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Telefonia leva 8 por dia ao Procon

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Não é novidade que o juiz-forano enfrenta problemas com a telefonia móvel. Os números, porém, ainda surpreendem. De janeiro até a última quinta-feira, 2.228 queixas contra as operadoras foram registradas no Procon da cidade. Em média, o órgão recebe pelo menos oito reclamações deste tipo por dia. A insatisfação também pode ser medida nas ruas: esta semana a Tribuna conversou com clientes de todas as empresas em atuação no mercado local e ouviu críticas relacionadas, principalmente, às tecnologias que permitem o acesso à internet pelo celular.

A Oi segue como detentora da maior fatia de queixas registradas em Juiz de Fora, 55% (ver arte). Os dados referem-se a todo tipo de problema relacionado às operadoras, incluindo a prestação do serviço de internet móvel que, de acordo com o superintendente do Procon-JF, Nilson Ferreira Neto, corresponde a cerca de 40% dos registros. “O volume grande de reclamações se dá pela má qualidade do serviço prestado na cidade, em especial à Oi. Atrelado a este fator, há o aumento na demanda e, diante disto, as operadoras oferecem pacotes com valores muito baixos com velocidade para a transmissão de dados bem inferior.”
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estima que existam atualmente em Juiz de Fora, somada aos demais municípios que possuem o código de área 32, cerca de 2,5 milhões de linhas, todas detentoras de tecnologias que permitem conexão móvel, popularmente conhecidas como 2G, 3G e 4G. As quatro operadoras em atuação na cidade são avaliadas, mensalmente, pela agência, por meio de um índice que indica a qualidade do serviço prestado. Com relação à transmissão de voz, considerando os últimos números disponibilizados pela Anatel, todas as operadoras atendem à referência mínima estipulada pelo órgão. Quando é avaliada a taxa de conexão de dados, a realidade é outra: apenas Vivo (98,99%) e Claro (98,41%) estão acima do índice de 98% considerado aceitável pela agência. Oi tem 88,58% e Tim, 96,27%.

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Nas ruas
Falhas intermitentes de sinal e regiões de sombra são os problemas que mais incomodam os usuários ouvidos pela Tribuna nas ruas de Juiz de Fora. Boa parte dos entrevistados destacou a ausência de rede para conexão da internet em seus celulares, sobretudo, na região central.

Em plena Rua São João, o engenheiro José Said Menzer, 54 anos, cliente da Oi, não conseguia buscar por informações sobre um restaurante em seu dispositivo móvel. “A conexão é muito irregular”. No mesmo ponto, o assistente comercial, Bernardo Tesch, 22, também cliente da Oi, enfrentava dificuldades para conseguir acesso a um aplicativo de mensagens instantâneas. “Isso é frequente na região Central”, comentou.

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“A velocidade é bem limitada. Não consigo enviar email e nem abrir aplicativos”, relata o jornalista Anderson de Oliveira, 24, usuário da Claro, destacando que nos bairros Grama e Dom Orione, o acesso é praticamente impossível. O estudante Gustavo Monteiro, 23, que usa a mesma operadora, engrossa o coro dos descontentes. “Há muita lentidão e falta de disponibilidade no serviço de internet. Sinto isso em vários locais da cidade, independente de proximidade com prédios ou morros.”

Para os clientes da Tim, a velocidade ofertada pela operadora é regular. “A conexão costuma travar e já senti dificuldades em acessar a internet em bairros localizados em regiões mais altas”, comenta a estudante Maria Cristina Malaquias, 27. “O sinal é muito instável e cai demais. Não consigo acessar nem em casa, no Granbery. O limite diário para o uso expira muito rápido, inclusive, antes mesmo de usar”, relata a funcionária pública Ivonete Furtado, 58.

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De uma forma geral, os entrevistados que utilizam os serviços da Vivo se mostraram mais satisfeitos. “Hoje não tenho problemas, mas quando tinha a Oi, o serviço era muito ruim e sempre ficava sem sinal”, destaca o estudante Ícaro Melo Nogueira, 21. A estudante Mariana Costa, 20, também usuária da Vivo, é uma das exceções. “O pacote que pago deveria durar o mês inteiro, porém, não passa de três dias. Além disso, a conexão falha em muitos pontos da cidade.”

Distribuição

O especialista em telecomunicações pela UFJF Almir Gonçalves Pereira explica que, do ponto de vista técnico, o problema encontrado em Juiz de Fora é a quantidade de antenas dispostas no município. “A topografia atrapalha bastante, mas o que de fato ocorre é que a frequência do sinal de internet móvel é muito alta, permitindo bloqueios. A simples passagem de um ônibus ou as paredes dos prédios podem influenciar na recepção dos celulares. Quanto mais baixa a frequência, melhor é a distribuição. Mas, no país, esta frequência está sendo utilizada para a transmissão do sinal digital para televisão.” Neste sentido, um maior número de antenas diminuiria o problema.

