A operação que resultou na prisão de Wesley da Silva Alves Pereira em Juiz de Fora também mirou outros seis influenciadores digitais, com idades entre 20 e 30 anos, que promoviam supostas rifas em seus perfis nas redes sociais. Todos foram presos por suspeita de associação criminosa, rifa ilegal, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, conforme informou a Polícia Civil de Minas Gerais (PMMG), em entrevista coletiva à imprensa na tarde desta quarta-feira (29) . Um outro suspeito segue foragido. As prisões ocorreram em flagrante por volta das 18h desta terça-feira (28), quando os suspeitos estavam a caminho de Além Paraíba para a entrega de um dos supostos prêmios.
A Polícia Civil cumpriu 17 mandados de busca e apreensão. Entre os itens apreendidos, estavam 12 motos – dez delas 0 Km -, dez carros, duas motos aquáticas, três carretas pequenas para transporte dos “prêmios”, R$ 14 mil, celulares, computadores, documentos e 10 caixas de cigarros. O patrimônio apreendido até então já soma cerca de R$ 3 milhões.
De acordo com o delegado Marcos Vignolo, a rifa praticada pelos suspeitos é considerada ilegal por não possuir finalidade filantrópica, como por exemplo, para ajuda a pessoa doente ou para levantar fundos para festa de formatura.
“(A rifa deve acontecer) em uma escala muito menor e é para uma situação pontual, para poder ter uma finalidade nobre, o que, com certeza, não tinha nada a ver com a atividade desenvolvida por esses indivíduos, que era uma atividade altamente lucrativa. Eles estavam ostentando muito em redes sociais, ostentando uma riqueza completamente incompatível com o rendimento deles, como viagens de alto luxo, passeios em embarcações, jet ski, festas”, explicou.
A operação também resultou na interdição de três estabelecimentos em Juiz de Fora, que seriam usados para lavagem de dinheiro. Foram duas distribuidoras de bebidas, localizadas nos bairros Fábrica e Teixeiras, e uma loja de roupas, no Bairro Linhares.
“Esses estabelecimentos estão em nome desses indivíduos. É uma forma também de gerar um ar de licitude no negócio deles, usando esses comércios legais para substituir a ilegalidade do outro negócio que eles tinham da rifa, que é a rifa ou sorteio ilegal”, esclareceu o delegado Márcio Rocha, coordenador da força-tarefa de Combate ao Crime Organizado em Juiz de Fora e Zona da Mata.
No total, 40 policiais participaram da operação, sendo 25 deles do Departamento de Operações Especiais, de Belo Horizonte.
Abordagem policial
A prisão de cinco dos suspeitos ocorreu em flagrante, enquanto eles estavam a caminho de Além Paraíba para a entrega de uma motocicleta e de um celular. Eles foram abordados próximo ao posto da Polícia Rodoviária Federal, no entroncamento da BR-116 com a BR-267. Os outros dois suspeitos foram presos durante cumprimento dos mandados em Juiz de Fora.
A investigação da força-tarefa de Combate ao Crime Organizado durou cerca de cinco meses. De acordo com o delegado Marcos Vignolo, além de bens móveis, como carros, motos e celulares, os suspeitos também rifaram imóveis, o que chamou a atenção das apurações. “Muitas vezes, quando uma pessoa possivelmente ganhava uma rifa, eles também ofereciam dinheiro em espécie para a pessoa poder escolher, ao invés do bem. Só que esse dinheiro era um valor muito menor, na maioria das vezes, do que o valor do bem”, detalhou.
Ainda conforme o delegado, a investigação continuará em andamento para levantamento de mais informações, como por exemplo, sobre a origem dos bens rifados. “Podemos afirmar que parte veio de apostas ilegais, que não são regulamentadas. Também temos indícios de que está vindo do contrabando de cigarros do Paraguai, e também outras atividades criminosas que estão em apuração agora pela força-tarefa.”
‘Provérbios 16:18’
A operação da PCMG foi nomeada Provérbios 16:18, em referência à frase “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”. A corporação informou que não pode divulgar nomes dos suspeitos presos em respeito à Lei de Abuso de Autoridade.