A Copa do Mundo começa dentro de dois meses, mas para muita gente, os jogos já estão em andamento, devido à corrida para completar o álbum de figurinhas. A brincadeira é um verdadeiro convite aos colecionadores e amantes do bom futebol. Embora o valor do álbum, no modelo mais simples, seja barato e até gratuito, o caro da história fica por conta dos cromos. Uma pesquisa divulgada nesta semana pela Cuponation, plataforma de descontos on-line, mostrou que completar esta edição do álbum pode custar até R$ 1.938, se a pessoa não realizar nenhuma troca e confiar no conteúdo dos pacotinhos.
O levantamento do Cuponation considerou os valores cobrados pelo pacote com cinco figurinhas e o número de cromos. A metodologia é a de Monte Carlo, que se baseia na geração de inúmeras simulações com o fim de encontrar sua média, portanto, não é um método determinístico. No caso das figurinhas, foram feitas 500 simulações de quantos pacotes eram necessários para completar todas as figurinhas de um álbum. As estimativas consideraram a repetição dos cromos, mas não o ato da troca.O resultado, para 2018, foi de 969 pacotes.
Troca é chave para gastar menos
Na prática, completar o álbum da copa não é tão oneroso quanto o valor estimado pelo estudo, pelo menos, na visão dos colecionadores locais. Diferentemente da metodologia aplicada pelo Cuponation, eles têm na troca de figurinhas boas chances de não perder mais dinheiro, principalmente quando começa a faltar poucos cromos para completar as páginas.
O professor Rodrigo Faria Liquer, colecionador do álbum desde 1994, gasta, em média, dependendo dos valores em cada edição, de R$ 180 a R$ 230. “É preciso fazer o cálculo de quanto se gastaria para completar o álbum comprando pacotinhos como se não fosse sair nenhuma figurinha repetida. Depois vale fazer uma média para gastar, comprando os pacotinhos e trocar o máximo de repetidas possíveis. Há ainda uma lenda de que, comprando em várias bancas diferentes, a chance de tirar repetidas é menor. Então, costumo comprar em vários lugares diferentes e quando tiver faltando poucas pra completar, opto por comprar apenas aquelas que faltam”, sugere.
A teoria de que comprar cromos em bancas diferentes também é defendida pelo administrador de empresas Luiz Paulo Knop, que coleciona o álbum desde a Copa de 1986. “Compro dez em cada banca e, se possível, em cidades diferentes também. A ideia é tentar comprar lotes de entrega diferentes, reduzindo o número de repetidas. Se dá certo ou não, não sei, mas prefiro acreditar que dê”, afirma. Neste ano, a estimativa de gastos era chegar a R$ 280. “Mas dificilmente acontece, então, sempre coloco um pouco para cima, cerca de 20% a mais, como margem aceitável”.
Troca virtual
Em relação à venda avulsa de figurinhas, que costuma acontecer entre os colecionadores, Luiz só vende as repetidas quando a busca pelas cromos faltantes se torna difícil e o orçamento já está estourado. Ele acredita que esse “comércio” faz com que a brincadeira perca seu sentido, já que em boa parte dos casos, essa compra sai muito mais cara do que o normal. “Eu sempre busco a troca. A tecnologia é uma boa aliada, hoje em dia você pode trocar figurinhas por WhatsApp. Você passa para um amigo a relação do que falta para você e ele repassa as repetidas dele. É feita uma “troca virtual”. Depois é só combinar de encontrar e realizar a troca real”.
Mas, caso a compra e venda paralela seja inevitável, Luiz destaca que o ideal é vender pelo mesmo preço do pacote e usar o dinheiro arrecadado pra comprar mais. Rodrigo ressalta que, durante as trocas, vale fazer negociações com outros colecionadores, ainda mais quando envolve as figurinhas brilhantes, tidas como as mais difíceis de serem tiradas nos pacotinhos. “Vale, por exemplo, oferecer a troca de uma brilhante por cinco figurinhas normais”.
Desde 1970
O primeiro álbum de figurinhas da copa, produzido pela Panini, foi em 1970. Desde então, por mais que a tecnologia avance para o mundo digital, a coleção dos álbuns é uma tradição entre amigos e familiares, que muitas vezes, passam a coleção de geração em geração, guardando e conseguindo os exemplares mais recentes do evento. Tradição, inclusive, pode ser rentável no futuro: uma réplica do álbum da Copa do Mundo de 1970, junto com os 288 cromos, pode sair por mais de mil reais em um dos marketplaces mais populares do Brasil.