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Morre, aos 78 anos, Antônio Isair, do jornal ‘O Poeta’

poeta fernando priamo
Antônio Isair e um exemplar de ‘O Poeta’ (Foto: Fernando Priamo)
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As noites dos bares da Zona Sul de Juiz de Fora não serão as mesmas. Faleceu, nesta quinta-feira (28), o escritor Antônio Isair da Silva, aos 78 anos. Idealizador do jornal “O Poeta”, Antônio tornou-se conhecido em Juiz de Fora por circular por bares e restaurantes vendendo seu periódico, com textos de autores da região, além de poemas de sua própria lavra. Ao longo de mais de 30 anos de atuação na cultura local, Antônio também lançou dois livros, “Quando chega a musa”, de 2015, e “Menino dos arrozais”, de 2013, ambos financiados com recursos da Lei Murilo Mendes.

Nascido em Itamaraty de Minas e criado em Cataguases, o poeta chegou a Juiz de Fora em 1981, trabalhando como representante de uma indústria farmacêutica. Desde os 12 anos, escrevia, mas só passou a levar a paixão a sério anos depois. “Assim que cheguei aqui, ao passar em frente ao Cine-Theatro Central, vi um varal de poesia e muitos poetas em volta. Achei a ideia muito boa e pensei em botar a minha. Quando fui ler, vi muitas fora dos padrões, com português errado e cadência nada agradável. Resolvi, então, chamá-los para uma espécie de escola de orientação aos poetas. Inspiração eles tinham, faltava o conhecimento. Conversei com um deles e marcamos um encontro, mas não apareceu ninguém”, contou, em 2015, à Tribuna, para a seção “Outras ideias”.

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Considerado um dos mais característicos resistentes da cena cultural de Juiz de Fora, Antônio também falou à Tribuna, há quatro anos, de uma ambição há muito superada: “Queria, pelo menos, ir até os 75. E queria, também, chegar às 200 edições.” À época, Antônio somava 73 anos e 193 edições de seu jornal que pouco a pouco perdeu a periodicidade, mas não deixou de ser distribuído pelas noites. A publicação com tiragem de mil exemplares, diagramada pelo filho Newber e vendida de “mão em mão” foi a responsável por revelar diferentes gerações de poetas da cidade.

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Metas refeitas
Ano passado, ao alcançar seu desejo, Antônio refez sua meta, vislumbrando os próximos 16 anos. Sua ambição passou a ser chegar à marca de 300 edições. “O mesmo que nos deu vida, saúde força para chegar até aqui, vai continuar nos dispensando esses mesmos cuidados e (quem sabe?) outros maiores”, escreveu o poeta, que conquistou recentemente o primeiro lugar na categoria poesia no Concurso Walter Silva, de Matias Barbosa, com sua criação “Ainda a chibatada”. Fundador da Casa do Poeta Belmiro Braga de Juiz de Fora, ele também integrou a Academia Granberyense de Letras e Artes e a Academia de Letras da Manchester Mineira.

“Desde os anos 2000, ele era nosso parceiro na Associação de Cultura Luso-Brasileira através do sarau promovido junto com o jornal ‘O Poeta’. Com ele aprendi muita coisa. Foi a poesia dele que me inspirou a fazer o que faço atualmente. A convivência com ele foi um incentivo muito grande à minha carreira de escritor”, pontua o também escritor e amigo Wanderley Luiz de Oliveira, autor de “Cleonice Rainho, a busca e o encontro”, “Geraldo Santana: Sonho, música e realidade”, dentre outros títulos. Presidente da Luso-Brasileira, Wanderley encontrou pela última vez o amigo no sábado (23 de novembro), quando o visitou no Hospital Universitário, onde Antônio estava internado há duas semanas.

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Vitimado por complicações decorrentes de problemas cardíacos, Antônio faleceu durante a madrugada. Seu corpo está sendo velado na Igreja Metodista do Bairro São Mateus (Avenida Itamar Franco 1757) e um culto será realizado no mesmo local nesta sexta-feira (29), às 8h30. Logo em seguida, às 10h, acontecerá o sepultamento no Cemitério Municipal. Antônio deixa esposa, seis filhos e netos.

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