Com o avanço da pandemia em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), por meio do Minas Consciente, está avaliando a situação epidemiológica estadual para trabalhar em novas diretrizes dentro do programa. O titular da pasta, Carlos Eduardo Amaral, esteve em Juiz de Fora na manhã desta segunda-feira (30) e informou à imprensa que novas restrições ou até mesmo mudanças de onda não estão descartadas.
De acordo com o secretário, para tais definições, o Minas Consciente considera indicadores como isolamento e distanciamento social, além dos registros de casos da Covid-19. As medidas para contenção da pandemia são baseadas nestes fatores, em especial, o comportamento do cidadão. “É possível, sim, que nós mantenhamos na mesma onda ou que o Minas Consciente sinalize alguma necessidade de regressão. Mais do que pensar em regressão, é necessário pensar em comportamento”, destaca. “O que nós estamos vendo é que o comportamento coletivo não está sendo consciente para controlar a epidemia. Quando sinalizamos uma regressão, nós queremos orientar a sociedade que aquilo que está sendo feito não está sendo suficiente e que é necessário fazer um pouco mais.”
Portanto, Amaral chamou a atenção para as medidas básicas a serem tomadas pela sociedade neste período da pandemia, como uso de máscaras, higienização, distanciamento e isolamento social. “O comportamento do cidadão é que define o que serão as ondas do Minas Consciente”, afirma. “Aglomerar, não usar máscara, não se cuidar, não são adequados. Estes cuidados é que garantem que não teremos explosão de casos, e com isso, toda a estrutura que foi montada poderá dar suporte à necessidade da população.”
Apesar dos altos números de casos registrados na cidade, o secretário afirma que não há um “risco iminente” de colapso no sistema de saúde de Juiz de Fora. “O que estamos fazendo é uma preparação para que isso não aconteça, mas é fundamental que a população mantenha distanciamento. Se o número de casos aumentar exponencialmente, aí sim pode haver alguma dificuldade mas, neste momento, esse risco não é definido.”
Aumento de leitos
Durante a coletiva, o secretário de saúde também informou que a estrutura de exames laboratoriais está sendo avaliada para que os resultados dos testes para Covid-19 sejam divulgados com maior agilidade. Atualmente, o Estado conta com laboratórios das universidades federais de Juiz de Fora (UFJF) e de Viçosa (UFV), secretarias municipais de saúde e Fundação Ezequiel Dias (Funed). Entretanto, é possível que a capacidade seja ampliada através de uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Carlos Amaral também adiantou que o Governo estadual trabalha para abrir mais 20 leitos de UTI em Juiz de Fora. Na Zona da Mata, o município de Caratinga também pode contar com novos leitos. “O objetivo é que esses leitos sejam de UTI e vocacionados para Covid-19”, explica o secretário. “É importante lembrar que, sobre os leitos clínicos de UTI, nós temos número grande na região e, neste momento, não tem sido sinalizado de que haja risco de faltar”, afirma.
Pior semana epidemiológica
Com 25 óbitos e 668 casos confirmados de Covid-19, Juiz de Fora teve a pior semana epidemiológica entre 22 e 28 de novembro, desde o início da pandemia, conforme lembrado pelo prefeito Antônio Almas (PSDB), que também esteve na coletiva de imprensa nesta segunda. De acordo com o chefe do Executivo municipal, a evolução da doença tem ciclos. Até então, o pico havia sido registrado no final de junho; em seguida, a cidade passou a contar com reduções. Entretanto, o que chama a atenção para o momento atual é o descuido da população quanto aos cuidados necessários para conter a doença. “Agora há uma desmobilização social. A eleição é um dos casos, mas temos que lembrar que estão acontecendo festas em vários pontos na cidade. A aglomeração é o grande facilitador para o vírus”, explica Almas.
Ultimamente, os leitos em hospitais particulares têm tido grande alta de internações pela Covid-19. Como noticiado pela Tribuna no último sábado (28), a cidade tinha 95% dos leitos particulares de UTI ocupados. “Isso tem a ver com o aumento de número de casos nas classes A e B, motivado exatamente porque muitas dessas festas estão ocorrendo dentro dessas classes sociais”, justifica Almas. “É importante que todos nós pensemos que o fator que nos vai ajudar a sair desse processo negativo no qual entramos nessas últimas semanas é voltarmos a ter compromisso com isolamento, com distanciamento, uso de máscara e com ações de higiene. Não tem regra nova, mas sim o compromisso de cada um consigo mesmo e com o outro”, reforça o prefeito.
O superintendente da regional de saúde, Gilson Lopes, também esteve presente na coletiva de imprensa.