G12 reclama de falta de diálogo com a Prefeitura
Queixa foi feita pelo assessor jurídico do grupo, Rubens de Andrade Neto, em entrevista à CBN
Em entrevista à Rádio CBN, o assessor jurídico do G12, Grupo das Entidades Representativas Empresariais de Juiz de Fora, Rubens de Andrade Netto, demonstrou insatisfação do setor econômico com as medidas adotadas pela Prefeitura para o controle da pandemia em Juiz de Fora. A principal queixa do grupo é a falta de diálogo com Administração municipal, que teria substituído reuniões semanais por um modelo de comunicação através de ofícios.
“Desde o início de março, estávamos estabelecendo conversas com a Prefeitura para discutir um equilíbrio entre as questões de saúde e as econômicas. Estamos há 70 dias parados em Juiz de Fora, e todas as cadeias produtivas são prejudicadas, então temos que tratar de uma retomada gradual com segurança”, expõe o assessor. O G12 reúne representantes de diversos setores produtivos, como comércio, indústria, panificação, educação, alimentação e turismo.
Durante a entrevista, Rubens ressaltou pontos que, na visão do grupo, acarretam prejuízo à economia local. O primeiro deles seria o descompasso entre os períodos de análise de ondas do Minas Consciente e da Prefeitura de Juiz de Fora. “A partir do momento em que o município decidiu por aderir ao Minas Consciente, a decisão das fases das ondas em que nós estaremos não compete mais ao prefeito de Juiz de Fora, mas ao Comitê Extraordinário Covid-19 do Estado de Minas Gerais, ligado à Secretaria de Saúde, que analisa semanalmente em que onda cada macrorregião deve estar. Na outra ponta, temos um problema de conflito com o decreto municipal, que diz que a análise será feita a cada 21 dias, enquanto o Estado diz que a análise será feita semanalmente.”
O segundo ponto levantado pelo entrevistado foi a determinação de que a mudança de ondas na cidade só aconteceria através de autorização feita por um novo decreto municipal. “É um absurdo, pois caso o comitê decida pelo progresso de onda ou até mesmo pela regressão, a modificação da onda deveria ser automática pelos municípios que compõem a macrorregião. Isso é mais um retardo na nossa possibilidade de retomada na economia”, explica Rubens, que vê o decreto como um equívoco. “Se dependermos da agilidade do município, que não temos visto, ficamos no prejuízo, porque cada dia de paralisação na economia são mais empresas que entram em falência e mais empregos que são perdidos. Precisamos de agilidade.”
Shoppings
Rubens de Andrade Neto manifestou ainda preocupação com estabelecimentos que podem não retomar suas atividades ou sofrer com dificuldades durante a reabertura, em especial o shopping center. “As pessoas estão preocupadas com a reabertura e o pagamento de suas taxas de condomínio. Vários shoppings diminuíram a cobrança de determinadas taxas, mas há o medo de que a população não vá frequentar o estabelecimento, gerando ainda mais prejuízos com a abertura. Nós precisamos de uma conscientização da população e dar segurança a ela.” Rubens ainda se queixou da fala do prefeito durante uma live no Instagram, interpretando que houve uma desestimulação da população a frequentar bares. “Ele não só não ajuda a iniciativa econômica a voltar à atividade, como incita a população a não participar da economia.”
Segundo o assessor jurídico, o G12 está disposto a retomar o diálogo com a Prefeitura, montando frente de trabalho com análises e estudos. Uma de suas propostas iniciais era, inclusive, escalonar os turnos de funcionamento do comércio, para evitar aglomerações. “Chegamos até a propor colocar dinheiro na compra de equipamentos e nem retorno para isso tivemos. Não podemos ficar agindo passivamente diante da crise, o trabalho tem que ser feito por todos”, diz, afirmando ainda que o G12 está iniciando um novo processo de aproximação com a Secretaria de Saúde.
‘A Prefeitura quer voltar à normalidade’, diz secretário
Em resposta às reclamações, o secretário de Governo, Ricardo Miranda, afirmou que a Prefeitura deseja voltar à normalidade, mas entende que está enfrentando um problema muito sério de saúde pública. Ele ressaltou ainda que a Prefeitura se preocupa com a suspensão de atividades e tem constantemente realizado diálogo com setores da economia, mas o momento exige cautela.
“Precisamos ter cuidado ao tomar medidas que podem impactar nesse sentido. A Prefeitura está trabalhando, aumentamos o número de leitos de UTI em 42% em Juiz de Fora e contratando profissionais na área de saúde, que está muito difícil. Os chamamentos não têm tido sucesso e estamos tentando criar atrativos para trazer profissionais para a saúde. Na área de assistência, por meio de cartão, começamos a distribuir merenda para famílias carentes. Temos um trabalho diário de atendimento e orientação à população de rua. Temos conversado com setores de serviço e comércio, que têm nos procurado diariamente. Estamos abertos ao diálogo e queremos voltar à normalidade, mas o momento requer um pouco mais de cautela e método. Estamos chegando perto do terceiro mês de suspensão das atividades, isso nos preocupa muito, mas vamos retornar de forma gradativa e com muita responsabilidade.”