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Inspiração afro

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Se até o ano passado, era esperado o momento para celebrar a gastronomia local, os juiz-foranos fãs da boa comida podem comemorar. A partir de 2015, o JF Sabor, antes realizado em uma edição anual, passará a ter quatro eventos ao longo do seu 15° ano, além de uma festa de encerramento. O primeiro deles será de petiscos e teve abertura oficial nesta quinta-feira, 5, indo até o dia 15 de março. Os outros serão voltados para pizzas e massas (25 de junho a 5 de julho), lanches e sanduíches (13 a 23 de agosto), e o tradicional, de pratos e sobremesas, será de 1 a 18 de outubro. O ano será encerrado com a festa “Mais uma dose”, que será realizada no dia 4 de novembro. “É uma maneira de valorizar e atender cada um dos segmentos alimentícios em suas modalidades. Com apenas um festival, algum setor poderia ter vantagem em detrimento a outro. Em edição única, o JF Sabor movimentou no ano passado cerca de R$ 1,5 milhão. Em edições fracionadas, a expectativa é que este montante

Churrasqueira criou croquete de bobó (Foto: Divulgação)

cresça”, observa Marcos Miranda, diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) Zona da Mata.

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Segundo Marcos, outro motivo para a divisão do festival em várias etapas foi o desejo de manter vivos os ânimos em relação à competição e à própria gastronomia. “É difícil manter, ao longo de 45 dias (antiga duração do JF Sabor), o vigor e o interesse do público. Com edições mais curtas, entre 15 e 18 dias, isso fica mais fácil. Além disso, é uma maneira de manter os juiz-foranos consumindo, debatendo e vivenciando a gastronomia de forma perene ao longo do ano, e não apenas em um período concentrado”, observa ele. Todos os momentos do JF Sabor farão homenagem às raízes da gastronomia juiz-forana em suas múltiplas heranças, priorizando as culinárias afro-brasileira, alemã, italiana, portuguesa e sírio-libanesa, que serão lembradas a cada ano, a começar pelas origens africanas.

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Espeto e Cia preparou petisco à base de medalhão de banana, palmito e queijo
(Foto: Divulgação)

A inspiração para honrar a memória e os ascendentes da cozinha juiz-forana veio do livro “De todos os cheiros e sabores que fizeram Juiz de Fora – Culinária e memória” (2011), organizado por Toninho Dutra, superintendente da Funalfa. “Com esta proposta, o festival consolida a iniciativa do livro de preservar a cultura e a memória de Juiz de Fora usando a gastronomia. O livro mostra como as culturas e sabores se adaptaram na cidade e como a cultura destes países está presente no nosso dia a dia à mesa. Achei uma iniciativa simpática e poética, que, além de tudo, dialoga com a Feira das Etnias”, opina Toninho. “O livro tem tudo a ver com nossa proposta de que a alimentação não é só um processo de ingerir alimentos de forma a aplacar a fome, mas tem relação íntima com o ato de estar ao redor da mesa, e compartilhar sentidos, histórias e tradições”, acrescenta Marcos Miranda.

Cunho social e tecnológico
Além dessas mudanças, o festival passará a ter cunho social, com doação de parte de cada prato adquirido para instituições de caridade ou projetos sociais. “A princípio, este valor será de R$ 1, podendo aumentar ao longo do ano, nos outros eventos. A ideia é que as casas repassem o montante arrecadado e, ao fim de todas as etapas, possamos decidir qual instituição ou projeto será contemplado”, observa Marcos. Outra novidade é a criação do aplicativo “Sabor na tela”, disponível para download a partir desta sexta, 6, para os sistemas iOS e Android. “Nele será possível conhecer as casas e pratos e ter acesso a informações como o mapa dos estabelecimentos participantes e informações gerais sobre o tema”, acrescenta Marcos. Além disso, o festival passará a ter descontos de 25% nos pratos participantes na edição de petiscos nos dias 9 e 10 de março, segunda e terça-feira, respectivamente.

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Utilizando referências africanas até no nome, Das Haus Comedoria apresenta “Rocambole d’Angola à moda de Xangô”
(Foto: Divulgação)

Mama África
Para o ano de debutante do JF Sabor, a vertente escolhida foi a afro-brasileira, que norteará todas as modalidades que o festival terá em 2015. A edição de petiscos, já inaugurada, inclui 17 casas participantes (nem todas na competição), com 14 receitas (algumas das casas contadas são filiais de uma só marca) que remetem às raízes africanas sob uma perspectiva local. A premiação será baseada em votos de um júri especializado e do júri popular, e a divulgação dos resultados será realizada no dia 4 de novembro, no encerramento, com as demais categorias. Todas os eventos terão, como já é tradicional, um dia dedicado à degustação dos pratos participantes a preços populares, o Deguste JF, que ainda não possui datas para realização, mas já traz novidades. Até o ano passado, a etapa era realizada na Praça Antônio Carlos e agora passará a ser itinerante. Quem quiser provar os petiscos poderá se dirigir ao circuito de bares do Alto dos Passos, nas Ruas Barão de Aquino, Machado Sobrinho, Zeli Lage, Dom Viçoso e Praça 31 de Março. Tanto as pizzas e massas quanto os lanches e sanduíches migrarão para a Praça Jarbas de Lery Santos, no São Mateus. Já a degustação tradicional, dos pratos e sobremesas, passará a acontecer na Praça do Bom Pastor.

