A confirmação do primeiro caso de coronavírus em Juiz de Fora e as recomendações feitas por infectologistas de isolamento social para evitar a propagação de Covid-19 levaram a uma corrida aos supermercados da cidade no fim de semana. Procuradas pela Tribuna nesta segunda-feira (16), no entanto, as principais redes de varejo reforçam não ser necessário entrar em pânico, já que o abastecimento continua normal. Além disso, o ideal é que as aglomerações sejam evitadas, inclusive nos locais de compras. Alavancado pelo álcool em gel, o setor de limpeza foi o mais procurado pelos clientes de algumas lojas. Segundo o gerente de marketing do Bahamas, Nélson Júnior, itens como papel higiênico, sabonete líquido, toalha de papel, água sanitária e desinfetante tiveram crescimento extra. “O quadro é do dia a dia, e hoje nos conforta bastante. Temos boa capacidade de abastecimento, não precisa ter correria”, garantiu ele, sobre a maior rede de supermercados de Juiz de Fora, com 24 unidades.
Um corretor de imóveis de 44 anos, que preferiu não se identificar, contou ter sido surpreendido pela dúvida, no domingo, “será que preciso estocar?”, após ser alertado por um amigo. “Ele me ligou à noite dizendo que estava no Bahamas 24 horas e que estava muito cheio, com filas nos caixas. Disseram que estava assim por causa do coronavírus. Como temos crianças, ele ficou preocupado e me avisou. Mas acho que não dá para criar alarde, porque, por enquanto, os centros de distribuição vão continuar fazendo a reposição das mercadorias.”
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Mas o pensamento em comum parece ter sido mesmo o de se garantir. No Carrefour, que fica no Bairro Cruzeiro do Sul, o movimento já foi maior no fim de semana e na manhã desta segunda, como contou a funcionária líder Bárbara Costa, responsável pela frente de caixas. Segundo ela, a busca foi por vários itens, desde alimentos até materiais de limpeza. “Estamos recebendo tudo normalmente, os pedidos continuam chegando. Não precisa ter pânico.” A exceção é o álcool gel, que está esgotado há uma semana. “A procura foi muito grande no início, e não temos previsão para receber, porque está faltando no centro de distribuição.” Já para a assepsia de clientes e funcionários, o produto continua disponível. “Colocamos na entrada da loja, no balcão de atendimento, nos caixas e quando servimos o café.” A limpeza também foi reforçada, como garantiu a colaboradora, inclusive higienizando as máquinas de cartão.
População carente
Também em tom de tranquilizar os juiz-foranos, o diretor-executivo dos Supermercados Pais e Filhos, Marco Antônio Fernandes, ponderou que uma corrida às lojas, neste momento, pode acabar causando desabastecimento e prejuízos, “especialmente aos mais carentes, que são a parcela da sociedade que mais sofre”. Ele ainda não contabilizou as vendas do último fim de semana nas unidades espalhadas pelos bairros Francisco Bernardino e Benfica, na Zona Norte, Borboleta, Cidade Alta, e na Avenida Olegário Maciel, demonstrando cautela ao tratar do assunto.
O diretor-executivo ainda falou das precauções tomadas pela empresa: “Adotamos ações mais severas com relação à segurança de nossos funcionários e clientes. Criamos comunicados internos, conscientizando da necessidade do cuidado e envolvimento de cada um. Entendemos que os primeiros países a terem problemas sérios não tiveram informações a tempo para se prevenir, diferente do que acontece no Brasil.” Ainda segundo ele, “é um sentimento do Pais e Filhos de que a disseminação de informações a respeito de hábitos simples será de vital importância para ajudar a prevenir o crescimento da epidemia: lavar as mãos, se higienizar com álcool gel, manter o ambiente de trabalho e os lares limpos e desinfectados. Isso trará mais segurança para todos.”
Assim como o Grupo Bahamas, o gerente do Supermercados BH, Agnaldo Rodrigues, também percebeu aumento nas vendas de produtos de limpeza na loja, que fica no Shopping Jardim Norte. Mesmo assim, segundo ele, o movimento ainda é considerado normal. Sem álcool em gel desde o meio-dia de sábado, ele disse que uma carreta saiu de Belo Horizonte com o produto e deve chegar à cidade até esta terça. “Nosso fornecimento está normalizado, mas como estamos longe do centro de distribuição, que fica em BH, vou reforçar meus pedidos no geral, tanto de alimentos, quanto de não alimentos.”
Bahamas já vendeu 42 mil unidades de álcool gel
Apenas nos primeiros 15 dias de março, o Grupo Bahamas já comercializou em torno de 42 mil unidades de álcool gel. O número é quase 40 vezes maior do que as 1.100 embalagens do produto vendidas em igual período do ano passado. “O crescimento é expressivo. Como estamos acompanhando a evolução no dia a dia, estamos distribuindo diariamente o produto para as unidades. Hoje nosso volume em estoque gira em torno de 20 mil unidades”, contabilizou o gerente de marketing, Nélson Júnior. “Dentro da linha do coronavírus, outros produtos também tiveram crescimento”, lembrou ele, citando papel higiênico, sabonete líquido, toalha de papel, água sanitária e desinfetante. “Se considerarmos que todos eles remetem a limpeza e higiene, podemos ter um sintoma de que essas categorias começam a ser afetadas pelo alcance de vendas.”
Mesmo assim, conforme o gerente, não se pode atribuir o movimento dos últimos dias a uma possível corrida aos supermercados. “Estamos em campanha de aniversário e temos experimentado boas vendas. No fim de semana (sexta, sábado e domingo) tivemos um promocional muito forte, que respondeu as expectativas. Por este fato, não podemos atribuir a uma corrida para abastecimento.” Já em relação ao álcool em gel, Nélson Júnior admite haver certa preocupação. “Estamos monitorando dia a dia. Este produto está merecendo atenção especial, já que a demanda aumentou muito, e é o principal produto recomendado para a higienização pessoal. Aumentamos nossos pedidos junto à indústria, até mesmo introduzindo novas marcas do produto.”
Limitação de produção
Além disso, para permitir que um maior número de clientes tenha acesso ao álcool gel, o Bahamas solicitou ao Procon limitação para venda. “Foi entendido como justo pelo órgão. A partir de agora, cada consumidor poderá levar no máximo três produtos por compra”, finalizou o gerente, reforçando que todos os demais itens estão “com seus índices de giro normalizado, não havendo, por hora, motivo de correria aos supermercados.”