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Juiz-forana vence competição nacional com app para vítimas de paralisia

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O projeto da juiz-forana Mirella Diniz Wunderlich, 17 anos, realizado junto a outros quatro estudantes do Brasil, foi campeão na Olimpíada do Futuro – Sapientia, competição de projetos de impacto social que conta com a participação de estudantes do Brasil e do exterior. O grupo apresentou a proposta do aplicativo Sorria!, destinado ao tratamento de pessoas com paralisia facial. A ideia partiu de Mirella, estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio Jesuítas.

Estudante recebeu premiação das mãos do ministro Marcos Pontes durante cerimônia da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília (Foto: Neila Rocha/ASCOM-SEAP-CMCTI)

Ela conta que por ter obtido um bom desempenho na Olimpíada Brasileira de Economia, no início deste ano, foi convidada a participar da fase de grupos da Sapientia, quando conheceu os outros quatro colegas. “A proposta da competição é bem aberta, mas no nosso caso, fomos de cara em uma proposta, e trabalhamos em cima do terceiro objetivo de desenvolvimento sustentável proposto pela ONU, que é garantir saúde e bem-estar”, conta.

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A ideia de criar o aplicativo nasceu a partir de uma história pessoal: a mãe e o pai da jovem tiveram episódios de paralisia facial após passarem por cirurgias para a retirada de glândulas salivares, em 2012 e 2017, respectivamente. Na olimpíada, a estudante teve a oportunidade de colocar em prática a vontade de criar um projeto de impacto social direcionado a ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema.

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“Foi assim que surgiu a nossa ideia, aliada ao uso da tecnologia, que é uma área que os participantes do grupo gostam também. Tentar encaixar isso (o tratamento) em um aplicativo, a baixo custo e de forma acessível e rápida nos motivou muito”, conta. Além de Mirella Wunderlich, os outros quatro integrantes da equipe vencedora são de Belo Horizonte, Fortaleza, São Paulo e São José dos Campos (SP).
O grupo passou por várias etapas de elaboração do projeto, adaptações e apresentações aos jurados. Na última sexta-feira (3), a estudante e seus colegas estiveram entre os finalistas da competição, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e o primeiro lugar veio. “Foi uma surpresa, no sentido de que a competição estava muito boa, havia pessoas com trabalhos maravilhosos e muito bem desenvolvidos. Mas não dá para dizer que foi totalmente inesperado, porque a gente se esforçou muito. Foi fruto de um trabalho muito duro, e uma sensação incrível vencer. Estou no fim do ensino médio, então estou fechando com chave de ouro”, comemora.

Medalha de Ouro

Encerrar o ciclo com chave de ouro não foi só no sentido figurado. Nesta segunda-feira (5), a estudante esteve em Brasília e recebeu uma medalha de ouro e um certificado das mãos do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, na 18º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), pelo seu desempenho e participação na Olimpíada do Futuro.

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Competição reúne projetos de impacto social que conta com a participação de estudantes do Brasil e do exterior (Foto: Jacsson Biano)

A possibilidade de participar desta competição surgiu para Mirella e para os outros integrantes de seu grupo após obterem resultados positivos na edição 2021 da Olimpíada Brasileira de Economia. Nesta competição, a jovem foi medalhista de prata e a representante do sexo feminino com o melhor desempenho, o que lhe rendeu um outro título, o de “Menina Olímpica”. Na ocasião, o desempenho de Mirella foi destacado pelo diretor do Departamento de Promoção e Difusão da Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Daniel Lavouras, no evento de entrega das medalhas realizada em Brasília.

Proposta pode sair do papel

Segundo a estudante, a ideia é de o que aplicativo seja, de fato, disponibilizado a usuários. “A nossa meta sempre foi fazer um projeto que fosse viável e executável”, afirma. “Estamos trabalhando para conseguir captar investimentos e fazer com que o projeto saia do papel. É o nosso foco agora”.

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Pela proposta do aplicativo Sorria!, o paciente poderá fazer exercícios direcionados a cada estágio e tipo de paralisia, por meio do acompanhamento de vídeos instrutivos com profissionais especializados, como fisioterapeutas faciais. O algoritmo de inteligência artificial será responsável por corrigir os movimentos feitos pelos usuários, por meio da tecnologia de reconhecimento facial. Cada paciente terá um cronograma personalizado. O aplicativo terá também um sistema de recompensa para estimular a continuidade e a frequência diária de exercícios.

Segundo a estudante Mirella, um dos pilares do projeto é o acesso democrático ao aplicativo. “A gente tem como meta o acesso a baixo custo, dessa forma, todo o acesso primário ao aplicativo será gratuito. Como forma de monetização, contamos, principalmente, com propagandas e compras dentro do aplicativo. Então o usuário poderá ter, por exemplo, um upgrade, de acordo com sua vontade. Mas o uso primário é completamente gratuito”, conta a estudante, que também prevê parcerias com hospitais, seguros e planos de saúde, com o objetivo de levar o serviço a mais pacientes e gerar viabilidade financeira para a empreitada.

A parte da “modelagem financeira” foi uma das partes da proposta a receberem elogios na fase final. Segundo Mirella, os jurados “falaram que nossa apresentação do projeto era quase um plano de negócios, que estava muito bem estruturada. Eles elogiaram muito a nossa conexão pessoal com o problema e a atenção que a gente deu para uma questão que normalmente não é abordada, passa muito despercebida”, conta.

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