O Palmeiras tirou da base do Corinthians o menino Lucas Flora, de apenas 10 anos, considerado um fenômeno na sua categoria e comparado a Endrick. A informação foi revelada por Claudinei Alves, diretor das categorias de base do clube alvinegro, nessa terça-feira (4), em entrevista ao “Podpé”, podcast do ex-jogador Marcelinho Carioca. O Estadão apurou com fontes ligadas ao rival, que confirmaram a chegada do menino aos juniores do time alviverde.
Lucas Flora começou a chamar atenção pelas atuações neste ano, com vídeos do garoto impressionando torcedores nas redes sociais. Segundo Claudinei Alves, à frente da base alvinegra desde o início do mandato de Augusto Melo, foi oferecido ao menino primeiramente um salário de R$ 3 mil e o mesmo valor de auxílio moradia, além de o clube bancar custos com escola e convênio médico, totalizando uma despesa de R$ 10 mil mensais. Posteriormente, a diretoria subiu a proposta salarial para R$ 7 mil, mas não houve resposta.
De acordo com o dirigente, o panorama mudou quando Flora mudou de empresário. O agente teria informado Claudinei que foi contratado com a missão de oferecer o menino a outros dois clubes. Dias depois, Flora optou pelo Palmeiras. Ao podcast de Marcelinho Carioca, o diretor da base do Corinthians afirma que o rival ganhou a disputa nesta semana ao chegar com uma proposta salarial de R$ 15 mil e mais luvas de R$ 200 mil para assinatura de contrato.
“Nunca vimos uma situação dessa. O garoto é corintiano. No dia que ele foi lá (no clube) ele ficou super emocionado. Nós mostramos o projeto que íamos fazer com ele. O Corinthians agiu até onde pôde”, disse Claudinei sobre a situação de Flora, já patrocinado pela Nike.
“Eu não paguei luvas para nenhum atleta de base, nem para os que foram para o profissional. A família do Bidon queria luvas. Normal, mas me comprometi a eles que se um dia eu pagasse alguém, eles poderiam vir aqui cobrar o milhão deles. Não podemos onerar o clube com esse tipo de despesa. (Lucas Flora) É craque? Hoje é, mas o Fabrício Oya também era”, disse o dirigente, em referência a ex-joia alvinegra, atualmente no modesto Azuriz-PR.
O Estadão apurou que a recente trajetória vitoriosa do Palmeiras nas categorias de base pesou na escolha do atleta e sua família pelo rival. Nas redes sociais, o caso foi comparado ao de Estêvão, de 17 anos, cujo primeiros passos foram dados na Academia de Futebol antes de ir para o Cruzeiro. Em 2021, divergências de contrato com o clube mineiro fizeram o atleta retornar a São Paulo, aos 14 anos, para vestir novamente a camisa palmeirense, gerando críticas da diretoria celeste.
Os mineiros citaram João Paulo Sampaio, gerente do Centro de Formação de Atletas do Palmeiras, como o principal motivador da saída de Estêvão da Toca da Raposa. Os paulistas se defenderam, afirmando que o atleta poderia ter escolhido propostas mais vantajosas, mas decidiu pela Academia de Futebol pelo projeto apresentado à época. Titular com Abel Ferreira, o atacante está sendo negociado com o Chelsea, da Inglaterra, por 40 milhões de euros (R$ 223 milhões) e mais 25 milhões de euros (R$ 140 milhões) variáveis por metas alcançadas.
Acordos celebrados com jovens antes dos 14 anos não têm validade desportiva e são mera formalidade. Isso porque a legislação brasileira só permite vínculo a partir da idade citada, e contratos profissionais a partir dos 16 anos. Assim, Lucas Flora, por exemplo, ainda poderia trocar o Palmeiras por outro clube sem a necessidade de multa.