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Curso de panificação no Socioeducativo muda vida de jovem em Juiz de Fora

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Jovens acautelados aprendem técnicas de panificação no Centro Socioeducativo (Foto: Sejusp/ Milena Nascimento)

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Jovens acautelados aprendem técnicas de panificação no Centro Socioeducativo (Foto: Sejusp/ Milena Nascimento)
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“Sim, todo amor é sagrado/E o fruto do trabalho/É mais que sagrado/Meu amor/A massa que faz o pão/Vale a luz do seu suor/Lembra que o sono é sagrado/E alimenta de horizontes/O tempo acordado de viver.” O trecho da música “Amor de Índio”, lançada em 1978 na voz de Beto Guedes, com letra de Ronaldo Bastos, pode ilustrar a guinada na vida de G.B., de 19 anos. Aliciado pelo tráfico de drogas e apreendido aos 17 anos por ato infracional análogo a homicídio qualificado, ele teve no Centro Socioeducativo de Juiz de Fora a oportunidade de cursar panificação, voltada para a reintegração social dos jovens acautelados. Depois de aprender as técnicas durante três meses, em 2023, e deixar a unidade do Bairro Santa Lúcia, o egresso do sistema conseguiu emprego neste ano em uma padaria na região central da cidade, com a ajuda de seu instrutor, Ederson Ribeiro.

Morador da Zona Nordeste, G.B. tem agora uma rotina regrada pelo trabalho e muitos sonhos. “Meu objetivo é mudar de vida, ficar tranquilo, dar o melhor para a minha mãe e meu pai, ajudar em casa. Não quero dar mais desgosto para eles, quero fazer eles felizes, ter minha família e ficar de boa, trabalhando honestamente.” O jovem pode ser inspiração para 40 adolescentes que iniciaram, neste mês de agosto, o segundo curso de panificação oferecido no Centro Socioeducativo. A iniciativa é fruto de parceria entre a Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania de Juiz de Fora, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

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“Quando surgiu esse curso de panificação com o professor Ederson, fui apreendendo várias coisas com ele, coisas novas, que eu nem sabia fazer. Com o tempo, fui pegando mais intimidade e acabei entregando um currículo para ele. Quando eu saí, procurei o número dele para poder entrar em contato. Foi aí que deu tudo certo. Conversamos, e ele arrumou um lugar para mim em uma padaria. Conversei com a chefe, com ele e outro rapaz. Fiz uma experiência de três meses. Fui me esforçando, esforçando e acabei conseguindo esse emprego, que hoje, graças a Deus, tem me ajudado a melhorar”, conta G.B, em entrevista à Tribuna.

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De acordo com a Sejusp, nesta segunda edição, as atividades seguem até outubro e incluem: Curso de Iniciação Profissional em Noções Básicas de Panificação, iniciado em 5 de agosto; Fabricação de Salgados para Festas, Bares e Lanchonetes, previsto para 4 de setembro; Fabricação de Tortas Doces Especiais, que deve começar em 19 do mesmo mês; e Fabricação de Produtos Natalinos, marcada para 27 de setembro. “Este ano, a parceria dobrou a oferta de cursos e o número de jovens beneficiados. A primeira edição, em 2023, ofereceu duas capacitações (panificação e pizzaiolo) para 20 adolescentes.”

Mais oportunidades no Socioeducativo do que nas ruas

Perspectiva de curso de panificação no Centro Socioeducativo é ampliar a inserção de jovens no mercado de trabalho (Foto: Sejusp/ Milena Nascimento)

Cooptado pelo tráfico aos 13 anos, G.B. revela ter encontrado mais oportunidades quando estava acautelado do que quando estava em liberdade. “Antes de eu ir para o Socioeducativo, eu corri atrás de emprego. Fui várias vezes no Jovem Aprendiz, e sempre falavam que iriam me ligar, retornar. Mas quando me ligavam e pediam para eu ir lá, eu tinha que fazer curso, um monte de coisa. Mas eu nem fazia, porque tinha dificuldade de dinheiro, meus pais não tinham condições de pagar curso para mim. Aí fiquei nessa vida. Quando eu ‘rodei’, fui lá para dentro e aprendi várias coisas. Tenho muitos certificados: cursos de informática, panificação, pintura, jardinagem e de outras coisas.”

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Por meio da assessoria, o diretor-geral do Centro Socioeducativo de Juiz de Fora, Emerson Rocha, garante que as equipes trabalham para alcançar resultados ainda melhores neste ano. “Nossa perspectiva é ampliar a inserção no mercado de trabalho, assim como aumentamos os cursos profissionalizantes, para transformar a vida dos jovens e de suas famílias.” Para G.B, o instrutor do curso de panificação, Ederson Ribeiro, teve papel fundamental em seu êxito. “Eu tenho muito a agradecer a ele, por ter me ajudado e estar me acompanhando no dia a dia. O que eu preciso, falo com ele. E é assim, um ajudando o outro. Vamos seguindo em frente, tranquilo e de boa, que tudo dá certo.”

Em vídeo publicado pela Sejusp nas redes sociais, o instrutor Ederson fala de como essa vivência o motiva. “Fui contratado pelo Senai para poder ministrar panificação básica e um curso de pizzaiolo (no Centro Socioeducativo). Foi uma experiência encantadora, pelo dinamismo dos alunos, a vontade de aprender. Isso me motivou e me fez pensar várias coisas. Ver o aluno querendo mudar foi o ponto principal para ativar essas parcerias, fazer um bom trabalho e ter mais alunos empregados pela CLT.”

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Reformar a casa e viver em paz

Com duas irmãs mais velhas e outra mais nova, que também mora com os pais, G.B. tem entre seus planos futuros continuar a reforma da casa da família. O pai, ajudante de pedreiro, e a mãe, cuidadora de crianças, contam agora com a colaboração do filho e o dinheiro de seu trabalho, como ajudante de confeiteiro, padeiro e salgadeiro. “Os dois estão ‘encostados’, mas meu pai ainda faz uns bicos. Quando surgiu esse curso da panificação, eu fui aprendendo. Não sabia se iria gostar ou não, Hoje em dia eu gosto pra caramba de fazer as coisas.”

O jovem acorda cedo e às 6h já está no trabalho. “Saio do serviço às 14h, vou para casa, tomo banho e deito. Depois mexo na casa, tô fazendo uma obra lá. Minha rotina no dia a dia é essa. Só no domingo que eu não trabalho. Mas sábado, dependendo do que tem para fazer, eu faço rapidinho. Quando acaba, faço a faxina, limpo tudo o que tem que limpar e vou embora, umas 10h, 11h, meio-dia.”

Por motivos pessoais, G.B. não pretende continuar os estudos, que ele deixou prestes a concluir o ensino fundamental. Mas ele quer seguir trabalhando para auxiliar a família. “Eu estava no crime desde os meus 13 anos. Rodei e depois comecei a me envolver mesmo. Aí quando fui apreendido, já estava com 17 anos. Agora sigo tranquilo.” O jovem resgata sua trajetória convicto de que “ficar na vida bandida não compensa”.

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