R$ 1,6 mi para termelétrica de JF
A Usina Termelétrica (UTE) de Juiz de Fora receberá R$ 1,6 milhão em investimentos este ano, conforme informações da Petrobras. O aporte é motivado pelo contexto atual em que o país vive, no qual a escassez de chuvas reduziu a geração de energia das hidrelétricas e fez com que as térmicas fossem acionadas. De acordo com a estatal, com o investimento será possível “aumentar a confiabilidade e a disponibilidade da planta” que, no ano passado, operou com sua capacidade máxima e produziu 626 mil megawatt-hora, energia suficiente para abastecer uma cidade de, aproximadamente, 230 mil habitantes. A geração foi 51% superior à verificada em 2013, quando a UTE produziu 415 mil megawatt-hora.
O aumento da produção de energia, conforme explica a Petrobras, foi solicitado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) em função dos baixos níveis de reservatórios ao longo do ano passado. “Como a UTE Juiz de Fora está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), ela contribui com o sistema elétrico aumentando a confiabilidade da rede, sobretudo, nos momentos de alta demanda e picos de consumo, e, também, auxiliando a poupar água nos reservatórios das usinas hidráulicas.”
A Petrobras esclarece, ainda, que a usina opera seguindo a determinação do ONS. “Na maioria dos despachos é solicitado que a UTE opere com capacidade máxima. O ponto ótimo de operação da usina se dá com 100% de sua capacidade em funcionamento.”
Para a operação ao longo de 2014, a usina juiz-forana, que é biocombustível, utilizou apenas o gás natural. De acordo com a estatal, não foi necessário utilizar etanol para geração de energia. “Esse combustível somente é usado em caso de contingências no fornecimento de gás natural, o que não ocorreu em nenhum momento.”
No país
O sistema brasileiro de geração de energia elétrica conta com 202 usinas hidrelétricas e 1.935 termelétricas (além de unidades eólicas, nucleares, solares e centrais hidrelétricas), segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Decidir quando cada uma dessas usinas entra em funcionamento é o desafio diário do ONS, conforme explica o presidente do Instituto Acende Brasil, centro de estudos sobre o setor elétrico no país, Cláudio Sales. “A decisão do operador ocorre a partir de uma série de variáveis e análises com o objetivo de oferecer segurança de suprimento ao menor custo de operação.”
Conta de luz
Como a produção de energia pelas térmicas custa mais caro, automaticamente, quando elas precisam ser acionadas, o consumidor sente a alta na conta de luz. “Hoje estamos utilizando todo nosso parque termelétrico. Estamos no limite do limite”, afirma Cláudio. “A situação pesa no bolso dos consumidores e preocupa o futuro econômico do país.”
No final de janeiro, a Aneel propôs uma nova forma de rateio de custos sobre as despesas relativas às termelétricas. A proposta estabelece que todos os brasileiros paguem pela geração de produção, e não mais apenas os consumidores da região onde as usinas estão localizadas. Com a medida, todos os brasileiros pagarão R$ 3,65 a mais por MWh na conta de luz referente ao consumo de janeiro.
Na avaliação do presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, a situação que onera hoje a conta dos brasileiros é decorrente “de uma sucessão de erros do Governo.” Segundo, ele, as medidas propostas em 2004 para o setor elétrico tinham o objetivo de impedir que o país vivesse uma nova crise, conforme ocorrido entre 2001 e 2002. “Preferiu-se investir nas usinas termelétricas, mas precisávamos olhar também para as hidrelétricas, que garantem uma produção mais barata. A demanda de consumidores praticamente dobrou desde então, mas o número de reservatórios não.” Faria destaca, ainda, que a situação piorou com a criação do pacote de medidas que reduziu as contas de luz para os consumidores em 2013. “Aconteceu no momento errado, quando 80% das térmicas já estavam acionadas.”
O coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcos Freitas concorda. “O setor elétrico dotou-se de um sistema térmico que não existia. Em 2001, a geração hídrica representava 85% da capacidade, e o restante era geração térmica. Atualmente, 60% são de fonte hídrica e o restante, térmica. O resultado é que temos que conviver com uma energia mais cara e a possibilidade de racionamento.”