“A festa vai ser lá no Fátima.” “O buffet vai ser do Fátima.” Fátima Leite Matos, uma das fundadoras do Fátima Buffet, é uma daquelas figuras que, pelo alcance de seu trabalho, chegam a ser “íntimas” do juiz-forano, mesmo da grande maioria deles, que não teve oportunidade de conhecer a empresária e cozinheira, como se diz, “de mão cheia”. Mesmo mais de uma década depois de sua morte, em 2003, o legado de Fátima permanece vivo por suas receitas, executadas até hoje pelo buffet que leva seu nome. Para ampliar ainda mais o alcance da trajetória da empresária e dos sabores criados por ela, a família lançou na semana passada o livro “Os segredos do Fátima Buffet”, organizado pela jornalista Cláudia Figueiredo, com pratos que fazem parte da história da família Matos. “Ela era assim, gostava de compartilhar o que sabia, trocar receitas, passar adiante o conhecimento sobre os pratos que gostava de fazer”, conta a filha caçula de Fátima, Yana Matos.
Segundo Yana, as receitas que integram o livro refletem bem a versatilidade de Fátima na cozinha. “Há criações mais sofisticadas sim, mas a comida caseira e tradicional é muito valorizada. É muito bom comer algo que remete à família, e minha mãe sempre buscou isso”, conta a filha, destacando que o processo criativo da mãe à beira do fogão podia ser iniciado de várias maneiras. “Ela costumava pegar recortes de revistas com receitas e adaptar a seu gosto ou tentava decifrar a receita de algo que comeu e acabava criando sua própria, mas também inventava pratos do zero, fazendo combinações que ela ia experimentando sozinha.”
Dentre as criações registradas na publicação, o pavê de frango é um dos destaques, chamando atenção primeiro pelo nome, que remete a receitas doces, e depois pela simplicidade com um toque de “comidinha diferente”. O prato tornou-se um clássico entre toda a família, que segundo Yana, “é muito grande”. Além disso, o pavê é servido até hoje em alguns eventos do buffet. “Para mim, tem sabor de infância, é uma comida que não era de todo dia, para um almoço especial de fim de semana. Minha família faz até hoje quando se reúne, e chegamos a servir na festa de casamento de um primo, foi um sucesso.” Outro trunfo do pavê é a simplicidade de preparo e a praticidade ao servir. “Ele só requer paciência, para que fique realmente gostoso como é. É preciso deixar o creme apurar bastante no caldo de frango, para incorporar bem os sabores. E como é uma refeição bem completa, pode ser servido só com arroz branco e batata-palha, garanto que não precisa de mais nada. E também fica ótimo para se comer no dia seguinte!”, diz a filha de Fátima, que seguiu os passos da mãe e hoje tem seu próprio buffet infantil, o Niver Site.
Yana acredita que o sucesso dos negócios veio de um ingrediente que nunca faltou às receitas de Fátima: amor e generosidade. “A empresa surgiu da vontade de realizar os sonhos das pessoas: um casamento, um aniversário de 15 anos. Foi algo muito natural e intuitivo: meu pai sempre gostou de receber amigos, e minha mãe sempre gostou muito de cozinhar, nenhum dos dois tinha formação empresarial”, conta Yana, feliz com a possibilidade de as pessoas conhecerem um pouco da Fátima por trás da empresa tão conhecida na cidade. “O livro traz receitas que ela fazia com toda dedicação, e estão anotadas em caderninhos e papéis que guardamos até hoje, como a do pavê. É uma forma de as pessoas aprenderem a prepará-las e verem o carinho com que foram elaboradas.”