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A fé que move Juiz de Fora: devotos contam como Nossa Senhora Aparecida inspira esperança

Dia de Nossa Senhora Aparecida Leonardo Costa
Dia de Nossa Senhora Aparecida Marcelo Ribeiro
Milhares de devotos se unem para a celebração à Nossa Senhora Aparecida. Em Juiz de Fora, igrejas apresentam programação especial e devotos contam suas histórias movidas por fé e esperança. (Foto: Marcelo Ribeiro)
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“Representa a minha mãe.” É assim que Roberto Ferreira, aos 95 anos, define Nossa Senhora Aparecida. Padroeira do Brasil e símbolo de devoção para milhões, a santa ocupa um espaço especial na vida do mineiro, que há 77 anos faz o mesmo percurso: uma romaria até a cidade de Aparecida, todo 12 de outubro, data em que o país inteiro celebra sua padroeira.

Há mais de 70 anos, Roberto Ferreira realiza a romaria no dia 12 de outubro. (Foto: Arquivo Pessoal)

A história de fé de Roberto começou ainda na juventude, aos 18 anos, quando, por conselho do Monsenhor Falabella, ele se aproximou da santa. “Isso me instruiu na minha vida. Ele abriu a minha cabeça, me ensinou a viver. Por isso sou muito devoto de Nossa Senhora Aparecida”, recorda, com a serenidade de quem carrega décadas de devoção.

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Mas foi em um momento de dor que a fé de Roberto se transformou em encontro. “Eu tive lá em Aparecida um problema muito sério, sabe? Chorava, gritava, queimava”, lembra. “Apareceu uma senhora me perguntando: ‘Por que está chorando, meu filho? Nada impede a sua vida. Os seus caminhos serão sempre abertos. Só você amar Jesus.’ Quando ela tirou a mão do meu ombro, eu me assustei. Desde então, trabalho para ela.”

Todos os anos, ele refaz o trajeto – não como obrigação, mas como gratidão. E, entre os gestos simbólicos da romaria, um se destaca: as rosas. “Para fazer uma surpresa para o pessoal, eu comprei umas rosas para entregar aos romeiros. É um presente que eles vão entregar à nossa mãe.”

Com voz emocionada, Roberto explica o motivo de sua fé. “Peço ao Pai que deixe a sua mãe me proteger e aumentar a minha fé, para que eu seja sempre humilde e filho de Nossa Senhora.”

De mãe para filha

Romeira e devota de Nossa Senhora Aparecida, Bernadete Ribeiro da Silva aprendeu desde cedo o poder da devoção ao lado da mãe, Agda Maria. “Minha mãe sempre pediu para a gente ser devoto de Nossa Senhora, acreditar com muita fé e pedir, pois tudo que pedirmos com fé, iremos conseguir”, recorda.

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E foi com essa crença que Bernadete viveu um dos momentos mais marcantes de sua vida: a aprovação do filho na prova para tirar a carteira de motorista. “Tudo que eu peço, eu consigo”, garante. Ela relembra que, após algumas tentativas frustradas e o medo de o filho não conseguir, decidiu pedir a intercessão de Nossa Senhora Aparecida. “Ele chegou em casa muito feliz. Ele dizia que, enquanto fazia a prova da autoescola, parecia que uma luz o guiava e que não era só a mão dele naquele volante…parecia que alguém o ajudava ali”, conta, emocionada, lembrando o episódio com orgulho de mãe.

A devoção à santa acompanha Bernadete há décadas. Ela faz questão de visitar Aparecida, no interior de São Paulo, duas vezes ao ano. “Quando eu vou lá, me sinto aliviada de tudo o que já passamos. Eu peço muito a ela e me sinto em paz por fazer parte da Igreja de Nossa Senhora.”

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A lembrança mais viva, porém, vem de 1980, quando esteve pela primeira vez no santuário e viu de perto a imagem da padroeira, durante a visita do então Papa João Paulo II. “Trabalhei muito para conseguir ir. Quando cheguei lá e olhei para a santa, foi uma emoção que não dá pra esquecer. A partir daquele dia, a minha fé só cresceu. Foi muito bonito.”

O sabor da devoção

Ao lado de familiares e amigos, Marcos celebra sua fé e devoção a Nossa Senhora Aparecida, contribuindo nas celebrações do dia dedicado à padroeira. (Foto: Arquivo Pessoal)

No Bairro Nossa Senhora Aparecida, o cheiro do churrasquinho é sentido de longe. Quem ajuda no comando das grelhas durante a Festa da Padroeira é Marcos Aurélio Walério, morador do bairro e devoto que transformou o convívio com os amigos em gesto de amor à comunidade.

A ideia, conta ele, nasceu da união do time de futebol Univebc, formado por moradores e com mais de 60 anos de história. O grupo sempre manteve o espírito solidário: o que sobrava das confraternizações era revertido em ações sociais, como a compra de cestas básicas e a doação de brinquedos para crianças no Natal.

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Há uma década, o time decidiu dar um passo além e dedicar sua energia à paróquia do bairro. A partir daí, eles começaram a arrecadar recursos para ajudar na realização da Festa da Padroeira. “Um privilégio e uma bênção”, define Marcos. “Estamos unindo o esporte, a nossa fé e o serviço a Deus, à Igreja e à comunidade. É indescritível. Quando terminamos o dia, nos sentimos recompensados.”

