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Delegacia Especializada de Homicídios retornará na próxima segunda-feira

Delegacia de Homicídios voltará a existir em JF
POLÍCIA CIVIL voltará a ter um núcleo voltado exclusivamente à investigação de crimes violentos contra a vida (Foto: Olavo Prazeres/Arquivo TM)
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A Polícia Civil anunciou nesta quarta-feira (12) o retorno da Delegacia Especializada de Homicídios à estrutura da 1ª Delegacia Regional de Juiz de Fora, a partir da próxima segunda (17). A reativação do núcleo voltado exclusivamente à investigação de crimes violentos contra a vida acontece menos de nove meses depois de sua extinção, no fim de outubro do ano passado. A decisão de retomada foi divulgada no mesmo dia em que a Tribuna publicou matéria mostrando que a cidade atingiu o maior índice de assassinatos em seis anos.

A medida de acabar com três delegacias especializadas locais, incluindo a de Homicídios, havia sido uma resposta da instituição à prisão do delegado Rafael Gomes de Oliveira e de mais oito policiais civis vinculados à Delegacia Especializada de Combate ao Narcotráfico na operação Transformers, deflagrada pelo Ministério Público naquele mesmo mês. Ao todo, mais de 30 pessoas foram alvo da investigação, por suspeita de integrarem organização criminosa que teria ligação com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e adulteração veicular, entre outros crimes.

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Os detalhes da nova Delegacia de Homicídios serão divulgados na manhã desta sexta, na sede da Regional, em Santa Terezinha, durante entrevista coletiva com o chefe do 4º Departamento, delegado-geral Eurico da Cunha Neto. Também estarão presentes o delegado regional, Bruno Wink, e o delegado Samuel Neri, atualmente à frente do Grupo de Resposta Rápida (GRR), cotado para assumir a especializada.

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Número de homicídios chegou a um a cada dois dias

Desde o ano passado, a Tribuna vem questionando a Polícia Civil sobre o término das três importantes delegacias especializadas – de Homicídios, Roubos e de Combate ao Narcotráfico. Reportagem publicada em 18 de dezembro mostrou uma eclosão de crimes violentos contra a vida na cidade coincidindo com o fim da Delegacia de Homicídios. Logo no mês seguinte ao término, em novembro de 2022, Juiz de Fora teve média de um assassinato a cada dois dias.

Os 17 casos registrados naqueles 30 dias foram pulverizados em várias regiões da cidade, embora mais concentrados na Zona Norte, onde houve seis casos, um deles vitimando um adolescente. Alguns foram motivados por antigas rixas de bairros, e outros, ligados a facções criminosas que disputam o domínio do tráfico em determinadas áreas. A maioria foi praticado com pistolas 9mm, de uso restrito e com grande capacidade letal. O levantamento da Tribuna revelou, ainda, que as mortes violentas no penúltimo mês de 2022 ficaram 325% acima das quatro ocorrências contabilizadas em novembro de 2021.

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Na época, no fim de sua gestão, o então delegado regional, Armando Avólio, justificou que a medida de acabar com as especializadas foi tomada diante da carência de servidores, agravada pela prisão e transferência de policiais. A ideia seria que as delegacias de área, responsáveis separadamente pelas sete regiões do município, pudessem responder por todos os crimes que acontecem diariamente, “com maior efetivo e estrutura”. Paralelamente, foi criado o GRR para “delitos considerados graves”.

A proposta, entretanto, parece não ter surtido o efeito esperado, já que as mortes violentas continuaram em escalada no município, como divulgado na matéria desta quarta. Só nos cinco primeiros meses deste ano, 38 pessoas foram assassinadas em Juiz de Fora e pelo menos outras 35 sofreram atentados. Os dados do Observatório de Segurança Pública, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG), indicam que este é o período (de janeiro a maio) mais violento desde 2017, quando houve 51 homicídios e 77 tentativas de assassinato.

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Operação Transformers

O delegado Rafael Gomes, detido na operação Transformers quando era titular da Delegacia Especializada de Combate ao Narcotráfico, esteve preso até o dia 28 de junho, quando deixou a Casa de Custódia em Belo Horizonte. O alvará de soltura foi expedido pelo Poder Judiciário, após habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na semana passada, o policial compareceu ao Fórum Benjamin Colucci para audiência de instrução e julgamento. No entanto, no segundo dia do procedimento, o juiz cooperador da 1ª Vara Criminal de Juiz de Fora, Daniel Réche da Motta, suspendeu a sessão para conceder prazo às defesas para acesso às provas entregues pelo Ministério Público. A audiência, realizada para obtenção de provas orais e depoimentos de testemunhas, estava marcada para acontecer em seis dias: 4, 5, 6, 12, 13 e 14 de julho. A nova data ainda não foi divulgada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Outros oito policiais civis e dois advogados presos na mesma operação por suspeita de integrarem a organização criminosa respondem ao mesmo processo do delegado. O procedimento inicial, cautelar e sigiloso, foi desmembrado em quatro, com denúncias separadas. O esquema envolveria pagamento de propina, em troca da “blindagem” dos membros da organização criminosa, que cometeriam crimes como roubo, furto, receptação e desmanche de veículos.

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