Marcado para as 15h, o treino do Tupi em Santa Terezinha só foi iniciado às 15h32. O motivo era a chegada de Aílton Ferraz, novo técnico do Galo, que estava no Rio de Janeiro e participaria da atividade pela primeira vez desde o anúncio da contratação. Recepcionado pelo vice-presidente do Tupi, Roberto Cândido da Silva, o Boizinho, além do diretor de marketing Bernardo Fortuna e do diretor de futebol Nicanor Pires, o clima não parecia de uma equipe na vice-lanterna da Série C a quatro rodadas do fim.
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A seriedade foi deixada para as quatro linhas. Os primeiros passos do comandante carijó no CT marcavam também as brincadeiras do bem humorado profissional. Acompanhado da esposa e do empresário, Aílton parecia estar em casa. Dez minutos de conversas com os novos companheiros de comissão técnica, e Aílton foi recebido pelo ilustre “torcedor solitário”, como o carijó Augusto Costa é conhecido. “Vim desejar boa sorte ao Aílton. Por mim ele não tinha nem saído. Mas sabemos que não o valorizaram financeiramente. Ainda assim neste momento ele era o melhor nome”, opina Augusto.
Em campo, o técnico conversou cerca de 20 minutos com os jogadores, ao centro de um círculo formado pelos atletas. A atividade, sob comando compartilhado com o auxiliar Gustavo Brancão, teve o retorno do atacante Paulinho após suspensão, e ausência de Magalhães, que não atuará neste domingo (22), às 17h, contra o Luverdense (MT) fora de casa, pelo acúmulo de três cartões amarelos. O time foi formado por Vilar; Rodrigo Dias, Sidimar, Mateus e Kalu; Marcel, Leo Costa e Leo Salino; Paulinho, João Willian e Potita.
Durante os exercícios de transição ofensiva pelos lados, Aílton mostrou porque é chamado de técnico motivador em meio às observações do posicionamento defensivo do time em bolas aéreas, prioridade no início de trabalho. A cada jogada, o pedido era de altos níveis de atenção e de tomada de decisão. Isto porque o Galo sofreu 12 gols nos últimos quatro jogos. A estatística e o comportamento do profissional antecipam o que, na visão do treinador, formam um desafio ainda maior que o de 2017, quando ajudou o clube a escapar do rebaixamento do Estadual em oito rodadas.
“É um desafio muito grande, e coloquei para os atletas que aqueles que estiverem em dúvida, a porta está aberta. Não gosto de trabalhar com pessoas pessimistas. Aceitei o convite na hora, minha vida sempre foi de desafios e acredito pelos jogos que vi do time. Cedemos alguns jogos com erros individuais, mas o coletivo foi muito abaixo nas últimas partidas. O tempo é curto, mas o tesão, o sangue nos olhos, vamos buscar. Tive um tempo maior no Mineiro, mas espero que a gente tenha uma resposta já no próximo jogo, que é de 6 pontos. Temos que ter inteligência para jogar e tenho certeza que teremos êxito”, analisa Aílton.
‘Sonho de maluco’
Sonho de maluco. Desta forma Aílton caracterizou experiência pessoal que teve e que dividiu com jogadores e jornalistas, ao admitir que somar um ponto em Lucas do Rio Verde (MT) não é um resultado ruim. No conto, contudo, ele foi além. “Dá para pensar em empate. Jogar com inteligência é isso. É um jogo de 6 pontos que você não pode perder. Vamos para ganhar, mas o empate não é ruim, porque te dá condições de usar a força da nossa casa. E sou meio maluco, mas só os loucos sobrevivem, e sonhei que o Bragantino não vai somar pontos, nós vamos ganhar tudo e passar eles. Esse foi meu sonho, fazer o que? Os loucos sobrevivem, então vou ser louco sempre!”, brinca o comandante. O Tupi é o vice-lanterna com 14 pontos, um a menos que o Luverdense. O Bragantino, citado por Aílton, é o quarto lugar com 25 pontos.