O Museu de Marmelos Zero passa por novas obras estruturais em meio às restrições de funcionamento impostas pela pandemia de Covid-19. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), responsável pelo edifício desde 1980, conduz intervenções no forro, na pintura, no sistema de segurança, na passarela de acesso recém-construída e no sistema elétrico. Além disso, a provedora promove a reestruturação da expografia do equipamento cultural. Entre 2014 e 2019, o Museu de Marmelos já havia sido reformado para o tratamento de pisos, reinstalação elétrica, pintura e instalação de novas coberturas, além da construção da passarela de pedestres. A companhia espera concluir as intervenções ainda neste ano, “possivelmente, no primeiro semestre”.
LEIA MAIS: Museu de Marmelos Zero é reaberto para visitação
Em nota encaminhada à Tribuna, a Cemig atribui as novas intervenções à “melhoria da segurança do acervo e dos visitantes”, já que o Museu de Marmelos enfrenta a exposição a sol e chuva, bem como às aves. “Serão feitas reformas no forro para a limpeza de dejetos de aves e a vedação (do forro) para que elas não façam os seus ninhos nele; renovação da pintura, deteriorada pela ação natural da chuva e do sol; melhoria no sistema de segurança contra intrusão, reforçando a vedação de portas e janelas; recuperação de pontos deterioradas na passarela de acesso ao museu, tanto piso como guarda corpo; e reestruturação do sistema elétrico, adequando-o às melhores práticas de prevenção contra incêndios”, detalha. Desde 2019, as visitas e os serviços de vigilância são de responsabilidade da Cemig, já que o convênio firmado junto à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para a cessão de estudantes estagiários de história e turismo ao Museu de Marmelos não existe mais.
Além disso, acrescenta a Cemig, a expografia do Museu de Marmelos, ou seja, a linguagem da exposição do acervo será reestruturada. “Nesse sentido, foi repensada a disposição do acervo e como ele é exibido, além de dar mais ênfase ao que julgou-se ser mais relevante. Por isso, o novo mobiliário expográfico foi projetado para valorizar e dialogar com a arquitetura, dando ênfase às questões ambientais, históricas e sociais do complexo de Marmelos, além de (ter um) projeto luminotécnico para propiciar mais conforto visual aos visitantes”. O projeto expográfico foi desenvolvido pela organização JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, lotada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dentre o acervo do Museu de Marmelos Zero, estão a mesa particular de Bernardo Mascarenhas, o rascunho da planta do local, o painel de controle de energia e a réplica de um antigo gerador.
Gremig
A companhia garante que o encerramento recente das atividades da sede campestre de Juiz de Fora da Associação Recreativa e Cultural dos Empregados da Cemig (Gremig) não interferirá nas atividades do Museu de Marmelos. Tanto o estacionamento utilizado pelos visitantes quanto a sala de suporte aos funcionários do equipamento estavam vinculados ao Gremig. Entretanto, embora a entidade sem fins lucrativos tenha encerrado as atividades, o complexo é de propriedade da Cemig, então o estacionamento poderá ser utilizado, por exemplo. Em relação à sala de suporte, “outros locais podem ser utilizados, como o Memorial ou a Vila Operária”, complementa a Cemig. As últimas visitas ao Museu de Marmelos aconteceram em dezembro de 2019.
Obras passaram pelo crivo do Poder Público
O Museu de Marmelos é tombado pelo Município de Juiz de Fora desde 1983. O Decreto 2.863 autoriza o tombamento total não apenas da “primeira usina hidrelétrica da América do Sul e de suas instalações técnicas”, localizada às margens da Estada União Indústria, mas também das demais instalações remanescentes da Companhia Mineira de Eletricidade, como o edifício localizado na Rua Espírito Santo 467 – conhecido popularmente como Castelinho da Cemig. A inscrição do bem material no Livro do Tombo preserva “a volumetria atual definida pelos dois corpos de edifícios e a solução das fachadas frontais, laterais e posteriores”.
Por outro lado, a preservação no âmbito do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) diz respeito ao conjunto arquitetônico, paisagístico e ao espaço cultural do Museu da Usina de Marmelos. Tal conjunto é composto pela antiga Usina de Marmelos, pelo trecho do rio com a queda d’água, pelas três usinas Marmelos, pela área ocupada até então pelo Gremig e pela Vila Operária. O tombamento, datado de 2005, inscreve o complexo em ao menos três Livros do Tombo: o Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, o Histórico e o das Artes Aplicadas.
Tanto a Funalfa quanto o Iepha confirmaram à Tribuna a aprovação das obras. Em nota encaminhada à Tribuna, a Funalfa informa que as intervenções foram apresentadas pela Cemig ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) ainda em outubro de 2020. “Foi pedida a apresentação do projeto expográfico a ser implantado no local, e, após a análise, todas as intervenções propostas foram consideradas viáveis”, afirma. “Com exceção do adesivamento ou jateamento dos vidros que serão instalados nas janelas do museu.” Desde o início das obras, a equipe técnica da Divisão de Patrimônio Cultural (Dipac) da Funalfa, responsável por acompanhar as intervenções, ainda não visitou o local. A última visita ocorreu em setembro do último ano, “para ter melhor entendimento das propostas apresentadas pela Cemig e apresentá-las ao Comppac”.
Já o Iepha aprovou o projeto da Cemig em janeiro de 2020. Conforme o instituto, a intervenção que passou pelo crivo é a ampliação da pequena central hidrelétrica (PCH) Marmelos, localizada no Rio Paraibuna, a fim de garantir a segurança operacional das estruturas do barramento em função da passagem das cheias e recuperação do Canal Marmelos Zero. No entanto, a fiscalização das obras no âmbito estadual está sendo feita apenas a partir de relatórios, já que as visitas técnicas do Iepha estão suspensas desde o início da pandemia. “Esta foi a forma encontrada para contornar as restrições do período da pandemia, garantindo o acompanhamento técnico das equipes e instituições envolvidas”, explica, em nota, o órgão.