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Sobre as áreas de sombra – ausência de sinal – o especialista pontua que elas existem, mas são dinâmicas, devido a distribuição das torres. “Ao se aumentar o número de antenas de uma mesma operadora em determinado local, a potência abaixa para melhor dividir o sinal. Para garantir a qualidade, a potência precisa ser alta.”

Almir destaca, ainda, que o desempenho do sinal de internet móvel nos celulares independe do modelo ou dos sistemas operacionais utilizados, como Android ou IOS. Quando há maior concentração de usuários em um determinado local, porém, como as ruas do Centro, a queda na velocidade da internet acontece.

Revisão de regras em outubro

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Diante do cenário construído em Juiz de Fora, desde 2013, a Câmara Municipal e a Prefeitura de Juiz de Fora articulam, junto às operadoras de celular, formas de melhorar a prestação do serviço na cidade. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Geração de Emprego e Renda, André Zuchi, em meados de outubro deve acontecer a esperada assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que prevê a revisão do marco regulatório da telefonia em Juiz de Fora, que trará novas regras para investimentos no setor.

“As negociações englobam questões envolvendo agilidade para os pedidos de novas antenas, licenciamento e redução das taxas por parte da PJF. Em contrapartida, o município exige que as operadoras se comprometam em fazer investimentos para melhorar o sinal. Queremos virar esta página”, espera Zuchi.

O assessor jurídico consultivo do Sedecon, Carlos Alberto Gasparete, que acompanha os trabalhos da Comissão Especial de Telefonia, Comunicação e Internet Móvel da Câmara Municipal, disse à Tribuna que em todas as reuniões realizadas junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), muito se falou, mas nada de concreto foi firmado. “Aguardamos agora as propostas de investimento das operadoras. Há uma reunião marcada para a próxima sexta-feira. Até o momento, não temos nenhum avanço.”

Paralelo a este processo, corre na Promotoria de Defesa do Consumidor de Juiz de Fora um inquérito civil público, representado pelo Procon-JF, que busca acordo junto às operadoras para melhorar o serviço em Juiz de Fora. “Neste momento, aguardamos a resposta das empresas. Caso não haja acordo, o Ministério Público entrará com uma ação civil pública para exigir que as operadoras instalem novas antenas, e arquem com os custos”, explicou o promotor de Justiça, Plínio Lacerda.

Operadoras relatam investimentos

As queixas relatadas pelos entrevistados nesta reportagem foram encaminhadas às operadoras. A Oi, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que, neste ano, já investiu R$ 6,3 milhões em melhorias no serviço em Juiz de Fora, sendo a maior parte do recurso destinada à rede de telefonia móvel 3G e 4G. “Com a instalação de novos equipamentos e ampliação dos já existentes, a capacidade de tráfego da rede teve aumento de 12% na telefonia móvel 2G e de 26% na telefonia móvel 3G”. Segundo a Oi, foi inaugurado, em julho, o projeto “Solução Procon”, em parceria com o Procon-JF, para o atendimento presencial de todos os clientes da operadora e, desde então, já foram realizados mais de 680 atendimentos, com 96% de solução. O Procon-JF não quis comentar a parceria.

A Claro disse que, nos últimos 12 meses, realizou na cidade a expansão da capacidade de rede em 13 estações com tecnologia 3G e implantou a cobertura 4G nas estações já instaladas. “Com base na revisão dos principais processos de atendimento às demanda dos usuários, a operadora terá investido, de 2012 até 2014, R$ 6,3 bilhões em infraestrutura”, diz a nota.

A Vivo informou que, de janeiro até setembro, foram feitas 39 ampliações da capacidade de atendimento em antenas existentes na cidade, além de seis novas antenas. Para 2015, haverá o plano de expansão de rede, que prevê novas instalações. “Considerada estratégica pela empresa, Juiz de Fora foi uma das primeiras cidades mineiras a contar com a tecnologia 4G da Vivo. A rede de quarta geração, inaugurada em outubro de 2013, está disponível em 32 bairros da cidade”.

Em nota, a Tim disse estar atenta à qualidade da sua rede e focada na melhoria dos serviços, acompanhando o constante crescimento do tráfego de dados, mas reitera que fatores externos como relevo, estrutura das edificações e áreas de sombra podem influenciar na qualidade do serviço. “A Tim concentra esforços em dois projetos: Fiber-to-the-site, que conecta fibra óptica às antenas para aumentar a capacidade, e o MBB (Mobile Broadband – “Banda larga móvel”), que proporciona um desempenho diferenciado de navegação.”

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