A sexta-feira (13) de Gabriel Araújo, o ‘Gabrielzinho‘, foi movimentada em Juiz de Fora. Depois de atravessar a cidade em um carro aberto do Corpo de Bombeiros, o nadador que conquistou três medalhas de ouro nas Paralimpíadas de Paris desfilou no Colégio Academia e tirou fotos com crianças e funcionários. Ele também concedeu entrevista coletiva à imprensa juntamente com o técnico Fábio Antunes. Nela, o medalhista paralímpico contou como foi a sua preparação, a relação com seu treinador, seu principal objetivo na competição e seu futuro.
Em Paris, Gabrielzinho participou de sua segunda Paralimpíada. Segundo o paratleta, seu principal objetivo na França era conquistar a medalha de ouro nos 100m costas, prova em que foi prata em Tóquio. “A gente sempre treina para ganhar e para ser o melhor, para ter uma alta performance e chegar no topo do pódio. A gente não conseguiu em Tóquio, então esse grito de campeão na prova foi o nosso principal objetivo. O que mais incomodou nesse ciclo era isso (a medalha de prata)”, relata.
Evolução dentro do ciclo
Durante os cerca de três anos de ciclo paralímpico, Gabrielzinho considera que amadureceu muito para Paris e que isso foi fundamental para os três ouros. “Entendi mais o processo, as etapas, cada periodização. O mais importante é a evolução diária, então é sempre pensar em ser o melhor, em fazer o melhor e dar o melhor de mim, porque quando chegasse na competição, é como se eu já estivesse preparado para tudo”, afirma o paratleta.
“Vim com uma estrutura muito diferente nesse ciclo, tanto no trabalho do Fábio, quanto em toda a equipe multidisciplinar que ele coordena. Todas as pessoas facilitam o meu trabalho, então isso é muito bom. A cada dia, a cada evolução, cada competição que a gente consegue desenvolver um trabalho melhor, os resultados vão ficando cada vez melhores também”, complementa Gabrielzinho.
Fábio destaca que, além da parte mental, Gabrielzinho também evoluiu fisicamente, o que permitiu alcançar tais resultados. Para o treinador, o trabalho em conjunto de técnico e paratleta foi a chave para o sucesso em toda a preparação. “Ele conhece muito o corpo, é muito habilidoso e coordenado. Então eu faço a proposta e ele me dá bons feedbacks”, afirma Antunes.
De acordo com o treinador, o trabalho de preparação física de Gabrielzinho foi muito autoral. “Foi com muita criatividade, força de vontade, pesquisa, estudo, análise de biomecânica, análise de imagens, tudo o que é possível a gente fez para poder chegar nesse modelo atual. Acredito que é o caminho que vem dando certo, mas a gente tem muito a melhorar em relação a essa parte física”, relata Fábio.
Cartas para Gabrielzinho
Durante a estadia em Paris, Fábio revela que existia uma dinâmica em que Gabrielzinho sempre lia cartas de familiares e amigos escolhidas aleatoriamente antes das provas. Porém, no dia das provas dos 100 m costas, a carta escolhida foi a escrita pelo próprio treinador.
“Abri meu coração. Falei que isso me incomodou durante muito tempo, e que nessa prova a gente talvez tenha vacilado de alguma forma por não ter tido resultado melhor. A gente entrou muito nervoso na final, porque eu entro com ele, então também sinto essa essa energia. Acho que a gente poderia ter cercado melhor essas variáveis. Mas às vezes também foi importante para que a gente conquistasse uma evolução, um amadurecimento profissional”, afirma Fábio.
“É só o começo”
Com seis medalhas paralímpicas no currículo – cinco de ouro e uma de prata -, Gabrielzinho entende que pode alçar voos ainda maiores em sua carreira. “Penso em entrar para a história. É só o começo e tem muita coisa para acontecer ainda. Tenho que manter os pés no chão e a cabeça sempre focada nos meus objetivos, nas minhas metas, porque a gente bateu as metas dos Jogos de Paris, mas tem Campeonato Brasileiro no final do ano, tem Mundial ano que vem”, projeta.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Fábio afirma que o foco já está voltado para o próximo ciclo. “A gente vive de resultados. Eles aparecem, a gente curte por alguns dias e volta ao trabalho. (…) A gente tem metas audaciosas. Queremos entrar para a história como a melhor dupla de todos os tempos”, diz Antunes.
Desfile pelas ruas de Juiz de Fora
Antes de conceder entrevista coletiva, Gabrielzinho e Fábio desfilaram em um carro do Corpo de Bombeiros pelas ruas de Juiz de Fora na manhã desta sexta-feira (13). Durante o trajeto, eles foram ovacionados pelos juiz-foranos que acompanharam o trajeto.
O percurso começou na sede do Corpo de Bombeiros, localizada na Avenida Brasil. Em seguida, a dupla passou pelo Bairro Santa Terezinha e acessaram a Avenida Rio Branco. Na altura do Parque Halfeld, o veículo parou para que a população e o atleta tirassem fotos. O trajeto seguiu até o Bairro Altos dos Passos, onde retornaram com direção ao Corpo de Bombeiros novamente.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva