A Polícia Civil de Minas Gerais revelou, nesta quarta-feira (17), que um esquema de receptação, desmanche ilegal e lavagem de dinheiro movimentou cerca de R$ 3 milhões em apenas dois meses em Juiz de Fora. O caso foi detalhado na segunda fase da Operação Cymprium, que investiga a atuação de um homem de 29 anos, preso desde o dia 3 de setembro e apontado como “o maior receptador de fios de cobre de Juiz de Fora”, segundo o delegado Márcio Rocha.
O suspeito é proprietário de um ferro-velho na Cidade Alta e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. De acordo com as investigações do Núcleo Regional de Inteligência (NRI), ele usava o dinheiro obtido na revenda ilegal de cobre para comprar carros em leilão, desmontá-los e revender peças. Também adquiria veículos com pendências judiciais ou dívidas de IPVA e realizava desmanche no mesmo local.
“O crime começou com a subtração de cabos, mas foi se expandindo: receptação, revenda, lavagem de dinheiro e outras atividades. Trata-se de uma organização criminosa segmentada, com cada integrante em uma função”, explicou o delegado. Ele destacou que ainda não é possível precisar o número de pessoas envolvidas no esquema, mas que a rede é composta por diversos participantes, entre autores de furtos, receptadores e responsáveis pela lavagem de valores.
Os funcionários do suspeitos chegaram a ser conduzidos à delegacia, onde foram ouvidos e liberados em seguida. Conforme expôs o delegado, a atividade ilegal era altamente lucrativa – o que repercutia da recorrência de furtos de cobre por Juiz de Fora e em outras localidades.
O suspeito – que deve responder por receptação, adulteração de sinal identificador, associação criminosa e exercício irregular da profissão – comprava o cobre furtado por R$ 40 ou R$ 50 o quilo e revendia a R$ 80 ou R$ 100. Semanalmente, movimentava cerca de meia tonelada de fios, chegando a um volume ainda maior em algumas semanas. A organização envolvida no esquema furtava também fios de outras cidades da Zona da Mata e região, que passavam a ser vendidas pelo suspeito.
“Ele pagava os fornecedores em dinheiro vivo, geralmente pessoas em situação de rua, adictos ou ex-funcionários de companhias”, destacou Rocha. Testemunhas relataram à polícia que o esquema movimentava de R$ 50 mil a R$ 70 mil por semana em espécie. Bem como possuía laranjas e empresas fantasmas para lavar o dinheiro e justificar os valores altos.
Além dos dos imóveis, um ferro-velho no Bairro Borboleta e um galpão no Marilândia, a Polícia Civil acredita que o suspeito seja proprietário de outros bens em nome de terceiros, como carros, motos aquáticas e sítios tanto em Juiz de Fora quanto na região. As investigações continuam a fim de desvendar todo o esquema, que foi qualificado como complexo pelo delegado regional Bruno Wink – que também participa da condução do caso.
Apesar dos avanços, a Polícia Civil considera as novas descobertas um desdobramento da primeira fase da operação, que registrou a maior apreensão de fios de cobre já registrada em Juiz de Fora e região – ocasião em que o suspeito também foi preso – e avalia que a investigação ainda não está perto de ser concluída.