Dona Terezinha, mãe de Marcos, participa da festa da Paróquia Nossa Senhora Aparecida ao lado dos filhos e do marido, contribuindo com dedicação e fé. (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, além de contribuírem com doações, os integrantes do time trabalham lado a lado nas barracas. A carne usada no churrasquinho é comprada em açougues da própria comunidade, fortalecendo também o comércio local. “Tudo é feito com o envolvimento de quem mora aqui. É bonito ver a união dos vizinhos e dos nossos familiares”, conta Marcos. Ele explica que muitos parentes passaram a integrar o time de colaboradores da festa, entre eles seus pais, dona Terezinha, de 85 anos, e Majella, de 84.

Mais do que um evento, a celebração representa um encontro de fé. Marcos se emociona ao ver as ruas cheias de fiéis, as velas acesas, os agradecimentos silenciosos e os pedidos que se repetem ano após ano. “A fé em Nossa Senhora e na Igreja Católica não está acabando. No dia da festa, encontramos centenas de pessoas emocionadas, pedindo, agradecendo, celebrando a vida daquela que é a nossa mãe.”

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Apesar da queda no número de católicos em Juiz de Fora – que, segundo o Censo 2022, somam 58,8% da população, 5,7 pontos percentuais a menos que em 2010 – , Marcos acredita que a fé continua viva nos gestos simples. “Quem tem fé na Mãe não fica sozinho. A gente sabe que a vida é feita de dificuldades, mas quem confia nela nunca está só.”

A luz que veio das águas

Movidos pela fé, devotos tomam as ruas e lotam igrejas em todo o Brasil para celebrar o dia do aparecimento de Nossa Senhora Aparecida. (Foto: Leonardo Costa)

A devoção a Nossa Senhora Aparecida começou em 1717, quando três pescadores encontraram, no Rio Paraíba do Sul, em Guaratinguetá (SP), uma pequena imagem escurecida pelas águas. Logo após o achado, as redes se encheram de peixes, e o episódio passou a ser visto como um milagre. A fé se espalhou, e, séculos depois, a santa foi proclamada Rainha e Padroeira do Brasil.

Em Juiz de Fora, essa devoção segue viva. Para o arcebispo Dom Gil Antônio Moreira, o dia 12 de outubro é mais do que uma data religiosa – é um símbolo de fé, união e identidade nacional. “É uma data muito importante para todos nós.”

Dom Gil reflete sobre a simbologia que envolve a imagem da santa e a forma como ela representa a simplicidade e a esperança do povo brasileiro. “Aprendemos, com Maria, uma união profunda com Deus. Ela manteve o coração totalmente aberto ao Senhor. Deus a escolheu para ser a Mãe de Jesus, a Mãe do Salvador. E ela respondeu com humildade e disposição: ‘Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra’”, explica o arcebispo.

Para ele, há um significado ainda mais profundo na forma como a imagem foi encontrada escurecida pelas águas do rio e acolhida pelo povo simples. “Nossa Senhora Aparecida, com seu semblante negro, é símbolo de inclusão, amor e igualdade. É a mãe de todos os brasileiros independente da raça, da cor ou da origem. Ela nos ensina a humildade, a convivência fraterna e o compromisso com um mundo mais justo, de amor e de esperança.”

Confira a programação das missas

Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Bairro Nossa Senhora Aparecida

Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Bairro Linhares

Quase-Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Granjas Bethânia

Capela Nossa Senhora Aparecida – Bairro Jardim Natal 

Capela Nossa Senhora Aparecida – Bairro Cerâmica 

Capela Nossa Senhora Aparecida – Bairro Santa Luzia 

Capela Nossa Senhora Aparecida – Bairro Retiro 

Capela Nossa Senhora Aparecida – Paula Lima 

Capela Nossa Senhora Aparecida – Cidade Nova 

Capela Nossa Senhora Aparecida – Parque Independência

Igreja Nossa Senhora Aparecida – Dias Tavares

Igreja Nossa Senhora Aparecida – Ribeirão das Pedras

Catedral Metropolitana – Centro

Paróquia Bom Pastor – Bom Pastor

Paróquia Cristo Rei– Jardim do Sol

Paróquia Divino Espírito Santo – Progresso

Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora – Mundo Novo

Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Benfica

Paróquia Nossa Senhora da Glória – Morro da Glória

Comunidade Nossa Senhora Aparecida  – Campo da Rezato

Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Barbosa Lage

Paróquia Universitária Nossa Senhora de Fátima – Nossa Senhora de Fátima

Paróquia Nossa Senhora do Rosário – Granbery

Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus – Bairro de Lourdes

Paróquia Santuário Sagrado Coração de Jesus – Bairu

Capela Nossa Senhora Aparecida – Vila Ideal

Paróquia Santa Cruz – Bandeirantes

Paróquia Santa Rita de Cássia – Bonfim

Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus – Santa Terezinha

Paróquia Santíssima Trindade – Poço Rico (As celebrações serão no Espaço do Impossível – Na Rua Cel. Delfino Nonato de Faria, 20)

Paróquia Santíssimo Redentor – Borboleta

Paróquia Santo Antônio do Paraibuna – Santo Antônio

Paróquia São Benedito – São Benedito

Paróquia São Francisco de Paula – Torreões

Paróquia São Geraldo – Teixeiras

Paróquia São João Paulo II – Nova Era

Paróquia São Jorge – Melquita

Paróquia São José – Costa Carvalho

Paróquia São Mateus – São Mateus

Paróquia São Pedro – São Pedro

Santuário Eucarístico São João Evangelista – Centro

Igreja São Sebastião – Centro

*estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

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