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‘Beirada’: Varanda lança primeiro álbum autoral

beirada varanda
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Com ‘Beirada’, Varanda mistura experimentações do grupo, amadurecimento enquanto banda e vontade de ousar. (Foto: Divulgação)
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A banda juiz-forana Varanda lançou, na última quinta-feira (29), o seu primeiro álbum autoral, o “Beirada”. Com o disco, que tem onze faixas, o quarteto formado por Augusto Vargas (baixo e vocais), Amélia do Carmo (vocais), Bernardo Mehry (baterista) e Mario Lorenzi (guitarrista) chega a uma nova fase de sua música. Na próxima sexta-feira (6), será realizado show gratuito de lançamento na Versus, com a presença de Paulo Emmery, responsável pela produção musical.

Foram anos elaborando como seria o primeiro álbum da banda, que se formou em 2019. Desde então, foram divulgados os singles “Gostei” e “Pressa”. A vontade de criar uma identidade para a banda, as experimentações dos artistas e, principalmente, a paixão pelo que fazem guiaram o processo, que também exigiu amadurecimento e entendimento do que queriam transmitir. O resultado é um trabalho que, ao mesmo tempo em que é bastante mineiro, também se conecta bastante com a cena do indie pop-rock nacional. 

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Lançar o primeiro álbum, como define Bernardo, se equipara a pisar na lua e deixar sua marca.  “É como se fincássemos uma bandeirinha: Chegamos até aqui, esse é o Varanda, é isso que temos para apresentar”. Para que conseguissem chegar a essa etapa, foi necessária a compreensão a respeito do que eram como conjunto e de onde poderiam chegar. Para o baterista, ficam bem evidentes alguns marcos para esse desenvolvimento, como o início dos shows presenciais, em 2021, a entrada de Amélia do Carmo como vocalista, em 2022, e o período de um ano e meio de agenda cheia de shows. “Acho que a gente tem as nossas doideiras e psicodelias que a gente coloca nas músicas. O que deixa a nossa cara é a forma com que a gente toca, sempre tem efeito de guitarra, algum grito da Amélia”, diz Augusto.

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A música escolhida como single para “Beirada” foi “Vida pacata”. Como revela Amélia, todos eles concordaram que seria uma boa escolha, já que tem uma pegada “mais chiclete e  para cima”. Com o verso “Vida pacata/ Rotina fácil/ Parece que não vê/ Entre suas rotas, as linhas tortas”, a canção se inicia mostrando a composição de Augusto, que consegue mesclar simplicidade nas palavras com reflexões de maior complexidade. Em “Topo dos prédios”, por exemplo, o verso “No topo dos prédios/ Em um fim de tarde/ Não sobra alarde, só gosto de sol/ A vidraça é um espelho/ Te vejo ao meu lado/ Um sonho guardado dentro das nossas mãos/ Se resta desatino pra explicar o amor, não sei mais” já leva, tanto na letra quanto no arranjo, um tom mais sóbrio para o álbum.

Apesar das diferenças, como explica Augusto, a ideia é que o álbum conseguisse ter uma unidade, mas sem se repetir. “A gente parou pra pensar sobre o que unia essas músicas, mas falando sobre a diferença entre elas, sinto que é muito legal quando a gente ouve um disco e ele tem um conceito que amarra as músicas, mas conseguindo trazer variedade, e não mais do mesmo, com muitas faixas parecidas. Acho que a gente conseguiu fazer isso. Deixamos a coisa muito variada”, avalia o compositor. Conforme esclarece, esse processo recuperou letras que ele escreveu ao longo dos últimos dois anos e que foram pensadas especialmente para o projeto de álbum, que já era um desejo da banda há bastante tempo. 

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3×4 de cada um

Como uma banda independente, o Varanda precisou cuidar de quase todas as etapas do lançamento. As capas do álbum e do single ficaram por conta de Amélia, que buscou traduzir, visualmente, o que fazem em seu som. Um dos conceitos que ela trouxe foi a inserção das 3×4 de cada membro da banda. “Tenho uma pira que essas fotos conseguem trazer algo que é uma representação muito fiel da pessoa. É uma cara muito dela. Acho que traz algo de dizer que essa é a identidade do varanda”, explica.

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É também pela junção do individual de cada um que o Varanda deu certo. Cada um colabora para que o outro possa chegar na sua melhor forma. “A Amélia trouxe uma energia diferente para a banda. Ela despertou uma liberdade maior na gente. O jeito mais caótico dela permitiu que a gente explorasse coisas que estavam mais contidas antes”, diz Bernardo.

Como analisa Mario, todos eles têm bagagens e gostos pessoais diferentes, mas quando somadas permitiram criar algo melhor – até porque todo o processo foi feito realmente em conjunto, como uma imersão, ao longo da elaboração do “Beirada’. “Eu sinto que fazemos um show de rock, mas  descontraído. A gente é meio engraçadinho, bobo. Mas a gente gosta e quer fazer canções bonitas”, define o guitarrista. A pluralidade também é vista por Bernardo como algo positivo. “Nós quatro temos referências muito diferentes. O que poderia ser um problema foi uma virtude. Sempre achamos um jeito de encaixar essas diferentes cabeças e criar uma coisa que é muito nossa”, diz Bernardo. 

 

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Tempo como tema do ‘Beirada’

Grupo conta com Augusto Vargas (baixo e vocais), Amélia do Carmo (vocais), Bernardo Mehry (baterista) e Mario Lorenzi (guitarrista). (Foto: Divulgação)

Apesar da capacidade de falar sobre temas variados, como relacionamentos, vazios existenciais, paisagens bonitas, nostalgias e viagens em “Beirada”, eles também percebem um tema em comum: “o que amarra as canções é essa questão de falar do tempo. Por mais que seja um detalhe sutil em algumas músicas, está ali, sendo abordado”, explica Augusto.

O tempo também foi um desafio para que chegassem no resultado final. “A gente teve a liberdade de ficar à vontade, de ter tempo para fazer as coisas. A gente ficava lá o dia inteiro, sem essa preocupação de hora para chegar e para ir embora. (…) Mas as ideias fluíram tanto que o tempo que a gente tinha reservado para gravar o disco acabou ficando pouco para dar vazão pra tanta ideia”, define o baterista.

Novos caminhos

Uma das características mais fortes do Varanda são os shows ao vivo, que reconhecem como fundamental para o crescimento deles enquanto artistas. É por isso que, no momento, o desafio tem sido transformar o novo álbum em show e levá-lo para cada vez mais lugares. O guitarrista destaca que o aprendizado dos caminhos que eles precisam trilhar para chegar nos lugares que queriam fez com que conseguissem um resultado melhor.”A gente amadureceu nossas ideias. Nós fizemos um bom trabalho com os nossos singles, que ajudaram com que a gente entendesse o que queria”, diz Mario.

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Nas redes sociais, a banda recebe convites para tocar em diferentes locais do Brasil, de Recife a Curitiba, e destaca a vontade de ir em todos. “É muito investimento, inclusive de tempo. A gente sente a coisa ficando mais séria, e a gente bota muita fé, acreditamos muito na banda. Depois do disco, mais que nunca. Estamos nos dedicando ainda mais”, destaca Augusto.

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