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Diretoria do Tupi pede desculpas e fala em falta de comprometimento de atletas

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Cúpula do Tupi concedeu entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, três dias após o rebaixamento para a Série C (Foto: Marcelo Ribeiro)
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A tarde desta terça-feira (14), na sede social do Tupi, foi de explicações após o rebaixamento à Série D do Campeonato Brasileiro. Em mais de uma hora de perguntas e respostas, a presidente do clube, Myrian Fortuna, o diretor de Finanças, Jarbas Raphael, e o gestor de futebol alvinegro, Nicanor Pires, falaram pela primeira vez após a queda ser confirmada no último fim de semana. O trio pediu desculpas ao torcedor carijó pelo resultado, revelou falta de comprometimento de atletas na competição nacional e reiterou as dificuldades financeiras vividas pelo clube ao citar as folhas salariais da equipe das últimas três temporadas e a verba adquirida de patrocínios para o ano.

A mandatária carijó lamentou o descenso, mas ressaltou o trabalho feito em mais uma temporada, emocionada. “Isso está doendo muito primeiro em nós. Fizemos um trabalho sério desde que chegamos aqui. Se acham que é fácil escrever no muro do Tupi “fora Nicanor, fora Myrian” e ter gente que apoia, não sabem o que passa aqui dentro, nem como é manter o time cumprindo com os compromissos. Fui para Erechim de carro, tinha esperança muito grande no grupo e cheguei primeiro que os jogadores. Até o Volta Redonda concordou em transferir o jogo, mas infelizmente a CBF negou em cima do estatuto do torcedor e do regulamento. Mas estamos aí para levantar a cabeça. (…) E nosso dever é cumprido com muita responsabilidade. Não fizemos loucuras. Quero agradecer a imprensa e acho que todos têm que respeitar o clube, é uma história centenária. Vamos nos reerguer”, avaliou.

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Motivos da queda e admissão de erro

Após pedidos de desculpas ao torcedor pelo descenso, Nicanor elencou os motivos da ida à Série D de 2019. “Até comemoramos ter segurado a base do Mineiro, perdendo só o Tchô, o Patrick Brey e o Renato Kayser, que fizeram muita falta. Trouxemos peças de reposição, que infelizmente não corresponderam. Um fator preponderante para o insucesso do Tupi foram as lesões. Só cirurgias de joelho foram quatro de atletas considerados titulares, casos do Vitinho, Daniel Morais, Wellington Reis e Wellington Batista, além de lesões musculares. É dificil para um clube do interior repor tantas perdas, com pouco recurso financeiro. Sem contar o fato de que perdemos o Patrick que vivia o melhor momento na competição e tivemos que improvisar o Potita como camisa 9.”

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Aliado às lesões, Nicanor admitiu ter errado na formação do elenco. “O erro que cometi nesse campeonato foi de montar um elenco muito pouco comprometido. As trocas que conseguimos fazer, realizamos, mas não tinha como trocar tudo. Então, infelizmente, e sem generalizar, o Tupi nessa Série C foi formado por muitos atletas que não tinham comprometimento algum com o clube, com o torcedor, com a competição. Chegavam atrasado nos treinos, nas viagens, e não adiantou multar, fazer reuniões, nada. Chegamos a esta situação que não gostaríamos.”

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Finanças e divulgação dos balanços

Ao destacar as dificuldades financeiras do clube, sobretudo quando o contexto é comparado ao dos adversários da Série C, Nicanor expôs a folha salarial e outros números do clube nas últimas competições disputadas. Na Série C de 2017, a folha mensal do clube foi de R$ 50 mil. O número aumentou no Mineiro deste ano para R$ 60 mil e, nesta Série C, para R$ 70 mil. Há ainda despesas do clube nos jogos em casa, de R$ 10 mil a R$ 12 mil, segundo Jarbas Raphael. De receitas, o clube teve R$ 850 mil brutos, relativos aos direitos de televisão do Estadual, mais R$ 51 mil mensais de patrocínios (R$ 30 mil da Prefeitura de Juiz de Fora e o restante dividido em quantias menores dos outros parceiros). Desta quantia, R$ 30 mil não estão em dia, segundo a cúpula.

Presidente Myrian Fortuna explicou também questões sobre a folha financeira do clube (Foto: Marcelo Ribeiro)

A presidente também foi questionada sobre a opção de não encaminhar à imprensa o balanço financeiro anual do clube. Para ela, contudo, a única obrigação do Tupi é para com a Federação Mineira de Futebol e Profut. “De três em três meses fazemos reuniões do Conselho, temos que apresentar balanço para o Profut, para a Federação, mas têm coisas de contrato que não posso expor. O clube passa para os sócios, conselheiros. Estamos toda segunda-feira reunindo com a contadora. Quem quiser vir, teremos balanço para publicar. Os outros podem pegar na Federação”.

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Semifinal com o Cruzeiro ainda repercute

O Tupi teve, em toda a Série C, uma média de público pagante de 417 pessoas. Nicanor, criticado pela tentativa de levar o primeiro jogo da semifinal do Estadual para o Mineirão, afirmou que a decisão inicial teria partido dos atletas.

“Foi um pedido que partiu dos próprios jogadores jogar em BH porque foi acordado que eles teriam um percentual da renda do jogo como premiação pelo título do interior. Compramos a ideia e concordamos com eles pensando na saúde financeira do Tupi para evitar que acontecesse o rebaixamento, que ocorreu. Um jogo em BH contra o Cruzeiro, no Mineirão, poderia representar um orçamento significativo para o Tupi. Temos nossa parcela, mas não que carregar a culpa por algo que o torcedor desconhece.”

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