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Agosto é o pior mês da pandemia de coronavírus em Minas Gerais

movimento 24 agosto fernando priamo

Movimento na região central na última segunda-feira, 24 de agosto, cerca de três semanas após JF migrar para a onda amarela da nova versão do Minas Consciente (Foto: Fernando Priamo)

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Quase 90 mil mineiros tiveram diagnóstico confirmado para coronavírus apenas no mês de agosto, em estatística que beira uma média de três mil infectados por dia. Os dados foram retirados em análise da Tribuna sobre os boletins epidemiológicos publicados entre os dias 1º e 31 deste mês pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), constatando o mês mais severo da epidemia no estado.

No último dia 3 de agosto, o secretário da SES Carlos Eduardo Amaral repetia o discurso que já havia se tornado padrão nas coletivas da pasta estadual sobre o coronavírus: o da estabilização da proliferação do coronavírus no estado. Na ocasião, dias após a passagem dos piores 30 dias da pandemia em Minas até então, em julho, o titular voltava a garantir que os dados apontam para uma evolução sem grandes sobressaltos da epidemia, já adiantando maior flexibilização das restrições econômicas vigentes. “A tendência à queda será o fator que vai nos fazer migrar para uma maior liberdade econômica e um novo normal”, disse Amaral.

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A realidade exposta pelos dados emitidos pela própria secretaria chefiada por Carlos Eduardo Amaral, no entanto, vão justamente no contraponto ao discurso adotado pelo secretário. Desde 31 de julho, 89.451 mineiros tiveram contaminações confirmadas pelo coronavírus, novo recorde em um mês, ultrapassando em quase 10 mil casos o recorde anterior, registrado no último mês, quando 79.522 casos foram contabilizados pela pasta estadual.

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Número de óbitos dispara

Os dados são ainda mais significativos quanto ao número de óbitos associados à Covid-19, doença causada pelo coronavírus. Foram 2.566 vidas perdidas ao longo de agosto, de modo que o total de mortes em Minas Gerais tenha saído de 2.769 para 5.355 no período, aumento de 92%. Foram mais de mil óbitos a mais do que o constatado em julho, quando 1.762 vidas perdidas foram notificadas ao estado.

O quantitativo de internações nas redes pública e privada de saúde do estado também teve aumento relevante, com 8.117 contabilizadas pela SES durante o mês, totalizando 22.367 pessoas internadas desde o princípio da epidemia. A taxa foi semelhante à de julho, que segue sendo o recorde, com 8.604 pessoas necessitadas de tratamento nas unidades de saúde estaduais.

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Situação em Juiz de Fora

Os números negativos, como esperado, se refletem em diversos municípios mineiros que viram sua situação epidemiológica ser agravada. Tendo como fonte apenas os números emitidos pela SES, Juiz de Fora teve 1.345 casos confirmados de coronavírus durante o mês, além de 49 mortes. Atualmente, conforme os dados estaduais, o município tem 4.661 diagnósticos e 157 vítimas fatais da Covid-19.

O agravamento da epidemia em território juiz-forano já havia sido noticiado pela Tribuna na última sexta-feira. Na ocasião, análise sobre os boletins epidemiológicos municipais constataram que a cidade tinha a maior média de mortes por Covid-19 desde que entrou na onda amarela do programa Minas Consciente, que regula a retomada comercial no estado.

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Suposto controle antecedeu afrouxamento

O recorde da proliferação do vírus no estado coincide com a adoção do município no Minas Consciente 2.0, versão atualizada do programa que regula a retomada econômica do estado. Motivo de preocupação quando foi anunciado, em meados de maio, pelo rigor das restrições em suas originais cinco ondas de reativação da economia mineira, o programa foi tornado mais amigável e flexível a partir de agosto.

No dia 29 de julho, a reforma do Minas Consciente foi anunciada, passando a funcionar com apenas três ondas: vermelha (inicial), amarela (intermediária) e verde (final). Atualmente, das 14 microrregiões mineiras, 13 foram alocadas na segunda onda de flexibilização, enquanto apenas a microrregião Nordeste permanece na onda amarela, a mais rigorosa quanto às restrições. Municípios com até 30 mil habitantes, cerca de 730 cidades dentre as 853 do estado, no entanto, têm regras próprias e maior autonomia para definir seu próprio modelo de retomada.

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