Os crimes violentos – como homicídios, roubos, sequestros e estupros – caíram 17,38 % em Juiz de Fora no ano passado, em comparação com 2022, saindo de 892 ocorrências para 737. A estatística foi divulgada pela Polícia Militar nessa quinta-feira (11), durante coletiva de imprensa na sede da 4ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), na Zona Norte. O porta-voz da PM, major Alexandre Antunes, voltou a enfatizar o fato de os homicídios terem aumentado 62,5% até maio, subindo de 24 para 39 casos, muitos deles motivados pela disputa ligada ao tráfico de drogas entre as duas principais facções criminosas do país, provenientes do Rio de Janeiro e de São Paulo. A partir dali, a interação com os demais órgãos de segurança pública, Ministério Público e Poder Judiciário – aliada ao aprimoramento do serviço de inteligência – resultou em estratégias para enfraquecer sobretudo a facção paulista, que vinha ganhando territorialidade desde meados de 2022, por meio de execuções. Consequentemente, os assassinatos caíram no segundo semestre de 2023, com redução total de 8,45% no ano e 65 óbitos, contra os 71 registrados nos 12 meses anteriores.
“Estamos fazendo um balanço de 2023, e os números são bastante favoráveis. Tivemos um início de ano muito preocupante, principalmente em relação aos homicídios consumados. O comandante, junto com os demais órgãos, fez uma análise muito profunda desses crimes: quem estava envolvido e quais eram os motivos. Chegamos, sem dúvida alguma, ao tráfico de drogas e ao crime organizado. Começamos a fazer um investimento muito grande em combate e conseguimos reduzir”, comemora o major Alexandre. Ele atribui parte do êxito à operação Ocupação, que continua em 2024 nas localidades consideradas mais problemáticas, como os bairros Santo Antônio e Vila Ideal, na Zona Sudeste; Bela Aurora e Sagrado Coração de Jesus, na região Sul; Jóquei Clube e vilas Esperança I e II, na Zona Norte.
“Não se combate crime organizado sem inteligência policial. Nosso comandante despertou para isso, investiu em tecnologia e trouxe mais policiais militares para trabalhar nessa área”, pontua o porta-voz. Nesse contexto, o oficial cita o cercamento eletrônico. “É umas das principais metas para 2024. Já temos em alguns municípios da região, e o comandante está conversando com praticamente todos os poderes executivos municipais da região para convencê-los da importância dessa ferramenta tecnológica para a segurança pública.” Matéria publicada pela Tribuna em 31 de dezembro já havia adiantado que mais de 200 câmeras com tecnologia de inteligência artificial (IA) seriam instaladas em pontos estratégicos, por meio de licitação da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
A estrutura inteligente, capaz de identificar veículos pelas placas – e que pode até fazer reconhecimento facial de suspeitos no futuro -, já está sendo testada em Viçosa, Muriaé e Ubá pelo comando da 4ª Região da PM, responsável pelo policiamento de mais 85 municípios da região. Também nessa quinta-feira, a prefeita Margarida Salomão (PT) convocou a imprensa para detalhar o projeto. Segundo ela, a partir de abril, 225 novas câmeras vão fazer o monitoramento em pontos estratégicos das zonas urbana e rural. O número é mais que o triplo das lentes instaladas hoje na cidade pelo projeto Olho Vivo e pelos equipamentos de trânsito. As imagens serão observadas e analisadas na Central de Monitoramento, na própria sede da PJF, por meio de um painel com oito telas de 55 polegadas.
Prisão de líderes e executores
Ainda sobre o combate às facções criminosas, o major Alexandre Antunes citou as prisões de lideranças e de matadores. “Prendemos executores de homicídios e líderes dessas organizações. Isso foi fundamental para o enfraquecimento dessas facções e para o Estado fazer o papel de ocupar esses locais.” O porta-voz garante que a PM continua fazendo análise constante da incidência criminal. “Trabalhamos as operações de acordo com essas informações.”
O desarmamento também continua na mira da polícia, que retirou 843 armas das ruas na região no ano passado, sendo 290 apenas em Juiz de Fora. Neste ano também permanece em foco reforçar a sensação de segurança, por meio do aumento da visibilidade, com a presença da PM nas ruas.
Novas bases móveis e reforço no efetivo contra crimes violentos
Para 2024, a PM vai contar com mais três bases de segurança móveis no policiamento do Centro, principalmente das praças. Cada uma delas é equipada com duas motos e quatro policiais, que vieram de outras cidades. O incremento já deve contribuir para a segurança no carnaval. Além disso, mais 32 soldados foram formados no ano passado, e há previsão de mais 150 para 2024, e de 269 para 2025.
Em relação às estatísticas divulgadas, os roubos tiveram queda de 24,89% no ano passado e totalizaram 501 casos, diante dos 667 dos 12 meses antecedentes. Embora não sejam considerados crimes violentos, os furtos também preocupam a população e caíram 14,39%, saindo de 7.534 ocorrências em 2022 para 6.450 em 2023.
“Em contrapartida, tivemos aumento no número de prisões (de 6.649 para 8.836, ou 32,89% a mais) e de apreensão de armas de fogo (de 261 para 290, ou 11,11% a mais). Lembrando que os homicídios e os roubos, em quase sua totalidade, utilizam armas de fogo, então temos que retirá-las das mãos dos criminosos”, destaca o major Alexandre Antunes. As prisões por tráfico foram ainda mais significativas, pois cresceram 65,51%, chegando a 1.483 no ano passado, contra 896 no período anterior. “Quero enaltecer a dedicação e o comprometimento da nossa tropa”, finaliza o porta-voz da PM.