Ícone do site Tribuna de Minas

Salário mínimo 2025: aumento de 7,5% deve injetar R$ 81,5 bi na economia

PUBLICIDADE

O salário mínimo será reajustado para R$ 1.518 em 2025, um aumento de R$ 106 em relação ao valor pago no ano anterior. O reajuste de 7,5% supera a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2024 em 4,84%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e incorpora um adicional de 2,5% correspondente ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

O reajuste segue a nova regra aprovada pelo Congresso Nacional, que vincula a atualização do salário mínimo aos limites estabelecidos pelo novo arcabouço fiscal. De acordo com a norma, válida de 2025 a 2030, o salário mínimo terá um ganho real entre 0,6% e 2,5% acima da inflação.

PUBLICIDADE

O novo salário passará a ser pago em fevereiro, assim como os novos valores de benefícios vinculados a ele, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o abono salarial e o seguro-desemprego. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 59 milhões de pessoas no Brasil têm rendimento ligado ao salário-mínimo e, aproximadamente, 19 milhões de aposentados e pensionistas recebem salário mínimo.

PUBLICIDADE

Ainda segundo o Dieese, o reajuste representa um incremento de renda de R$ 81,5 bilhões na economia brasileira. O aumento da arrecadação tributária sobre o consumo será de R$ 43,9 bilhões. 

Trabalhadores formais receberão salário com reajuste a partir de fevereiro (Foto: Felipe Couri)

Aumento do poder de compra das famílias 

O aumento do salário mínimo causa um impacto significativo para as famílias – em especial, as de baixa renda. A economista da Fecomércio MG, Fernanda Gonçalves, esclarece que, com o reajuste, elas terão um aumento no poder de compra, o que pode melhorar a qualidade de vida. “As contas públicas também são impactadas pelo aumento, pois ajusta o benefício social e previdenciário, como aposentadoria e pensões, que são valores baseados no piso salarial.” No entanto, parte desse aumento de gastos nas contas públicas retorna via arrecadação tributária. 

PUBLICIDADE

Com relação ao teto no aumento real estabelecido pela política de reajuste, de até 2,5% acima da inflação, a economista explica que o Governo tem como objetivo a maior previsibilidade econômica, pensando nas contas públicas. Além disso, ajuda a proteger o poder de compra das famílias contra a inflação e garantir um nível mínimo de subsistência.

Reflexos na inflação e no mercado de trabalho

Por outro lado, o reajuste pode provocar um efeito inflacionário na economia. “Quando os salários aumentam, os custos de produção para as empresas também tendem a subir, especialmente setores que empregam muitos trabalhadores. Esses custos adicionais são repassados ao consumidor por meio de preços mais altos, principalmente setores de bens e comércio”, destaca. Além disso, o aumento do poder de compra pode levar a uma maior parte da demanda por produtos de serviços, o que pode também pressionar os preços para cima.”  

PUBLICIDADE

Além desses fatores, Fernanda conta que o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um trabalho que analisa o impacto do aumento do salário mínimo, ao longo dos anos 2000, na desigualdade de renda do Brasil. “Quando o salário mínimo aumenta, ao mesmo tempo em que a disparidade de renda no mercado formal de trabalho diminui, a demanda de pessoas que vão para o mercado informal cresce. O estudo também mostra que metade dos brasileiros trabalha de modo informal. Ou seja, quando eles chegam nesse mercado, além de não possuir uma lei trabalhista que os protege, tendem a trabalhar por um valor menor que o salário mínimo oferecido – gerando maior desigualdade de renda ao longo do tempo.”

Aposentados e pensionistas demandam ganho real no reajuste do benefício (Foto: Felipe Couri)

Aposentados e pensionistas 

De acordo com o Boletim Estatístico da Previdência de setembro de 2024, 50,6% da massa de benefícios previdenciários correspondem a valores equivalentes a até um salário mínimo, abrangendo 69,6% do total de beneficiários. Segundo o Dieese, o reajuste de R$ 106 no salário mínimo representará um custo adicional anual de, aproximadamente, R$ 38,9 bilhões para os cofres públicos.

Para a Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Juiz de Fora (AAPI-JF), o reajuste do salário mínimo não é suficiente para cobrir gastos regulares dos beneficiários, como aluguel e medicamentos. O presidente da instituição, Maurício Rocha, destaca que muitos aposentados que recebem um salário mínimo são responsáveis pelo sustento de toda a família. “A dificuldade é enorme, tanto para o aposentado quanto para o pensionista. Eles precisam lidar com despesas como remédios, aluguel e cesta básica, mas não conseguem dar conta de tudo. Em muitos casos, essas pessoas ainda sustentam netos, filhos, genros e noras, o que frequentemente as obriga a recorrer a empréstimos consignados.”

PUBLICIDADE

Outro fator comentado pela Associação é a defasagem na aposentadoria de quem ganha mais que um salário mínimo. Para essa parcela da população, o reajuste do benefício é definido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que será divulgado nesta sexta-feira (10). Como a correção será feita somente pela inflação, quem recebe aposentadoria acima do piso previdenciário terá um reajuste menor do que os que ganham até um salário mínimo – reajustado em 7,5%.

“Se você ver, quem recebia cinco salários mínimos há uns sete anos, hoje recebe pouco mais que um salário mínimo. Aqui na Associação é uma reclamação constante. Nosso departamento jurídico recebe todos os dias reclamações nesse sentido. O salário do aposentado está sempre se defasando, ele não consegue acompanhar o percentual de aumento do salário mínimo”, afirma Maurício Rocha.

*Estagiário sob a supervisão da editora Gracielle Nocelli

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile