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Preço do leite aumenta pelo sexto mês consecutivo

Preço do leite aumenta pelo sexto mês consecutivo
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(Foto: Felipe Couri)
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Quem acompanha o preço do leite na prateleira do supermercado tem ficado preocupado. O valor do produto, que integra a cesta básica das famílias brasileiras, teve alta consecutiva pelo sexto mês. Conforme pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), o preço do leite avançou 5,1% em abril, chegando a custar, em média, R$ 2,46 o litro ao produtor.

Já em relação ao consumidor, o aumento de preço foi de 3,8% de janeiro a maio deste ano, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sendo assim, leite e derivados puxam a inflação do ano, visto que o índice do período ficou em 2,1%, abaixo do aumento do produto. Nos mercados de Juiz de Fora, o litro do leite integral está custando entre R$ 6,29 e R$ 6,99. Já o leite desnatado e semi desnatado está variando entre R$ 5,19 e R$ 5,69 o litro.

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Ainda de acordo com o levantamento do Cepea, com a alta de abril, na parcial do ano o preço do leite ao produtor acumula avanço real de 18,7%. O índice nacional fica um pouco abaixo do que é observado em Minas Gerais. Conforme levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de dezembro a abril, o aumento registrado foi de 12%. Conforme aponta o pesquisador Samuel Oliveira, a média do preço do leite em Minas, pago ao produtor, era de R$ 2 em dezembro e passou para R$ 2,46 em abril, alta que ele considera expressiva.

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A explicação para esse aumento envolve diversos fatores, mas, segundo Samuel, é esperado nesta época do ano. “Historicamente, maio é o mês de menor produção no Brasil, por questões climáticas, chuva, temperatura e disponibilidade de alimento para o gado, entre outros fatores.” Esse período é chamado de entressafra e ocasiona uma menor oferta do produto, o que, consequentemente, faz o preço aumentar. “Outro fator é que saímos de um período em que o preço do leite estava mais baixo, isso gera um desestímulo à produção. Sem produção, o produto começa a ficar escasso no mercado doméstico. A escassez leva a maior procura e também o aumento do preço do leite.”

Enchentes no Sul

As enchentes no Rio Grande do Sul também são outro fator que pode estar colaborando para a escalada no preço do leite. Há um mês, o estado teve 471 municípios atingidos pelas cheias, 169 pessoas mortas e mais de 600 mil desalojados. Conforme Samuel Oliveira, o Rio Grande do Sul é responsável pela produção de 12% do leite do país.

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“Ainda não é possível precisar o volume que está deixando de ser entregue por conta das enchentes. Mas, com certeza, fazendas estão com dificuldades devido a destruição de suas lavouras e pastagens. Há a dificuldade no transporte também, já que algumas estradas ainda estão prejudicadas.”

Como explica, a própria indústria, devido a obstrução de estradas, pode estar com dificuldade para fornecer o produto para o atacado e varejo.

Preço ao produtor x preço ao consumidor

Os dados do Cepea mostram que o aumento do preço do leite ao produtor foi mais expressivo do que o que chegou, de fato, ao consumidor final. O economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), unidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Matheus Dias, explica que isso pode ocorrer devido a uma estratégia do próprio mercado para não afastar o cliente. “O preço do leite ao produtor engloba custos diferentes do preço que chega na prateleira. Dentre eles, mão de obra, custo da ração e questões sanitárias, por exemplo. O consumidor final, por outro lado, recebe o leite que já passou por um processo de industrialização. Ele saiu da fazenda, foi para indústria e chegou até o consumidor, envolvendo outros fatores, como a pasteurização e a embalagem.”

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Um eventual aumento de preço ao produtor não necessariamente irá repercutir, de imediato, no valor nos supermercados. Isso porque a indústria pode adotar a estratégia de absorver parte desse aumento para não afastar os consumidores. “A gente vê esse repasse acontecendo quando as margens de lucro do produtor estão muito pressionadas. É natural a absorção de parte desse aumento, pois a tendência é que o consumidor reduza a compra ou opte por comprar outro produto caso perceba uma aumento muito expressivo.”

(Foto: Felipe Couri)

Item essencial na cesta básica

Visto que é um produto necessário para a nutrição das famílias brasileiras e, por este motivo, está inserido na cesta básica, o aumento do preço do leite pode afetar a qualidade de vida do consumidor, explica Matheus.

“O leite está inserido na mesa do consumidor, no café da manhã, na alimentação das crianças, e o aumento do preço acaba reduzindo a qualidade de vida das famílias que possuem o orçamento limitado, visto que elas vão optar, ou por reduzir o consumo, ou substituir o item por outro mais em conta.”

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A flutuação de preços dos itens básicos, conforme explica o economista, é mais danosa às famílias pobres por este motivo. “Os preços variam diariamente, mas o salário mínimo sofre alteração uma vez por ano. Ele não é atualizado mensalmente de forma que a gente possa recuperar o poder de compra.”

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