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Destaque: 10 álbuns de 2023 

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A música brasileira segue, ano a ano, surpreendendo com aqueles nomes que chegam de mansinho e já conquistam o ouvido de um tanto de gente, e também com aqueles já consagrados que continuam produzindo a todo vapor. O  2023 foi um ano e tanto (como todos são, de certa forma) de efervescência da produção musical brasileira. Vários discos autorais saíram do forno e outros músicos ainda revisitaram alguns clássicos e imprimiram roupagem nova. É mesmo muita coisa e que, na verdade, não cabe em uma página de jornal. Por aqui, separamos (apenas) alguns álbuns de 2023 que valem serem ouvidos – e inteiros. Mas tem muito mais. 

“Xande canta Caetano”, de Xande de Pilares

Quando Caetano Veloso ouviu, pela primeira vez, a versão de sua música “Gente”, gravada por Xande de Pilares, no disco “Xande canta Caetano”, o músico baiano chorou. Essa cena, compartilhada nas redes sociais, é uma síntese do que é possível perceber no álbum completo lançado por um dos principais nomes do samba brasileiro. Com respeito, Xande revisitou a obra de Caetano, deixando, em cada música, um rastro seu. E é catártico o resultado, que é puro samba de Xande mesclado com a poesia de Caetano. 

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“Arrepiada”, Júlia Mestre 

Depois de debutar com “Geminis”, Júlia Mestre, que também integra a banda carioca Bala Desejo, lançou, neste ano, “Arrepiada”. É um álbum com clima oitentista, que foi despertado em Júlia principalmente depois do tributo feito para Rita Lee, morta neste ano. Imersa nesse universo, ela passou a compor algumas canções ainda inspiradas na Rita: seja na forma de compor ou na estética. Tudo ficou ainda mais pop com a produção de Lux, que traz ares dançantes a letras que falam do íntimo e, ao mesmo tempo, das liberdades da “passarinha”.

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“No tempo da intolerância”, Elza Soares 

Com forte cunho político, “No tempo da intolerância” é o álbum póstumo de Elza Soares. Ele foi gravado meses antes de sua morte e traz ainda a faceta compositora de Elza Soares, que ganhou notoriedade por ser principalmente intérprete. As músicas são fruto de pensamentos que ela guardava em um caderno e se transformaram em música. Como em sua carreira, é um passeio pelos mais diversos gêneros. A melhor das surpresas é que traz ainda a música que Rita Lee e Roberto de Carvalho fizeram especialmente para Elza, “Rainha africana”.

“João”, de Bebel Gilberto 

Como uma carta a seu pai, Bebel Gilberto lançou “João”, uma homenagem que fez a João Gilberto. De forma amorosa, ela selecionou músicas clássicas de um dos principais músicos do Brasil, considerado o pai da Bossa Nova, e que também conversam com suas memórias afetivas. Utilizando-se do estilo do próprio pai de forma tão marcante, sobretudo nas melodias, Bebel coloca seu canto de forma pessoal, como se dançasse com a voz. E ela, em várias entrevistas, já afirmou que tentou se esquivar da herança musical do pai para que não houvesse comparação. Um modo de criar sua própria identidade. Agora, mergulha na história dela e da sua família, da forma como deveria ser: sonora. 

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“O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta”, de FBC  

Nos últimos dois anos, principalmente, as pistas foram ocupadas por “Baile”, o álbum de FBC e VHOOR que traz de volta o funk dos anos 90. Neste ano, o mineiro FBC chegou apostando na dance music. O instrumental de “O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta” é tão elaborado que, no álbum, ganha versão sem as letras, no final. Mas as letras também merecem destaque, porque envolvem tanto quanto. Sem contar que ele, como já tinha feito em seus outros três trabalhos, conta uma história na íntegra: de amor, de ilusão e de vaidade. E já tem ocupado, mais uma vez, as pistas por aí. 

“Me chama de gato que eu sou sua”, de Ana Frango Elétrico 

O nome de Ana Frango Elétrico se repetiu por diversas vezes nos créditos de vários álbuns brasileiros, principalmente dos dois últimos anos. Ela assinou a produção de alguns trabalhos, e isso deu a ela a autonomia e a sagacidade necessárias para seu terceiro álbum “Me chama de gato que sou sua”, que representa exatamente o caminho que ela percorreu até aqui. Com canções que trazem temas queers que permeiam a própria vida de Ana, o trabalho traz à tona questões sobre sexualidade sem cair no lugar-comum. Além disso, apesar de cheio de referências, é atemporal, cheio do seu humor ácido, inclusive. Cuidado: as músicas não saem da cabeça.

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“Coração bifurcado” , de Jards Macalé 

Jards Macalé se dedica ao amor em “Coração bifurcado”. Mas não àquele amor costumeiro das canções românticas. É o amor a la Jards Macalé. Ele mescla o passado e o presente no álbum, que ganha canção na voz de Maria Bethânia e ainda uma música com Nara Leão, gravada, originalmente, em 1966, no “Nara pede passagem”. Ao mesmo tempo que tem um samba-canção que rasga coração, tem o tom da música progressiva que perpassa a carreira de Jards, que sempre surpreende, a cada álbum lançado, e desde sempre. 

“The weight of the news”, de Frederico Heliodoro 

Nome expoente da música instrumental, Frederico Heliodoro lançou, neste ano, um álbum com canções que reitera que, independente se com letra ou sem letra, sua música segue sendo intensa, profunda – e bonita. “The weight of the news” traz uma série de músicas que chegam a fazer dançar, ao mesmo tempo que fazem refletir um tanto de coisa. As canções foram compostas em um momento em que o músico disse que tinha pressa de viver. E o que ele viveu desde 2016, que são coisas, inclusive, universais, além dos pesos das notícias de cada dia, estão registrado nesse trabalho, que tem jazz, tem pop, tem MPB – e tudo, praticamente, misturado. 

“Como seria explodir um amor tão concreto duro de partir?”, Luizinho Lopes 

O oitavo álbum de Luizinho Lopes, “Como seria explodir um amor tão concreto duro de partir?” tem neblina e cheiro. O músico, radicado em Juiz de Fora, recupera músicas antigas e lança outras mais novas que dão o tom e melodia a sentimentos tão íntimos a ele e, então, compartilhados. Ele mesmo acredita ser um de seus trabalhos mais reflexivos e profundos. E é ainda um retrato da pandemia e a forma que Luizinho encontrou de driblar a solidão do isolamento, ao lado de seu violão. 

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“Futuras paisagens”, Marcio Guelber

Márcio Guelber traduz tudo o que vê em “Futuras paisagens”, seu primeiro trabalho, apesar de tantos anos dedicados à música. Multi-instrumentista, ele encontrou uma maneira de se apresentar por inteiro: com violão, piano e sanfona. Apesar disso, é, sim, a sanfona a voz principal de seu álbum instrumental, que ganha, ainda, um poema que já encaminha para o lugar por onde as músicas desaguam. E ele conta histórias com cada melodia.

 

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