O morador de Juiz de Fora infectado com a cepa B.1.617 do coronavírus, registrada pela primeira vez na Índia, tem quadro de saúde estável e deve ter alta da Santa Casa no próximo domingo (30). A informação foi divulgada em entrevista coletiva à imprensa, realizada na tarde desta sexta-feira (28), pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (SS/PJF) e pela Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (SRS-JF). Conforme a secretária de Saúde, Ana Pimentel, o paciente, que tem 33 anos, apresentou comprometimento pulmonar e precisou de oxigenoterapia. Ele está internado na unidade hospitalar desde o último dia 22.
Também de acordo com os órgãos, o exame realizado pela esposa do paciente, único contato próximo que ele teria tido antes da internação, segundo a pasta municipal, foi negativo para a Covid-19. Entretanto, ela segue sendo monitorada pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica e em isolamento domiciliar.
Além da esposa, o homem também teve contato com o motorista que o trouxe de carro de São Paulo a Juiz de Fora, no dia 18 de maio. De acordo com Ana, ele foi comunicado pelo Município e orientado a fazer teste e ser monitorado na cidade.
Conforme o gerente do Departamento da Vigilância Epidemiológica, Jonathan Ferreira, que também participou da entrevista coletiva, todos os profissionais que cuidaram do paciente dentro do hospital, além das pessoas que colheram o material biológico do paciente para a realização do exame, estão sendo monitoradas pelo setor.
Na noite desta quinta-feira (27), o Ministério da Saúde confirmou que o exame de sequenciamento genético confirmou que o paciente foi infectado com a variante B.1.617 do coronavírus. A cepa é considerada mais perigosa por ser mais transmissível e por possivelmente causar mais gravidade nos pacientes com Covid-19. O caso de Juiz de Fora é o oitavo do país e o primeiro de Minas.
‘Não sabemos, de fato, se ela é mais transmissível’
Na entrevista coletiva desta sexta, a SRS e a PJF afirmaram ainda não haver comprovações científica de que a cepa B.1.617 seria mais virulenta que as demais variantes em circulação no país. “O efeito da variante tem demostrado ser semelhante às demais que têm circulado no nosso país. Ela não parece ser mais patogênica ou mais virulenta que as demais. Mas o parâmetro que temos é a Índia, um país em que vemos uma desassistência, e isso pode gerar um dado um pouco enviesado. Então, não sabemos, de fato, se ela é mais transmissível, ou se as condições sociais do país fazem com que ela se torne mais transmissível”, explicou Louise Cândido, referência técnica em Epidemiologia da SRS.
“Portanto, a gente deve reforçar o uso de máscaras de boa qualidade e as medidas de prevenção. Nesse momento, é a maior medida para controle da transmissão da doença, até porque a gente não sabe ao certo quais serão os impactos dessa variante”, acrescentou Louise.
De acordo com a secretária Ana Pimentel, o paciente contaminado com a variante B.1.617 na cidade não apresentou quadro de saúde com complicações mais graves que outros casos de Covid-19 atendimento no município.
SES diz que tomou medidas de prevenção
Na manhã desta sexta, o Governo de Minas divulgou nota em que explica que, na terça-feira (26), foi solicitada à Vigilância Sanitária a ampliação das medidas de fiscalização de entrada de passageiros oriundos do exterior no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte.
Na entrevista coletiva, a superintendente interina de Saúde, Cimara Vieira, informou que imediatamente à chegada do paciente ao Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) comunicou o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cieves-MG) de que o paciente havia feito um teste para a Covid-19, cujo resultado foi negativo. Ainda assim, conforme a SRS, o homem foi orientando a permanecer em isolamento domiciliar por 14 dias. “O Cieves, então, comunicou a SRS, que repassou ao Município de Juiz de Fora sobre a situação. Todo o monitoramento epidemiológico do paciente e dos seus contatos foi feito”, garantiu.
Rastreio
Questionados sobre as possíveis paradas e contatos ao longo do percurso do paciente de São Paulo a Juiz de Fora, assim como as eventuais paradas do motorista no retorno à capital paulista, os órgãos informaram que não identificaram ou rastrearam os deslocamentos e que não têm detalhes sobre o percurso. Os representantes, pontuaram, entretanto, que toda orientação ao paciente foi dada, ainda no aeroporto, pela Anvisa.