
Pais de Gabriel lideram campanha na internet (Guilherme Arêas)
Mais uma família de Juiz de Fora busca no tratamento com células-tronco no Sudeste Asiático um alento para a distrofia muscular de Duchenne, uma doença incurável que atinge apenas meninos e reduz a expectativa de vida do paciente. Uma campanha na internet pede ajuda para custear a viagem do jovem Gabriel Brum Sabadin, de 17 anos, à Tailândia, onde um hospital oferece um tratamento experimental através de injeções de células-tronco. O procedimento médico ainda não é permitido no Brasil e não cura a doença, mas alguns pacientes que se submeteram às aplicações relatam melhora na qualidade de vida. A distrofia muscular de Duchenne atinge os músculos, inclusive os respiratórios e cardíacos, que vão degenerando até a perda completa dos movimentos. Por isso, a expectativa de vida dos acometidos pela doença é bastante reduzida.
O nome dado à página da campanha no Facebook (Gabriel #anjoguerreiro) não foi à toa. A distrofia, diagnosticada aos 4 anos de idade, não foi o único problema de saúde enfrentado por Gabriel. Aos 5, a família recebeu o diagnóstico de um câncer raro, o rabdomiossarcoma alveolar, que só foi totalmente curado três anos depois, quando o menino completou 8 anos. De lá para cá, Gabriel vive uma rotina de tratamentos que buscam retardar os efeitos da distrofia de Duchenne, por meio de fisioterapia e corticóides.
A doença já atingiu os membros inferiores e compromete algumas funções dos braços. Desde o final do ano passado, o estudante do ensino médio precisa dormir com um respirador mecânico. “O Gabriel já apresenta falta de ar e apneia. O coração ainda está preservado, mas buscamos tratamento antes de a doença atingir os músculos cardíacos”, diz o pai, o pastor e assistente social Max Sabadin, 42. “O Gabriel é neurologicamente um garoto ativo, feliz, resolvido nas questões dele. Mas temos que correr contra o tempo. Temos relatos de crianças que melhoraram consideravelmente após o tratamento na Tailândia”, reforça o pai.
A empresa chinesa que realiza o tratamento com células-tronco, a Beike Biotechnology, já enviou uma carta de aceite para a família, que agora espera arrecadar os cerca de R$ 140 mil que calcula gastar com as injeções, transporte e hospedagem na Tailândia. “São cerca de R$ 110 mil para o tratamento, R$ 12 mil de passagem, além de outros gastos que poderemos ter por lá”, diz Max.
Mais informações sobre a campanha estão disponíveis na página Gabriel #anjoguerreiro no Facebook e no site gabrielanjoguerreiro.blogspot.com.br.
Família aguarda resultados de aplicações
A campanha de Gabriel é a segunda em Juiz de Fora que busca custear o tratamento com células-tronco na Tailândia. Em dezembro do ano passado, o jovem Victor Araujo Lage de Siqueira, 15, morador da Zona Norte da cidade, viajou com os pais para realizar o procedimento na Ásia, após a família arrecadar cerca de R$ 125 mil através de uma campanha que durou nove meses. Apesar de não prever a cura da distrofia de Duchenne, a expectativa é que os primeiros efeitos das aplicações de célula-tronco sejam percebidos entre o terceiro e o sexto mês após a realização do tratamento, conforme informação dos médicos tailandeses. Os relatos dos pacientes que se submeteram às injeções há mais tempo é de que alguns movimentos, principalmente dos braços, são retomados, ao passo em que também é observada melhora nas funções respiratória e cardíaca, aumentando a qualidade de vida do paciente.
“Na Tailândia, o Victor tinha acompanhamento com fisioterapia todos os dias, além de acupuntura, hidroterapia e das aplicações de células-tronco. A dieta que foi recomendada lá, estamos mantendo. Mas aqui é muito mais devagar em relação à fisioterapia, por exemplo. Quando chegamos da Tailândia, ele ficou um mês e meio sem fazer, porque dependemos do serviço público. A acupuntura também não estamos conseguindo custear”, explica a mãe de Victor, Vanilda Siqueira.
Na região, a família do jovem Vinícius Moreira, 22, de Senhora dos Remédios, também realiza uma mobilização com o objetivo de realizar o tratamento na Tailândia. A campanha já arrecadou, em três meses, cerca de R$ 100 mil. “Só faltam as passagens aéreas e o dinheiro para as despesas extras. Até o final do mês já estaremos partindo”, explica o pai de Vinícius, Beto Moreira. Quem quiser ajudar, pode buscar mais informações na página facebook.com/viniciusmoreiracampanhabeneficente.