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Saiba como rótulos de alimentos influenciam na alimentação infantil

Consumidor lancheira
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Uma pesquisa inédita feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mostrou como os rótulos de alimentos ultraprocessados podem influenciar na percepção e nas escolhas alimentares das crianças brasileiras. O estudo aconteceu em agosto deste ano, e os resultados foram divulgados no começo de novembro. O objetivo era descobrir quais são os alimentos e bebidas ultraprocessados preferidos pelo público infantil e as estratégias de marketing que os estimulam a consumir esses produtos.

Conforme as 69 crianças que participaram da pesquisa, para que alimentos e bebidas ultraprocessados chamem a sua atenção, é preciso que eles coloquem o produto em evidência, ou seja, que apareça a imagem de um biscoito recheado, por exemplo. Outros fatores são cores vibrantes e chamativas, além de apresentar informações sobre sabor, personagens nas embalagens e brindes que eles possam, de preferência, colecionar. Para a pesquisadora e nutricionista do Idec, Laís Amaral, a indústria utiliza uma série de elementos nos rótulos e nas propagandas para convencer que esses produtos são saudáveis, saborosos e divertidos. “Na verdade, estão vendendo alimentos ultraprocessados que podem trazer problemas graves à saúde dos pequenos”, afirma.

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Como parte do estudo, as crianças foram convidadas a listar os alimentos e bebidas que gostariam de levar para consumir na escola. De acordo com os dados da pesquisa, sucos (81%), refrigerantes (54%), salgadinhos (61%), frutas (57%), bolos industrializados (55%), bolachas (41%) e iogurtes ultraprocessados (28%) são as opções de lanches preferidas por elas. Apesar de as frutas ficarem em segundo lugar nas opções mais mencionadas entre os alimentos, bolos industrializados e bolachas foram as preferidas de crianças de classes sociais mais baixas, enquanto que as frutas apareceram em quarto lugar (47%), diz a pesquisa.

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Atitude dos pais
Conforme o Idec, pais e cuidadores responsáveis pela escolha e compra dos alimentos para os pequenos também participaram do estudo. Neste quesito, a pesquisa revelou que, apesar de estarem nas opções de lanches listadas pelas crianças, as frutas não aparecem na relação de quem adquire os alimentos. Dentre as opções listadas pelos pais e responsáveis, estão: biscoitos e bolachas (71%), bolos e bolinhos (58%), salgadinhos (42%), pães e bisnaguinhas (36%), sucos industrializados (90%), bebidas lácteas e achocolatados (57%) e iogurtes ultraprocessados (28%).
Segundo Laís, a exclusão das frutas por parte dos adultos pode estar atrelada a diversos fatores, como preços mais elevados; menor disponibilidade nos ambientes alimentares, conveniência e paladar. “A percepção é de que a criança gosta mais de produtos doces, fáceis de serem consumidos, que na maior parte das vezes acabam sendo produtos não saudáveis”, comenta. Além disso, a maioria do grupo (83%) afirmou que as crianças consomem diariamente alimentos e bebidas industrializados e que a opinião delas na escolha do alimento e da bebida é muito importante (51%).

Nova rotulagem de alimentos
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) propôs uma mudança nos rótulos de alimentos produzidos ou comercializados no país. A ideia é fazer com que as embalagens apresentem informações mais claras, inclusive, com advertência para produtos que contenham altos teores em açúcar adicionado, gordura saturada e sódio. O objetivo é promover uma alimentação mais saudável a toda a população, inclusive para o público infantil. “Frente ao cenário regulatório brasileiro, no qual a publicidade infantil é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e pela Resolução nº 163 do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda), é de extrema importância a efetivação da proibição da publicidade enganosa e infantil e a implementação de informação nutricional clara que auxilia os consumidores a saberem o que estão consumindo, sem cair nas armadilhas das mensagens publicitárias e da composição nutricional inadequada”, finaliza a nutricionista.

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