A greve dos professores na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e no Instituto Federal de Minas Gerais (IF Sudeste) teve início nesta segunda-feira (15) com assembleia e instauração do Comando Local de Greve (CLG). A paralisação das atividades segue o movimento nacional, que abrange universidades federais, institutos federais e centros federais de educação tecnológica. De acordo com a Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), o CLG, que conduzirá localmente as atividades do movimento grevista, se reunirá novamente nesta terça-feira (16), entre outros encontros ao longo da semana. Não foram repassados dados sobre a adesão da greve em Juiz de Fora.
A nível nacional, o movimento dos docentes demanda, entre outras pautas, a reestruturação das carreiras, a recomposição salarial com reajuste de 22,71%, a realização de concursos, bem como a revogação da portaria do Ministério da Educação 983 de 2020, que estabelece aumento da carga horária mínima de aulas e o controle de frequência por meio do ponto eletrônico para a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Já a nível local, a Apes entregou, na última quinta-feira (11), as reivindicações dos professores da UFJF e do IF Sudeste às respectivas reitorias. A categoria também solicitou às administrações superiores o agendamento de uma reunião para definirem as atividades consideradas urgentes ou essenciais que deverão ser mantidas durante o movimento paredista, após a instauração do Comando Local de Greve.
À Tribuna, a UFJF informou que “respeita a greve dos professores e a autonomia das entidades de classe”, mas acrescentou que se manifestará no momento.
Caravana para Brasília
Representantes da Apes irão a Brasília nesta semana para participar da agenda nacional de mobilização com uma caravana que sairá de Juiz de Fora juntamente com representantes do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação (Sintufejuf). Os TAEs também estão em greve desde o dia 11 de março.
Uma audiência pública, que será realizada na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (16), pretende debater as mobilizações e paralisações dos servidores técnico-administrativos de universidades e IFs. Ao longo da semana, as representações das entidades de educação federal terão programação em Brasília dentro da jornada “0% de reajuste não dá”. A expectativa é que, até sexta-feira (19), o Governo federal apresente uma nova proposta a ser debatida pelas categorias.
Governo federal abre mesas de negociações para reajustes
Em nota encaminhada à Tribuna, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos do Governo federal informou que formalizou aos docentes a proposta de reajuste do auxílio-alimentação de R$ 658 para R$ 1 mil a partir do mês de maio, aumento em 51% nos recursos destinados à assistência à saúde suplementar, bem como acréscimo na assistência pré-escolar de R$ 321 para R$ 484,90. A pasta destacou ter aberto mesa específica para tratar sobre os reajustes para a educação com as entidades representativas das carreiras educacionais.
“Além disso, os Ministérios da Gestão e o da Educação criaram um Grupo de Trabalho para tratar da reestruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação. O relatório final do GT, entregue no dia 27/3 à ministra Esther Dweck, servirá como insumo para a proposta do governo de reestruturação da carreira, que será apresentada aos servidores na Mesa Específica de Negociação”, diz. “O Ministério da Gestão segue aberto ao diálogo com os servidores da área de educação e de todas as outras áreas, mas não comenta processos de negociação dentro das Mesas Específicas e Temporárias.”
Já o Ministério da Educação (MEC) informou que também vem se esforçando para alternativas de valorização dos servidores, “atento ao diálogo franco e respeitoso com as categorias”. “No ano passado, o Governo federal promoveu reajuste de 9% para todos os servidores. Equipes da pasta vêm participando da mesa nacional de negociação e das mesas específicas de técnicos e docentes instituídas pelo MGI, e da mesa setorial que trata de condições de trabalho”, informou.
Estudantes realizam ato na UFJF
Os estudantes da UFJF, convocados pelo Diretório Acadêmico (DA) da Faculdade de Medicina da UFJF, realizaram um ato na tarde desta segunda-feira solicitando o atendimento às reivindicações dos TAEs e dos professores, de forma que as aulas sejam retomadas novamente. A proposta é pressionar a reitoria e o Governo federal e mostrar que os alunos estão do lado dos trabalhadores, ao mesmo tempo que buscam mitigar os efeitos da paralisação no ensino.
A preocupação dos estudantes é com a possível suspensão do calendário acadêmico por conta da greve, considerando que, mesmo os profissionais que não aderiram ao movimento precisariam parar suas atividades caso isso ocorra.
“Cada dia de greve contribui para que o calendário da Medicina, que já se encontra atrasado por conta da pandemia, se atrase cada vez mais, gerando prejuízos para todos os ciclos do curso: básico, clínico, internato. Sendo assim, a mobilização estudantil pode fazer grande diferença na duração da greve”, informou o DA por meio de postagem em redes sociais.
Com o início da greve dos professores, a Secretaria de Mobilidade Urbana da Prefeitura de Juiz de Fora verificou diminuição no fluxo de veículos na região da Cidade Alta. Entretanto, conforme a pasta, não é possível estimar a porcentagem de redução por conta da necessidade de estudos específicos para tal comprovação.