Vou desatracar o meu barco, ancorado no rio Paraibuna, hoje totalmente “despoluído”, “transparente”, graças ao esforço de sucessivos Prefeitos, e me adentrar na minha querida Juiz de Fora.
Não nasci aqui e sim em Leopoldina, mas com cinco anos nos mudamos para cá. Grupo Fernando Lobo, Colégio Stella Matutina, Colégio São José, CES e UFJF: trajetória estudantil. Mas desde 2014, o então Prefeito Bruno Siqueira me agraciou com o projeto aprovado pela Câmara Municipal, dando-me o título de Cidadã Honorária de Juiz de Fora. Por que tal honraria? Pelos 27 anos ensinando Português e Francês no Stella Matutina? (Quantos frutos, meu Deus! Hoje me curvo diante de tantos médicos, magistrados, dentistas, advogados, que passaram por lá!). Pela Literatura Latina na UFJF? Pela Fonologia no CES? Pelo Italiano na Cultura Italiana? Ou por ser a DECANA DO FORO JUDICIAL de nossa cidade?
Não importa a razão. Sou grata pela honraria. Desde estão adotei Juiz de Fora como cidade do coração!
Vamos passear pela nossa querida cidade?
No início me assustei com os buracos e crateras no asfalto de suas ruas… Mas quando passei pelo Mergulhão, fiz reverência a Mello Reis, o grande prefeito!
Mas alcançando o Parque Halfeld, me assustei com a quantidade de jovens usando e vendendo drogas! Um parque tão bonito! Num banco me assentei e não demorou muito, veio um idoso perguntando se eu queria companhia… Não é esta a finalidade de um espaço tão rico e encantador!
Quis antes descer a rua Mister Moore, mas fui aconselhada a não passar por lá à noite, devido à quantidade de desabrigados que dormem nos passeios! Que tristeza! Não haveria abrigos para eles?
Mais desalentada fiquei ao passar pelos Grupos Centrais! Desrespeito à obra e aos personagens ali evocados. E me disseram que há uma placa dizendo que as obras vão começar… quando? E como pode funcionar com tanta pichação, sujeira e desleixo! Coitados dos professores e alunos!
Mas nem tudo foi tristeza e desalento. Tive uma alegria incomensurável ao entrar na Catedral! Que maravilha a sua restauração, obra iniciada pelo saudoso Monsenhor Viana e prosseguida pelo dinâmico Monsenhor Luiz Carlos de Paula, sob os olhares e autoridade do Sr. Arcebispo Dom Gil Antônio Moreira! Onde descobriram artistas tão maravilhosos? Faltam agora as obras do presbitério. Dízimo pequeno para uma obra tão grande… Mas milagres acontecem!
Seguindo, as lágrimas vieram aos olhos e ao coração quando passei pela Avenida, onde vivi anos de deslumbramento no Colégio Stella Matutina! Cadê o colégio? Cadê a capela? O modernismo às vezes machuca o coração da gente…
Cheguei à Santa Casa de Misericórdia. Grande emoção ao saber que foi lá que nosso Presidente, na época candidato, foi RESSUSCITADO! Soube que o Presidente, Dr. Renato Villela Loures, o vice presidente Dr. Arnaldo Villela Andrade, o diretor secretário, Padre José Lélis da Silva, secretariados pela eficiente e dinâmica Marisa Tasca, cuidam da Santa Casa com um carinho, eficiência e desvelo totais. E sempre presente, o Ventura, presidente da Irmandade! Razão do sucesso! “Ave Maria gratia plena”, rezei na capela antes de sair.
O dia estava findando e voltando alcancei a rua Halfeld, centro nervoso bancário e comercial da cidade. Camelôs e barraquinhas se atropelam! Mas parei defronte o Teatro Central e fiz reverências à majestosa Casa de Artes, orgulho não somente nosso, mas de todo o Brasil!
Hora de voltar ao barco! Fiquei triste com o estado de nossas vias públicas! Os solavancos nos machucam. É preciso cuidar não de nossos corpos, mas de nossas ALMAS… Estou pensando seriamente em fazer uma “vaquinha” para arrecadar o necessário para a compra do asfalto… Costuma dar resultado…
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Amanhã vou sair novamente, na certeza de poder ressaltar, sem reservas, tudo de bom que há em nossa cidade. Esburacada? Abandonada pelos poderes que se sucedem? Não tem importância porque AMO MINHA JUIZ DE FORA e não a trocaria por nenhuma Paris ou Londes, com certeza.
E viva a minha, a nossa JUIZ DE FORA!
Deuziana Miranda Levasseur Rocha