De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), estima-se que, atualmente, cerca de 42 milhões de brasileiros sofrem de alopecia androgenética, mais conhecida como calvície. Existem diversas maneiras de se lidar com a queda de cabelo, independente da causa. Entre as alternativas, estão o uso de remédios para controlar a perda e estimular o crescimento capilar e, também, a realização de procedimentos cirúrgicos, como o transplante capilar, indicado tanto para homens quanto para mulheres, mas majoritariamente procurado por eles.
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O médico cirurgião Samir Assef Benhame, especialista em tricologia e restauração capilar, explica que, diante da avaliação presencial, pacientes com calvície em idade mais avançada podem realizar o transplante capilar. Por outro lado, para pacientes jovens, ou com calvície leve, é interessante iniciar tratamento e depois reavaliar se é necessário a cirurgia. Ele ressalta a importância, também, de um exame de tricoscopia e do diálogo estabelecido entre o profissional de saúde e o paciente. “A ideia do exame é avaliar o fio, o couro cabeludo, se existe ou não a possibilidade de fortalecer aqueles fios já existentes, a rotina e hábitos daquele paciente. Ou seja, é avaliar se o paciente está apto ou não a realizar o procedimento”, completa Samir, que dirige a clínica Dr. Hair, no Rio de Janeiro.
Segundo o Censo 2022, promovido pela Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS), no ano de 2021, foram realizadas 703.183 cirurgias de restauração capilar em todo o mundo, representando um aumento de mais de 250% do número registrado em 2010, que totalizava 279.381. Essa popularidade se deve a diferentes questões, que vão desde a chegada de uma nova geração de homens, que estão se preocupando com a estética e se cuidando mais, até os avanços tecnológicos, que facilitam, cada vez mais, o processo. Os preços variam entre R$ 10 mil a R$ 20 mil, aproximadamente.
Transplante capilar: FUT e FUE
Samir Assef expõe que, atualmente, a cirurgia pode ser realizada por dois métodos diferentes. O FUT (Follicular Unit Transplant, ou Transplante de Unidade Folicular) é uma técnica mais antiga, em que se faz um corte na região da cabeça para então lapidar e implantar os folículos. Essa metodologia, porém, deixa uma cicatriz perceptível na maioria dos pacientes, que podem apresentar complicações e desconfortos no pós-operatório. Com o avanço da tecnologia, os médicos passaram a utilizar a técnica FUE (Follicular Unit Extraction, ou Extração de Unidade Folicular), realizada com o auxílio de um aparelho que retira o folículo fio a fio, sem deixar cicatrizes visíveis e proporcionando uma recuperação rápida e eficaz.
Para que a cirurgia aconteça de maneira segura, os cuidados pré-operatórios são essenciais. Durante o processo, são avaliados o risco cirúrgico e, se necessário, a suspensão de medicações, até cinco dias antes da cirurgia. Focando no resultado, entre os cuidados para o pós-operatório estão o repouso nas primeiras 24 horas e, para uma boa cicatrização, proteção solar nos 12 dias seguintes.
Recuperação da autoestima
O jornalista Guilherme Arêas, 38 anos, afirma ter cogitado raspar a cabeça e adotar o visual careca, devido à sua genética propícia à calvície. Porém, ao mesmo tempo em que tinha esses pensamentos, ele começou a se informar sobre as novas técnicas de restauração capilar. “Li muitos artigos, participei de grupos no WhatsApp com pessoas que fizeram transplante, fui a vários médicos, até que decidi fazer”, explica.
Para ele, o processo mais demorado foi o da escolha do médico. Entre consultas e orçamentos, ele encontrou um profissional que lhe passou confiança. “Depois que eu escolhi o médico, o processo todo foi bem rápido e, de certa forma, até simples”, destaca o jornalista. Na consulta, foi explicado tudo que aconteceria na cirurgia e, no dia do procedimento, ocorreu tudo dentro do previsto. A operação durou cerca de 6 horas que, para ele, passaram rápido, já que estava sedado.
“O transplante devolveu muito da minha autoestima. Eu não me dava conta de que o cabelo era algo tão importante pra gente se sentir bem.” Guilherme completou expressando sua satisfação em retornar com hábitos que havia perdido, como o de pentear o cabelo e usar pomada modeladora, pequenas ações cotidianas que lhe fazem sentir bem.
Segundo ele, o resultado superou suas expectativas devido ao aspecto natural alcançado. Assim, Guilherme destaca a importância de seguir o tratamento com os remédios, recomendados pelo médico, visto que “os fios transplantados da área doadora não caem mais, mas o resto de cabelo que você já tinha na área calva pode continuar caindo se você não fizer um tratamento”.
Cirurgia aos 20 anos
Da mesma forma, com a cirurgia marcada para o dia 24 de janeiro, Gabriel Costa, estudante de 20 anos, afirma sempre ter sido uma criança com cabelo grande, estilo no qual ele enxergava beleza. Durante sua adolescência, porém, percebeu que o cabelo estava apresentando quedas e, as entradas, aparecendo. “Eu não me via da mesma forma, me olhar no espelho já não era tão gratificante quanto antes”, afirma o jovem. Assim, o estudante encontrou no transplante capilar uma oportunidade de ter sua autoestima de volta.
Antes de decidir pelo procedimento cirúrgico, Gabriel, por recomendação médica, recorreu ao uso de minoxidil nas áreas de queda capilar, porém, por não perceber efeitos imediatos e inspirado pelos resultados bem sucedidos de transplantes capilares, ele optou pelo processo.
Após um tempo de pesquisas para a escolha da clínica, Gabriel teve sua primeira consulta. Lá foi explicada a importância dos fios estarem fortes para se ter maior eficiência no procedimento. Atualmente passando pelo processo do pré-operatório, o jovem já está realizando os cuidados para fortalecer os fios da área doadora. Suas expectativas são altas, e ele espera, com a cirurgia, conseguir se ver como antes.
Qualidade e quantidade
O cirurgião plástico João Mansur, da Clínica Mansur Transplante Capilar, reforça que a espessura e a forma do cabelo, assim como a presença de folículos em quantidade e qualidade suficientes, podem ser fatores determinantes para o sucesso do resultado do paciente. Para ele, o aumento na procura pelo transplante capilar é resultado da “facilidade do processo para os pacientes e a rápida recuperação, possibilitada pelo avanço da tecnologia”. Este avanço, inclusive, tem permitido o barateamento dos procedimentos. “O transplante de cabelo hoje, aqui, custa R$ 13.500”, exemplifica Mansur, complementando: “Hoje, inclusive, nós temos a possibilidade de usar o cabelo da barba no transplante”.
Seguindo a aceitação do tratamento cirúrgico para restauração capilar, o cirurgião Samir Assef, aposta, também, no sucesso do transplante de barba e de sobrancelhas, que têm tido grande procura em sua clínica.
*Andreza Araújo, estagiária sob supervisão do editor Wendell Guiducci