, em manifestação nas redes sociais, na quarta (19), afirmou “ter nojo” do Novo.

Laura Serrano (à direita) foi a única deputada do Novo a votar favoravelmente ao reajuste da segurança pública (Foto: Luiz Santana/ALMG/Divulgação)

“Não há nada mais sujo na vida pública que o oportunismo e a demagogia!!! Que nojo do Partido Novo!!! Esse carnaval servirá de momento de reflexão… espero que não só para mim, não é mesmo Romeu Zema?”, escreveu Valadares. Eu reunião extraordinária na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária para parecer, em segundo turno, ao projeto de lei de reajuste para segurança, o líder da base governista elogiara Laura Serrano pela “lealdade a este projeto de Governo”. “Gostaria de dar um testemunho com referência à nossa colega de bloco, deputada Laura Serrano, pelo papel que ela tem desempenhado não só aqui na comissão, mas em plenário. Ela, durante a votação em primeiro turno, foi colocada em uma situação muito difícil pelos seus dois pares, pelos seus dois colegas de partido, que se posicionaram contrariamente a um projeto vindo de um Governo que pertence ao Novo, eleito conjuntamente com ela e seus dois colegas, e ela, mesmo assim, de forma muito corajosa, votou pela aprovação do projeto (…).”

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As palavras de Valadares levaram a brincadeira do deputado Sávio Souza Cruz (MDB), que convidou Laura a se filiar a seu partido, uma vez que, em seu entendimento, fora a intenção do líder do bloco “Sou Minas Gerais” ao elogiá-la. “Quero fazer minhas essas palavras (do Gustavo Valadares) e, se estiver certa a minha interpretação, isso, na verdade, é um convite para (ela) filiar ao PSDB. Quero estender esse convite também para o MDB, que estaria de braços abertos esperando a deputada Laura, que poderia reforçar ainda mais as fileiras do bloco ‘Tem História’. Fica explicitamente feito o convite, já que o deputado Gustavo o fez apenas de forma implícita.” A deputada do Novo apenas agradeceu ambos. “(…) Aproveito para agradecer o suposto convite do PSDB e do MDB, mas eu declaro que estou muito feliz e satisfeita sendo do Novo e continuarei no meu partido.”

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