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Polícia Militar mantém ocupação em área do Dom Bosco

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Um dia depois de a Polícia Militar realizar operação com apoio do helicóptero Pégasus e anunciar a ocupação por tempo indeterminado da parte alta do Dom Bosco, denominada Chapadão, mais um assalto foi registrado na área. Por volta das 9h30 de sábado (12), uma mulher de 29 anos teve uma arma de fogo encostada contra sua barriga e foi obrigada a entregar seu celular ao ser rendida por um criminoso. A ação violenta em plena luz do dia aconteceu enquanto a vítima aguardava por transporte, em um ponto de ônibus na Rua Vicente Beghelli, a principal via do bairro. Na mesma manhã, perto dali, a entrada no Campus da UFJF de um bando de jovens que anunciava ter ido roubar assustou pessoas que caminhavam pelo local. A movimentação suspeita mobilizou vários vigilantes e também a PM próximo ao escadão que liga a universidade ao Dom Bosco, na altura do posto avançado do Corpo de Bombeiros.

O assessor do 27º Batalhão da PM, tenente Aloísio Vargas, garante que as equipes e viaturas da unidade, assim como da 4ª Companhia Independente de Policiamento Especializado, continuam atuando na área. Sobre o assalto ocorrido mesmo com a presença constante de policiais, ele pontua que trata-se de um “problema social”. “Quem não tem nada a perder, não vai deixar de roubar. Vai ficar na espreita e aproveitar uma brecha, quando as viaturas estiverem no interior do bairro, por exemplo. Não somos onipresentes, mas estamos monitorando. Realizamos abordagens e verificamos a presença de arma de fogo ou droga. Se não encontramos, os suspeitos são liberados.”

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O policial orienta quem for vítima de crime a acionar a PM pelo 190 o mais rapidamente possível. No caso de sábado, a mulher seguiu até a 99ª Companhia da PM, no São Pedro, para registrar a ocorrência. O assaltante teria fugido por uma trilha de ligação à Rua João Beghelli, mas nenhum suspeito foi encontrado durante rastreamento. “Se a prevenção falha, por motivos alheios à nossa vontade, partimos para a parte da repressão”, destaca o tenente Vargas, acrescentando que, a partir daí, cabe à Polícia Civil investigar e identificar o suspeito, para que ele seja encarcerado e não volte a roubar.

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Região do entorno do Chapadão e acessos, como o Campus da UFJF, também têm tido maior vigilância da Polícia Militar nos últimos dias (Foto: Fernando Priamo)

Estratégias

O assessor do 27º Batalhão lembra que a PM vem mudando suas estratégias de policiamento visando, principalmente, a descentralizar sua atuação, a exemplo das bases comunitárias móveis. “Com isso a nossa presença é verificada em mais locais, em diferentes momentos. Como a marginalidade também acompanha o planejamento, estamos sempre modificando.”

As ações recentes da PM no Dom Bosco e também nos acessos ao bairro, inclusive com equipes de blitz e do canil, são uma resposta aos vídeos que viralizaram nas redes sociais com jovens ostentando armas e fazendo disparos para o alto durante suposto baile na área do Chapadão. Dois suspeitos que estavam com prisões decretadas pela Justiça não foram localizados, porque já teriam deixado o bairro.

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Um terceiro envolvido, 19, que aparece em uma das gravações apontando uma arma contra sua própria testa, chegou a ser detido por uso de drogas, mas foi liberado após assinar termo, se comprometendo a comparecer no Juizado Especial Criminal. Conforme o tenente, contra ele não havia mandado de prisão, apenas de busca e apreensão. Sobre o revólver que ele portava nas filmagens, o jovem alegou não se recordar quem havia emprestado a arma.

“No fim de semana nosso trabalho transcorreu tranquilo, dentro do planejado. Não houve prisões, só mesmo patrulhamento e abordagens”, informa o militar. “Continuamos atuando por tempo indeterminado até análise do comando verificar que a situação está mais favorável.” Um dos objetivos da manobra policial, batizada de Excalibur, é exatamente inibir os bailes no Chapadão, os quais teriam a presença de armas e drogas. Conflitos armados iniciados em eventos do tipo já resultaram em mortos e feridos. Um duplo homicídio ocorreu em 2017, enquanto, no ano passado, um adolescente e uma mulher foram baleados.

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Insegurança no Campus da UFJF

Sobre a questão da insegurança no Campus da UFJF relacionada a infratores do Dom Bosco que usam uma trilha de ligação como acesso e rota de fuga, o assessor do 27º Batalhão da PM, tenente Aloísio Vargas, ressalta que, apesar de ser considerada área federal, a PM passa constantemente pelo trecho, por ser via de ligação entre o bairro e outra parte da Cidade Alta. “Se ocorre delito, nós atuamos, mas não mantemos policiamento preventivo porque tem a vigilância da própria universidade.”

Só no ano passado, mais de 30 crimes foram registrados pela PM no campus e nas imediações, mas informações não oficiais apontam uma possível subnotificação de furtos e roubos, os quais têm o celular como principal alvo. A assessoria da UFJF não divulga estatísticas por questões de segurança, mas afirma estar constantemente trabalhando para inibir ações violentas e garantir a segurança dos frequentadores. Apesar da intensa movimentação de vigilantes vista na manhã do último sábado, a instituição assegura não ter aumentado o número de funcionários após a ocupação do Dom Bosco pela PM. Também não houve registro de ocorrência nesse período.

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Para combater as ações violentas no campus, tenente Vargas vê com bons olhos a reforma do escadão anunciada pela corporação na semana passada, por meio de parceria. “Vão melhorar a estrutura e a iluminação. O local conservado e iluminado vai coibir essas ações, porque eles terão medo de serem identificados. E também vai melhorar para o cidadão de bem (que usa o local como acesso, inclusive para o transporte público).”

A PM e a UFJF também realizam trabalhos de aproximação com a comunidade do entorno, incluindo o Dom Bosco. A universidade desenvolve 24 projetos de extensão ligados ao Programa Boa Vizinhança, contando com instituições parceiras e iniciativas nas áreas de educação, cultura, saúde, direitos humanos e justiça. Outras ações pontuais são voltadas para as demandas dos moradores. A PM ainda conseguiu parceria com lojas de materiais de construção para que os próprios moradores do Dom Bosco terminem suas moradias e vivam num local mais digno.

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