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Inaugurada há dois anos, ETE União-Indústria segue sem operar

ete by fernando priamo capa

Foto: Fernando Priamo

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Cerca de dois anos após ser inaugurada, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União-Indústria, localizada no Bairro Granjas Bethel, Zona Sudeste, segue sem receber efluentes. Projetada para receber o esgoto gerado em Juiz de Fora desde o Bairro Santa Terezinha, Zona Nordeste, até o Bairro Vila Ideal, Zona Sudeste, a ETE União-Indústria está ainda em operação descontínua para testes e ajustes, processo em que é utilizada água bruta retirada do rio, conforme a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama). Em junho de 2019, a Cesama informou à Tribuna que a meta era receber efluentes em agosto último. Entretanto, passados seis meses, a companhia estima novo prazo para o início da operação efetiva de tratamento de resíduos na ETE União-Indústria: até o fim do primeiro trimestre deste ano. De acordo com a Cesama, a primeira rede de esgoto a ser interligada à elevatória será a da Vila Ideal. Ao passo que a ETE segue sob ajustes finais, a capacidade de tratamento de esgoto de Juiz de Fora permanece estagnada em 10%.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União-Indústria, localizada no Bairro Granjas Bethel, Zona Sudeste, segue sem receber efluentes (Foto: Fernando Priamo)

Quando inaugurada em 22 de março de 2018 como o passo mais importante dado para a despoluição do Rio Paraibuna até então, a Cesama projetara atingir, ao fim daquele ano, a capacidade de tratamento de efluentes de 50%, e, posteriormente, alavancá-la, gradativamente, até 75%. Após revisão, as metas tornaram-se mais modestas. A autarquia planeja elevar o índice de esgoto tratado de 10% para 35% até o fim de 2020. “A expectativa é de que a primeira rede a ser interligada do Bairro Vila Ideal na elevatória de esgoto aconteça ainda no primeiro trimestre deste ano, iniciando assim o efetivo tratamento. A partir disso, o aumento do volume de tratamento na ETE será progressivo, com o acréscimo do esgoto que será interligado das ruas, progressivamente, ao interceptor implantado – a partir dos bairros Poço Rico e Vila Ideal. (…) A Cesama possui em seu planejamento estratégico metas de progressão do tratamento, chegando ao índice de 35% do esgoto tratado até o final de 2020”, informa, em nota, à Tribuna.

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O critério adotado pela Cesama para o aumento gradativo da ETE União-Indústria é a interligação do sistema de esgoto de jusante para montante – de um ponto mais alto para outro mais baixo -, uma vez que o esgoto percorre as tubulações por gravidade, e, portanto, o caminho deve estar inclinado. Logo, conforme a companhia, o aumento progressivo se dá por uma operação de caça-esgoto na região dessas interligações. A ETE União-Indústria foi projetada para tratar até 850 litros de esgoto por segundo, o que representa 65% do esgoto gerado no município. Dos atuais 1.200 litros por segundo produzidos em Juiz de Fora, 750 estão na área de abrangência da elevatória da Zona Sudeste.

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Esgoto em tratamento
Atualmente, as ETEs Barreira do Triunfo e Barbosa Lage são responsáveis por tratar 10% do esgoto da cidade. Enquanto a ETE Barreira do Triunfo trata os efluentes da própria Barreira, a área de contribuição da ETE Barbosa Lage fica entre a ponte da Avenida Rui Barbosa e o Bairro Ponte Preta. O projeto da ETE Barbosa Lage conta com quatro módulos na unidade e, atualmente, um módulo está em funcionamento, o que corresponde ao tratamento de cerca de 25% da Zona Norte. De acordo com a Cesama, para atingir 100% da área de contribuição da ETE Barbosa Lage, a ampliação da unidade da estação está em processo de licitação. Quando estiver em funcionamento, 27% do esgoto de Juiz de Fora será contemplado.

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Separação das redes de captação

De acordo com a Cesama, o processo sequencial e gradativo de tratamento de esgoto é justificado devido à necessidade de substituir e separar, nas ruas, os efluentes da rede de captação pluvial, cujo processo, contínuo, é responsável pela “melhoria e modernização das redes coletoras da cidade”. Dois tipos de redes estão sendo construídos em Juiz de Fora para impedir que o esgoto caia sobre o Rio Paraibuna. A primeira, instalada ao longo dos córregos de contribuição do rio, é chamada de coletora; já às margens da Avenida Brasil é feita a rede interceptora, o ponto final da rede coletora. Questionada sobre o progresso do processo de substituição e separação das redes de captação, a Cesama informou ter substituído, entre 2016 e 2019, 31.836,4 metros de redes de esgoto em Juiz de Fora. Contudo, os trabalhos seguem ainda em andamento.

“Ressaltamos que os interceptores são executados ao longo do Rio Paraibuna e os coletores ao longo dos córregos. No total, já foram implantados 7.622,3 metros de interceptores e 7.308,41 metros de coletores de esgoto, além de 5.032,15 metros de linhas de recalque ao longo do sistema”, detalha. As linhas de recalque são responsáveis por bombear os efluentes para um ponto mais alto para que o volume siga o seu fluxo. Ainda de acordo com a Cesama, estão concluídos os trabalhos do interceptor da Vila Ideal 2, cuja extensão é de 1.870 metros, e a linha de recalque da Vila Ideal, de 3.368,65 metros. Entretanto, a partir deste mês, há ainda pequenas intervenções a serem realizadas na Vila Ideal para promover a separação e a ampliação da coleta de esgoto da região para que a rede do bairro seja finalmente interligada à ETE União-Indústria.

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Três elevatórias ainda não concluídas

Outras obras que integram o projeto de despoluição do Rio Paraibuna são as de estações elevatórias, responsáveis por auxiliar o bombeamento de resíduos em regiões de Juiz de Fora de maior profundidade. Como as tubulações devem estar inclinadas, elas ficam cada vez mais abaixo do nível da rua e, ao atingir determinado nível, uma nova estação elevatória é necessária para que os resíduos retomem o nível necessário e continuem descendo por gravidade.

Cinco estações elevatórias compõem o sistema União-Indústria: Independência, Mariano Procópio, São Pedro, Vila Ideal e Vitorino Braga. De acordo com a Cesama, apenas as estações elevatórias Independência e Vila Ideal, situadas no sistema do interceptor do esgoto principal e já implantado ao longo das margens do Paraibuna, na Avenida Brasil, estão concluídas.

“As unidades (Independência e Vila Ideal) serão responsáveis pelo bombeamento e transporte de todo o esgoto que é direcionado para a ETE União-Indústria. As outras três elevatórias (São Pedro, Vitorino Braga e Mariano Procópio) são elevatórias relativas a coletores específicos e suas execuções estão sendo programadas de acordo com a evolução na execução destas bacias de contribuição”, pondera, em nota, a Cesama. As estações elevatórias Independência e Vila Ideal são as de maior porte, pois serão responsáveis pela condução do esgoto da região central em sua quase totalidade.

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