Quem não arrisca, não petisca

Jurados provaram e avaliaram os petiscos inscritos na competição nesta quinta (Foto: Júlia Pessôa)

No evento desta quinta, 5, foram anunciados os petiscos participantes, e a imprensa pôde degustar alguns dos pratos, bem como acompanhar a avaliação do júri especializado para esta etapa. Nesta modalidade, o corpo técnico foi formado pelo chef do Hotel Escola Senac Grogotó Roberto Cunha, o editor executivo do grupo de comunicação Minas Gourmet, Emerson Andreata, e o professor do curso de gastronomia do CES, Yuri Feliciano. “Esta etapa foi um desafio para muitos chefs. Nem todos os participantes são bares ou restaurantes que servem petiscos, e ainda que sim, foi preciso respeitar as origens africanas na criação.”, afirma Marcos Miranda. As notas só serão divulgadas com o resultado final, como acontecerá com as outras modalidades. “Pode ser que mudemos isso ao longo das etapas, mas a ideia é fazer uma grande festa com todos os vencedores”, diz Marcos.

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Utilizando insumos e referências à gastronomia afro-brasileira, os participantes criaram os mais variados pratos. A Churrasqueira investiu em um saboroso croquete de

Estreante no festival, Timboo lançou suas “Bolinhas de fogo”, feitas com guisado mineiro
(Foto: Divulgação)

bobó de camarão, ingrediente presente em vários pratos da culinária africana que também serviu de base para o petisco do Poleiro do Galo, um tradicionalíssimo acarajé recheado com o marisco. O Buffalo Wings também criou a “Pérola mineira” a partir do ingrediente, trazendo camarões grelhados no azeite de dendê envoltos em canjiquinha mineira com leve toque de queijo gorgonzola. O Cantagalo apresentou croquetes recheados com o item, que são fritos no dendê. A Mercearia inventou a “Tapiocada calabresa”, bolinhos de tapioca com recheio de queijo coalho, alho e linguiça calabresa, acompanhados de molho picante. Inovando, o Bar e Restaurante Lacet criou um bolinho de feijoada com recheio cremoso de camarão, que vai à mesa acompanhado de molho picante de tomate, pimenta dedo-de-moça e damasco. O Timboo, que estreia no festival, lança suas “bolinhas de fogo”, feitas com massa à base de especiarias africanas e recheadas com guisado mineiro, vindo também em versão vegana.

Poleiro do Galo não compareceu ao evento de degustação dos jurados, portanto o acarajé permanece do festival, mas sai da competição (Foto: Divulgação)

Usando referências africanas até no nome, a Das Haus Comedoria, que tem origem alemã, batizou de “Rocambole de D’Angola à moda de Xangô” o prato à base de coxa e sobrecoxa de galinha d’Angola recheada com quiabo, pimenta biquinho e manga, temperada com especiarias africanas. A Assunta também apostou na galinha d’Angola, com um bolinho de aipim, recheado com a carne da ave ao inconfundível sabor do curry, servidos com pasta de amendoim. O Pró-Copão criou o petisco “Navio negreiro”, um charqueado esfiapado e acebolado, repousado na polentinha cremosa ao queijo, “navegando” no molho negreiro, segredo do prato. Também mergulhando a fundo na cozinha africana, o Esparta apresentou sua versão dos Potjiekos, prato típico da cultura africana, um tipo de cozido com grande variedade de ingredientes e temperos, além de carnes e mariscos. Na releitura juiz-forana, o prato é feito com picados de carne com legumes ao molho picante e vigas de polenta crocante. O Espeto e Cia. ousou com o Miscelâneas”, trio de espetos de banana, palmito e queijo com bacon. O Sappore uniu suas tradições italianas com o tema da festival, trazendo o “Bambini dell’Africa”, bolinho de batata doce com carne-seca. Já o Vaporetto concorre com o “Jabá acompanhado”, carne-seca ao molho acompanhado de polenta frita a palito. “Se estiverem dispostas, todas estas casas poderão participar das outras modalidades, porque não vinculamos o concurso ao tipo de estabelecimento, mas ao prato que concorrerá. Aí, é só usar a criatividade”, diz Marcos Miranda.

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