Espetáculo ‘Na estrada’ tem temporada neste fim de semana na Estação Cultural
Com dramaturgia não-linear, montagem propõe imersão em temas de afeto e espiritualidade

O Coletivo Cultural Axé Deles apresenta o espetáculo “Na estrada” em Juiz de Fora, com três sessões especiais nesta sexta (20), sábado (21) e domingo (22), sempre às 19h, na Estação Cultural (Rua Halfeld 235 – Centro). Os ingressos já podem ser adquiridos por R$ 15 (antecipado, preço único) e, na hora, por R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Escrita por Lype Ribeiro e dirigida por Gabriel Bittencourt, que também atua na montagem, a obra mistura teatro ritual, espiritualidade e vivências LGBTQIA+ e afro-diaspóricas. A narrativa acompanha a travessia de um homem que encontra uma misteriosa Pombogira — interpretada pelo próprio diretor —, figura que o instiga a confrontar dores, desejos e medos, conduzindo-o por um processo de transformação.
Com linguagem não-linear e forte apelo sensorial, o espetáculo convida o público a uma experiência imersiva. Reverenciando entidades da Umbanda, “Na estrada” propõe reflexões sobre identidade, fé, afeto e resistência.
A peça já percorreu diversas cidades brasileiras, como Salvador (BA), Lima Duarte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), onde foi encenada no Teatro Ruth de Souza. Esta é a primeira vez que a montagem é apresentada em Juiz de Fora.
A apresentação marca a continuidade da trajetória do Coletivo Cultural Axé Deles, fundado a partir da estreia do espetáculo “Seu Zé”, em 2021. Segundo o diretor Gabriel Bittencourt, o grupo é formado por ele próprio, João Tampires, Gustavo Bacchini e Lype Ribeiro. A formação surgiu dentro do terreiro de Umbanda que os quatro frequentam, a Cabana Xociô das Matas, e desde então têm se dedicado ao estudo do teatro ritual e à criação de projetos autobiográficos.
‘Na estrada’ é teatro provocativo
O processo de criação de “Na estrada” começou ainda no fim de 2023, com a escrita do texto por Lype Ribeiro. Em 2024, a montagem passou por uma série de experimentações envolvendo leitura, corpo e ritualidade. Para Gabriel Bittencourt, a nova obra do coletivo aprofunda a proposta de um teatro ritual que integra espiritualidade, corporeidade e dramaturgia. “A gente quer mostrar que tipo de teatro a gente sabe e gosta de fazer: um teatro que provoca. Em ‘Na estrada’, o público não vai ficar sentado. Não haverá cadeiras. As pessoas vão se movimentar junto com os atores, acompanhando a ação de forma ativa”, explica.
O formato, segundo ele, busca romper com a passividade e propor uma relação direta entre o público e a cena, em que todos se tornam cúmplices da narrativa.
Embora tenha a Umbanda como referência central, a proposta é ampliar o diálogo para além da religião. “Mesmo quem não é da Umbanda consegue acompanhar e entender o espetáculo. A gente fala de espiritualidade no cotidiano, das questões humanas. É teatro ritual, mas também é teatro que fala da vida”, afirma o diretor.
A trilha sonora é outro destaque da montagem. Criada especialmente para o espetáculo, foi desenvolvida por artistas juiz-foranos. “Contamos com a Juli e o Fulequim, que trouxeram uma sonoridade que remete à estrada, à rua, ao urbano — elementos centrais da ambientação da peça”, finaliza.
*Estagiária sob supervisão da editora Cecília Itaborahy