Cerca de 90% dos embarques no Terminal Rodoviário Miguel Mansur, que fica no Bairro São Dimas, Zona Norte de Juiz de Fora, foram cancelados. A drástica redução na quantidade de viagens ocorre por conta da pandemia do coronavírus e como consequência de decretos municipais e estaduais assinados pelos governos de Juiz de Fora e dos estados brasileiros. Em dias normais, segundo estimativa da administração do terminal, saíam cerca de 252 ônibus com destino a cidades de todo o país. Hoje, são previstos apenas 24 embarques diários, que, ainda assim, vêm sendo cancelados pela falta de passageiros. Atualmente, só há como os juiz-foranos irem de ônibus para duas capitais brasileiras: Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Ainda não há previsão de quando o serviço volta ao normal.
A administração estima que cerca de cinco mil pessoas passavam por dia pela rodoviária antes da pandemia. Hoje, não chega a 50. “Em cumprimento ao decreto municipal, todos os estabelecimentos comerciais que funcionavam na rodoviária, com exceção da farmácia, estão fechados. Nós estamos mantendo os serviços de limpeza, conservação e segurança do prédio”, disse o gerente da rodoviária, Arthur Bittencourt.
Segundo ele, os cancelamentos aconteceram de forma gradativa, conforme foi se ampliando a necessidade de a população permanecer em casa. Além disso, em alguns destinos está proibida a entrada de ônibus intermunicipais. “Algumas empresas foram deixando de disponibilizar as linhas por conta da baixa procura. Outras, por iniciativa própria”, comentou.
Arthur Bittencourt disse que não é garantido que os 24 embarques diários aconteçam. Nessa sexta-feira (27), por exemplo, o dia começou com um embarque a menos. O ônibus previsto para sair para Três Rios (RJ) às 6h, segundo o administrador, foi cancelado por falta de passageiros. “Não há como prever quantos embarques terão ao longo dia. Depende, realmente, da demanda. Muitas linhas não estão tendo procura. Neste caso, os veículos não saem,” explicou.
Viagens mantidas
Antes da crise de saúde que afetou todo o mundo, a rodoviária de Juiz de Fora oferecia linhas regulares para todas as principais capitais do país e para todas as regiões do território brasileiro. Atualmente, não são oferecidas mais linhas, por exemplo, para São Paulo, Vitória e Brasília. Segundo Arthur, até esta sexta, estavam disponíveis quatro horários de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro, sendo que antes, havia ônibus saindo, praticamente, de hora em hora. Há ainda cinco horários com destino a Belo Horizonte e uma linha para o Sul de Minas, passando por Varginha e indo para Ribeirão Preto (SP).
As empresas que operam no terminal mantêm três horários que incluem as cidades de Ubá, Viçosa e Ponte Nova, que podem servir para a ida a cidades do entorno. Outros dois embarques para os municípios de Santos Dumont e Barbacena, três horários com destino a Três Rios e outros três para Leopoldina e Recreio também estavam mantidos até esta sexta.
Para tentar minimizar os impactos, algumas empresas aumentaram a flexibilidade da política de cancelamentos da passagens. A orientação é que os passageiros façam contato com as empresas e vejam as opções disponíveis.
Transporte de passageiros é serviço essencial
O presidente da República, Jair Bolsonaro, publicou, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de sexta-feira (20), o decreto nº 10.282, que define os serviços públicos e as atividades essenciais em período de emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus (Covid-19).
Segundo a norma, são serviços públicos e atividades essenciais aqueles indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim considerados aqueles que, se não atendidos, colocam em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população, como o “transporte intermunicipal, interestadual e internacional de passageiros e o transporte de passageiros por táxi ou aplicativo”. Cabe à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) regular e fiscalizar o transporte terrestre coletivo interestadual e internacional de passageiros.
Aeroporto Regional suspende operação comercial
A queda na quantidade de viagens também atingiu o Aeroporto Aeroporto Regional da Zona da Mata. A administradora do aeroporto informou que está desde quinta-feira (26) sem voos comerciais. A viagem prevista para sexta-feira (27), vindo de São Paulo, que seria a última, foi cancelada. Na última terça-feira (24), Gol e Azul, empresas aéreas que operam no aeroporto, suspenderam todos os voos na Zona da Mata em função da queda de passageiros causada pelo avanço dos casos de coronavírus.
Com isso, foram suspensas temporariamente as operações comerciais no Aeroporto Presidente Itamar Franco em função da pandemia da Covid-19. De acordo com a concessionária, “o aeroporto manterá o mínimo de pessoas no local e a unidade estará apta a receber voos da aviação geral, se houver solicitação”.