A possibilidade da desativação da Base Territorial da Polícia Militar e instalação da Base Móvel de Segurança Comunitária no Bairro Benfica, na Zona Norte, mobiliza moradores da comunidade que reivindicam, por meio de um abaixo-assinado, a permanência da base fixa que integra as ações do programa “Ambiente de paz”.
A meta é reunir mil assinaturas até esta segunda-feira (30) e entregar o documento ao comandante da 4ª Região da Polícia Militar (4ª RPM), coronel Alexandre Nocelli. Nele a comunidade ressalta que a intenção do comando é a “melhor possível e vem balizada por experiências bem sucedidas, mas cada território tem a sua especificidade. A Praça de Benfica já foi conhecida como campo de guerra, das brigas de gangues que marcavam encontro nela para suas disputas, chegou a sediar venda de armas”. Em outro trecho, o documento diz que “retirar o serviço da Polícia Militar 24h do coração do bairro compromete a segurança de toda a região”, acrescentando que, apesar da presença da PM, não foi possível impedir um homicídio em outubro de 2017, quando Bruno Neto de Almeida, 21 anos, foi alvejado na boca a cerca de quatro metros do posto. O crime ocorreu por volta das 22h30, na Praça Jeremias Garcia, local considerado o principal ponto do bairro, onde se concentram bares e lanchonetes, além do próprio posto policial. Em menos de um mês, Ailton Silva Duque de Oliveira, 18, foi baleado seis vezes, em plena luz do dia, na esquina das ruas Diogo Álvares com Henrique Dias, por volta das 15h, nas proximidades da praça e morreu na UPA Norte.
No entanto, a presença policial, no prédio mantido com apoio da comunidade “proporcionou a diminuição drástica dos conflitos”, de acordo com a informação do abaixo-assinado. Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse à Tribuna que a desapropriação do posto e instalação da Base Móvel foi comunicada pela PM em uma reunião comunitária na semana passada. A base funcionaria apenas das 17h30 às 22h. Ela teme que a criminalidade volte a fazer parte da rotina do bairro. “Diante da mudança, ficamos com medo. A desativação do posto vai fazer falta e trazer insegurança para nós moradores.” Já o presidente da Associação de Moradores de Benfica, Ronaldo Tadeu Magalhães Pereira, informou que a instalação da Base Móvel está prevista para agosto, como teria sido informado na reunião. “Já foi decretada essa mudança, e a própria PM quem disse sobre a desativação da Base Territorial, alegando que o efetivo atual seria insuficiente.” Entretanto, a assessoria da 4ª RPM garantiu que não há prazo para a instalação e nem mesmo se Benfica irá ser contemplado de imediato.
Conforme a corporação, as bases móveis não chegaram a Juiz de Fora e não há definição de data e das localidades que receberão a iniciativa e quantidade destinadas ao município. A única informação oficial é que Juiz de Fora fará parte da expansão do projeto do Estado das Bases Móveis de Segurança Comunitária da Polícia Militar. No início do mês, a Tribuna já havia adiantado que o Bairro Alto dos Passos, na Zona Sul, deve receber uma base móvel e duas motos. O veículo deve ficar na praça do trevo do Bom Pastor, entre 14h e meia-noite.
Além de Juiz de Fora, Contagem, Betim, Ribeirão das Neves, Ibirité, Vespasiano, Uberlândia, Uberaba e Montes Claros receberão o programa. O modelo de policiamento já é adotado em Belo Horizonte desde agosto passado e pretende descentralizar o patrulhamento com vans com modernos equipamentos, além de ser um ponto de registro de ocorrências, onde os policiais terão acesso à pesquisa no sistema informatizado, monitoramento das câmeras do sistema Olho Vivo e das câmeras das bases.
As vans terão quatro policiais vinculados por veículo, dois deles responsáveis pelo patrulhamento de moto no entorno da base. O horário de funcionamento previsto é o que concentra a maior parte dos crimes, e as bases ficarão em locais estrategicamente definidos.
No São Mateus
Situação semelhante à de Benfica ocorreu no Bairro São Mateus, região Sul, onde também houve um boato de que o posto policial seria fechado para dar lugar à Base Móvel de Segurança Comunitária. A Associação de Moradores iniciou mobilização para que a unidade fosse mantida, mas a PM negou o fechamento.